Fotógrafo oficial da família real britânica conta detalhes da sua profissão

Tim Rooke comenta a preparação para o esperado casamento do príncipe Harry e Meghan Markle

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Por Felipe Laurence
Atualização:
O fotógrafo Tim Rooke cobre a família real britânica desde 1991 para a agência Rex/Shutterstocke contou detalhes da sua profissão Foto: Twitter/@royalfocus1

Dois eventos envolvendo a família real britânica vão mobilizar a imprensa mundial no primeiro semestre de 2018: o nascimento do terceiro filho do príncipe William e de Kate Middleton, que pode acontecer a qualquer momento na segunda quinzena de abril; e o casamento do príncipe Harry com a atriz norte-americana Meghan Markle em 19 de maio. Esses eventos atraem a atenção do mundo e o fotógrafo Tim Rooke, que acompanha a família real para a agência Rex/Shutterstock desde 1991, estará presente.

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Fanático por fotografia desde a infância, Rooke contou em entrevista para o E+ que ficou interessado em trabalhar na cobertura de assuntos reais quando estava em uma agência de notícias australiana e foi escalado para cobrir os eventos do bicentenário da Austrália. "Eu conheci alguns fotógrafos britânicos e gostei da ideia do que eles estavam fazendo", diz o fotógrafo. "Em 1991, comecei na Rex Features, agência que foi adquirida pela Shutterstock em 2015. Vi os outros fotógrafos trabalhando com a realeza e achei que poderia ser divertido, com muitas viagens envolvidas. Gradualmente comecei a fazer mais fotos da realeza para a Rex Features e me tornei o principal fotógrafo real da empresa em meados de 1991", explicou Rooke sobre como entrou nessa temática.

Segundo o fotógrafo, apesar dos inúmeros protocolos envolvidos com a família real, não há nenhum deles que seja algo muito fora do comum. Ele comenta que a maioria dos protocolos que ele precisa seguir enquanto está trabalhando são senso comum. "Não há protocolos reais que sejam surpreendentes. Em geral, espera-se que eu faça coisas básicas como me vestir razoavelmente bem e não gritar para eles. Na realidade, é basicamente ser educado e polido, como você esperaria de qualquer outro chefe de Estado ou líder", explica.

Apesar de sempre acompanhar a família real em eventos, Rooke explica que o contato que ele e os outros fotógrafos têm com seus membros mais próximos do trono é normalmente limitado a poucas palavras. "O príncipe Harry sabe quem eu sou, e ele me chama de Rookie por causa do meu nome no Twitter. Mas você nunca é amigo deles. Já a duquesa da Cornualha [Camila Parker Bowles, esposa do príncipe Charles] me chama de Tim e fala comigo, ela é ótima", explica. Ele completa dizendo que membros da família real mais afastados do palácio de Buckingham são mais acessíveis. "A condessa de Wessex [Sophie Rhys-Jones, esposa de Edward, filho mais novo da rainha Elizabeth II] sempre olha se estamos por perto. Ela era relações públicas antes de se casar com o príncipe Edward, então, obviamente, ela entende o valor de uma foto", elogia o fotógrafo.

Rooke conta um episódio engraçado, de quando o príncipe Harry 'roubou' uma foto sua que o fotógrafo havia tirado durante uma viagem ao Caribe. "Eu estava no Caribe no ano passado com o príncipe Harry, nós estávamos em um barco e ele viu uma foto que eu tirei e postou em seu Instagram privado. Ele colocou a foto sem dar crédito. Mas fiquei lisonjeado", brincou. Entre os príncipes, Rooke conta que Harry é o que mais sai do protocolo real durante os eventos. "Nós estávamos fazendo uma caminhada na Nova Zelândia em 2015 e um bebê estava gritando. Então Harry decidiu gritar de volta. Foi muito engraçado e fiquei muito feliz por ter capturado o momento", diz.

A foto do príncipe Harry brincando com um bebê que surpreendeu o fotógrafo Tim Rooke Foto: Tim Rooke/Shutterstock

Casamento real. Um casamento real sempre é um evento muito esperado pelos fotógrafos pela chance de tirar fotos que poderão estampar capas de jornais e sites pelo mundo inteiro. Rooke diz que as posições a qual são designados no local interferem muito nisso. "Até que nos digam, ninguém tem ideia de quantos fotógrafos poderão tirar fotos deles saindo da igreja. Há uma grande procissão de carruagens por cerca de seis quilômetros ao redor de Windsor. Então, se você não tiver acesso às chegadas e partidas dentro do castelo, poderá vê-los na carruagem. Em um trabalho normal, descobrimos uma semana ou duas antes de um evento. Neste evento, eles estão nos dando bastante informações, então eu imagino que vamos descobrir em breve", conta o fotógrafo.

Um dos momentos mais esperados em todos os casamentos reais é o beijo oficial que o casal costuma dar ao final da cerimônia, em uma varanda de frente para o público. No caso do casamento de Harry e Meghan Markle, Rooke explica que isso não vai ocorrer e todos os fotógrafos estão curiosos para saber o que será feito. "Desta vez não haverá este momento, então eu me pergunto se eles vão aproveitar a oportunidade para se beijar ao deixar a igreja. Nós todos sabemos que a senhorita Markle e o príncipe Harry são bastante carinhosos em público, então acho que podemos esperar capturar alguns momentos amorosos no dia", diz, explicando que isso é mais um fator que causa ansiedade nos fotógrafos para saber seu posicionamento na cerimônia.

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Tradição. Falando sobre o que mais mudou na cobertura da família real desde que começou no emprego, Rooke afirma que a tradição dela ainda é o maior diferencial em uma época em todos são famosos em potencial por conta da internet. "Quando comecei, a princesa Diana era a mulher mais famosa do mundo, além de Madre Teresa. Hoje, com os reality shows, parece que todo mundo é 'famoso'", afirma. "Com a realeza, é a mesma coisa todos os anos. Se eles fazem uma coisa em um ano, você sabe que a mesma coisa acontecerá novamente. Tudo é muito movido pela tradição", completa.

Rooke conta que em sua carreira de quase 30 anos cobrindo a família real, um dos momentos mais marcantes foi uma foto que tirou da princesa Diana com o seu então mordomo, Paul Burrell, acusado de roubar pertences da princesa após sua trágica morte em 1997. "Embora a foto não seja uma das minhas melhores, foi tirada no aeroporto de Sarajevo, na Bósnia, algumas semanas antes de ela morrer e fiquei aborrecido por seu mordomo estar na foto, porque seria melhor se ela estivesse sozinha. No entanto, quando Burrell foi a julgamento, esta imagem era uma das únicas retratando os dois juntos e tornou-se a imagem mais vendida em 2002", explica.

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais

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