'Hoje tudo é preconceito, assédio, está chato', diz Gloria Maria

'Essa coisa do politicamente correto é um porre, não sou politicamente correta e não vou ser', afirmou apresentadora durante live com Joyce Pascowitch

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Por Redação
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Gloria Maria Foto: Reprodução de 'Globo Repórter' (2019) / Globo

A jornalista Gloria Maria criticou o que chamou de "politicamente correto" durante entrevista para Joyce Pascowitch no Instagram no último sábado, 26. As declarações vieram após a seguinte pergunta de Joyce: "Nesses últimos anos, a TV mudou muito. Se modernizou, seriados, séries... Junto com isso, explodiu essa questão do assédio moral e do assédio sexual. Provavelmente, devia existir, mas, hoje em dia, está tudo muito na vitrine, né?" Gloria Maria respondeu: "Se você quer saber, eu acho isso tudo, basicamente, um saco. Por exemplo, hoje, tudo é racismo, tudo é preconceito... Eu, até hoje, na TV, tenho meus câmeras antigos, os técnicos que estão comigo há 40 anos, todos me chamam de 'Neguinha'. Eu nunca me ofendi, nunca me senti discriminada. Me chamam de uma maneira amorosa, carinhosa. É claro que se falam 'Ô, nega', não sei o quê, é outra coisa." "Então, hoje, tudo é preconceito, tudo é assédio. Está chato. Estou há mais de 40 anos na televisão. Já fui paquerada muitas vezes, mas nunca me senti assediada moralmente. Acho que o assédio moral é uma coisa clara, não tem dubiedade. Não tem como você interpretar. O assédio é uma coisa que te fere, é grosseiro, te machuca, te incomoda, te desmoraliza", continuou.

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"Agora, a paquera, pelo amor de Deus... Eu estou cansada desse negócio. Os homens estão com medo. Eu quero ser paquerada ainda, gente, estou viva. Mas existe uma cultura hoje que 'não pode', e nós mulheres sabemos bem fazer a diferença de uma paquera para o assédio, um abuso sexual", prosseguiu. Por fim, Gloria Maria concluiu: "Acho que esse mundo está muito chato. Essa coisa do politicamente correto é um porre. Eu não sou politicamente correta e não vou ser, não adianta, não venho de um mundo politicamente correto." "Acho que politicamente correto é o caráter, a honestidade, a sua capacidade de olhar para o outro. Isso é politicamente correto. Agora, esse mundo que a gente está, que vem muito da amargura das pessoas, da frustração das pessoas, isso eu não gosto, não aceito. Nessa eu não entro, não, sob nenhuma hipótese", encerrou.

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Em outro momento da conversa, em uma reflexão sobre a pandemia, Gloria Maria relembrou diversas coberturas jornalísticas em zonas de conflito ou de pobreza que fez ao longo da carreira. "De violência, de dor, de sofrimento, acho que poucas pessoas no mundo entendem melhor e mais do que eu. Nessa pandemia eu entendi muito bem todas as dores. No meio dela, ainda perdi minha mãe, não foi pouca coisa", disse. Confira abaixo a live com entrevista de Gloria Maria para Joyce Pascowitch (o assunto é abordado a partir de 28 minutos).

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