Erick Jacquin relembra sequestro no Brasil: 'Pensei em ir embora'

Cozinheiro conta que ficou dois dias em um cativeiro na região do Jardim Ângela em 1998

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Por Redação
Atualização:
Erick Jacquin Foto: Denise Andrade / Estadão

Erick Jacquin, jurado do

MasterChef

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, revelou em entrevista ao canal de YouTube Pingue-Pongue com Bonfá, que pensou em se mudar do Brasil após sofrer um sequestro há cerca de 20 anos.

"Falei que nunca mais ia falar disso, mas faz parte da minha história: eu fui sequestrado. Antes de ser da TV, em 1998. Passei dois dias e pouco dentro de um cativeiro numa favela muito perigosa na época, que é perigosa ainda. Isso é uma lição de vida grande."

De forma um pouco confusa, Jacquin relembrou o processo de libertação de seu cativeiro: "A gente negociou um pouco, um foi preso, um menino era menor de idade, a polícia começou a procurar saber, viu que o carro era de francês, outro [sequestrado] que tava comigo tava numa multinacional, acionaram tudo, consulado francês, Itamaraty, anti sequestro, tudo. A polícia localizou a gente para o menino que foi preso, mais ou menos. Mas ele tava pronto pra entrar nessa favela que chama Jardim Ângela. De medo, os caras me liberaram, deixaram a gente ir embora."

"Levaram a gente num ponto de ônibus, uma senhora, a gente conversou com ela um pouco, muito esquisito. O ônibus levou a gente na delegacia, e lá na delegacia, voltou a nossa vida normal", concluiu.

Erick Jaquin à época em sua época de Café Antique, em abril de 1999, meses após ter sido sequestrado. Foto: Alexsander Ferraz / Estadão

Questionado se teve medo de morrer durante o crime, respondeu: "Na hora não. Nunca imaginei que vou morrer. Sabia que não ia morrer. Não sei porque, mas não pensei isso. Tinha mais medo de apanhar. Apanhar mesmo, fisicamente, pegarem uma barra de ferro, uma coisa dessas. [...] Eu pensei nos outros, a sua vida, que passa tudo em cinco minutos"

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Jacquin ainda contou que a derrota do Brasil na Copa do Mundo de 1998, diante da equipe da França, quase o complicou no cativeiro: "Um cara lá me chamou de alemão. Olho azul, cabelo claro, e o cara com uma 38 na mão: 'Alemão, alemão, alemão'. Não sei porque eu abri a boca, idiota, né. No dia seguinte eu falei: "Senhor, não sou alemão, sou francês'. Ele falou: 'Você é o que? Você é o filho da p*** que roubou a Copa do Mundo? Vou te dar um tiro!'. Aí falei: 'Não gosto de futebol, não sei do que você tá falando, vamos falar de outra coisa...'".

Perguntado se já pensou em sair do País e voltar a viver na França, respondeu: "Eu pensei em ir embora. Mas tenho muito amigo brasileiro, e falei: 'Erick, esse não é o Brasil'. Eles tão certos. Não é o Brasil, mas faz parte do Brasil. A gente vive com isso sem prestar atenção. É normal. Virou normal. A gente normalizou isso aí [violência]. Um cara fala: 'Fui assaltado'. 'Ah, foi assaltado?', tudo bem. Cinco minutos depois, você fala de futebol. É uma pena. Tem que mudar esse País."

"Metade da minha vida passei aqui. Tenho 54 anos, faz 24 que estou aqui. Minha vida profissional é muito maior aqui do que na França", acrescentou, ressaltando a paixão que tem pelo Brasil.

Confira o vídeo completo abaixo:

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