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Enredo do musical ‘Cinderella’ traça paralelo com cenário político brasileiro

‘Levantamos questões importantes de serem lembradas, como o governante governar pensando no seu povo, não no seu próprio benefício’, diz a atriz Giulia Nadruz

Por Anita Efraim
Atualização:
Gabrielle, personagem de Giulia, faz parte do núcleo cômico da peça Foto: Jf Diorio/ Estadão

É raro encontrar alguém que não conheça a história da Cinderella, famosa por, nos contos de fadas, ser a menina que deixou para trás o sapatinho de cristal. No entanto, há algo diferente na adaptação brasileira do musical da Broadway: a peça mistura o clássico com questões presentes no cenário da política nacional. 

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A história ganhou novos atributos, como questões de desigualdade social e a responsabilidade de governar pelo povo. “Tudo é atual, por mais que seja uma história antiga. Todos os conceitos que ela borda são questões que a gente vê até hoje”, diz a atriz Giulia Nadruz que faz o papel de Gabrielle, meia irmã malvada da principal. “E tem também essa questão política e social que é mais atual do que nunca.”

A história contada no musical tem algumas diferenças para a história original. “A gente tem uma pegada política dentro da moral da história. O Jean Michel, interpretado por Bruno Sigrist, é um personagem inédito, um revolucionário que tenta abrir os olhos do príncipe sobre as maldades que estão sendo feitas com o povo dele, e sobre as desigualdades sociais”, comenta a atriz. 

É com esse personagem que a peça mergulha no universo político, apontando a importância de um governante ter como foco o trabalho em prol dos interesses daqueles que ele representa. “Estamos em um momento muito delicado no país. Independente de qualquer bandeira, levantamos questões importantes de serem lembradas, como o governante governar pensando no seu povo, não no seu próprio benefício. E pensar na qualidade de vida das pessoas, procurar uma igualdade social maior”. 

Até mesmo a questão do feminismo é abordada na peça. “A Cinderella e a Gabrielle são personagens femininas que têm um poder catalizador muito grande, elas vão lá e mudam tudo. A Cinderella é a personagem que vai até o príncipe e leva esclarecimento pra ele, é a figura que muda tudo”. Ao longo da história, a personagem de Giulia passa por uma transformação que dá um rumo diferente para o desfecho popularmente conhecido. 

Para Giulia, fazer uma clássico tem sido um desafio e, ao mesmo tempo, uma grande experiência Foto: Divulgação

Resgate da infância. Para a atriz, fazer uma clássico tem sido um desafio e, ao mesmo tempo, uma grande experiência. “É uma grande responsabilidade, exatamente por todo mundo conhecer a história e os personagens, porque as pessoas já vão com uma expectativa grande do espetáculo. E trabalhar para crianças é uma responsabilidade maior ainda, porque estamos mexendo com a cabeça delas”, opina. Apesar de, originalmente, ser uma história infantil, a relação do musical com o atual cenário político brasileiro faz com que o enredo também interesse aos adultos. 

Giulia já atuou em outras versões nacionais de clássicos da Broadway, como Mamma Mia, Shrek e O Violinista no Telhado, mas ela vê há algo diferente em Cinderella. “É uma história que marcou a minha infância, uma história que eu sempre adorei e é quase que uma realização do meu imaginário infantil”. Além disso, é a primeira vez que Giulia interpreta uma vilã.

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“Ao mesmo tempo que é muito divertido, é difícil. Fiquei muito feliz quando recebi a proposta de fazer essa personagem. É a primeira vez que eu faço uma vilã, e é muito diferente. Mas como essa história tem um diferencial, a personagem da Gabrielle sofre uma transformação do próprio caráter dela, ela é tocada pela Cinderella e pelo Jean Michel, e pelas bandeiras de compaixão, de igualdade e de amor. Então é muito bacana fazer essa transformação”, relata a atriz. 

Outro aspecto que Giulia ressalta sobre Gabrielle é a identificação do público com a personagem. “Ela faz parte do núcleo cômico, então também somos responsáveis por fazer parte da leveza da peça. Nós fizemos piada em cima do egocentrismo dela, da ignorância inicial, então a gente teve esse desafio e foi super bacana. É uma vilã, mas, no final das contas, o público acaba se identificando com ela de alguma forma.” 

De Giulia para Gabrielle. A caracterização de Gabrielle não é das mais complicadas que Giulia já teve de fazer. A atriz diz que, no total, demora de uma hora e meia a duas horas para se preparar, e isso inclui, além da maquiagem e figurino, o aquecimento físico e das cordas vocais. 

As roupas usadas pelas duas irmãs malvadas de Cinderella, Gabrielle e Charlotte, não foge do esperado. “Nossa figurinista, a Carol Lobato, seguiu essa linha bem clássica. São vestidos grandes e coloridos. As irmãs são muito exageradas, então tudo delas é exagerado, elas têm os maiores vestidos de todo elenco. A gente brinca que a gente parece cupcakes, eu verde e a Charlotte rosa. Realmente são aqueles vestidos com armação, tradicional de baile. A parte de cima são espartilhos com mangas bufantes e babados. Mas são lindos!”, comenta Giulia. 

Cinderella Teatro Alfa (R. Bento Brando de Andrade Filho, 722, 04757-000) Sextas-feiras às 21h30, sábados às 16h e às 20h, domingo às 15h e às 18h30. 

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