De blogueiros a figuras públicas: como pessoas comuns viraram conhecidas na internet

Com o Snapchat, contato com os fãs ficou ainda mais próximo

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Por Anita Efraim
Atualização:
Gabriela Pugliesi é bastante assediada pelos fãs e já se acostumou Foto: Luiza Ferraz

Na era das redes sociais, muitas pessoas dedicam parte de seu tempo para seguir os famosos da internet. Ícone do mundo fit, Gabriela Pugliesi tem 2,4 milhões de seguidores no Instagram e já está mais para snapchatter do que para blogueira, que foi como começou. 

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“Quando eu criei meu blog não existia esse movimento fitness, principalmente em rede social. Foi sem pretensão alguma, era porque eu realmente gostava e gosto de compartilhar esse meu estilo de vida. Então foi tudo acontecendo naturalmente”, explica. 

O mesmo aconteceu com o casal fitness carioca ‘Frango com Batata Doce’. Rodrigo e Roberta criaram seu blog há três anos como um acervo de receitas para os amigos. “Em uma semana a gente teve 1,5 mil acessos no site, sendo que não tinha falado sobre ele para quase ninguém. Na hora falei ‘eu nem conheço todas essas pessoas!’”, relembra Roberta.

O processo para os cariocas tornarem o blog em negócio foi algo, de acordo com eles, “muito de maluco”. Enquanto Roberta ainda estagiava, resolveu largar para poder cuidar do site, que poderia se tornar uma fonte de renda. “Para ela foi mais fácil. Comigo o momento em que decidi largar o emprego foi quando meu chefe me chamou na sala dele e disse ‘você vai ficar cuidando do blog ou vai trabalhar no horário em que está sendo pago para trabalhar aqui?’”, diz Rodrigo. 

Ele acrescenta que o chefe o incentivou e disse que o novo negócio tinha potencial de crescimento. Acertou: hoje, o ‘Frango com Batata Doce’ é o blog fitness com maior número de acessos no Brasil. 

Apesar de não ter sido a intenção nos dois casos, os blogueiros passam a ser figuras públicas e, consequentemente, costumam ser assediadas pelo público. “Quando atingi mais ou menos 20 mil seguidores no Instagram me pararam na academia, foi quando me pediram a primeira foto”, relembra Pugliesi. No entanto, hoje, são tantas pessoas que abordam a blogueira que já virou algo normal. 

Rodrigo e Roberta, por outro lado, ainda não conseguiram se acostumar com a fama, especialmente por estarem em um período de ascensão em relação aos seus seguidores. Quando estavam no festival de música eletrônica Tomorrowland foi um dos momentos em que mais ficaram surpresos. “A gente ia andar de um palco para o outro e paravam pra tirar cinco, seis fotos. Nem imaginávamos que tanta gente fosse nos reconhecer”, diz o casal. 

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De acordo com eles, o assédio aumentou quando mudaram do Rio de Janeiro para São Paulo. “Aqui as pessoas falam muito mais. Às vezes a gente está andando e alguém do outro lado da rua grita nosso nome”.

No Tomorrowland, o casal 'Frango com Batata Doce' se surpreendeu com o número de fãs que pediram para tirar fotos com eles Foto: Reprodução/Instagram

Snapchat. A rede social do momento é uma ferramenta muito usada pelos blogueiros. “Com certeza depois do Snapchat minha relação com as pessoas mudou completamente. Tanto da proximidade, que é muito maior que o Instagram, que é mais estático, quanto da forma como elas me veem”, afirma Pugliesi. “As pessoas passaram a me enxergar de outra forma, a me entender melhor”. 

Em média, 25 mil pessoas assistem às palhaçadas diárias de Rodrigo e Roberta, o que, às vezes, os faz passar um pouco de vergonha. “Tem vezes que vamos ter reuniões com CEOs e eles falam sobre coisas que fizemos no Snapchat”, diz Rodrigo. Roberta complementa: “esse momentos muito espontâneos a gente fica com um pouco de vergonha quando as pessoas falam que viram”. 

Por outro lado, “o ‘snap’ foi muito bom, porque desvirtualizou um pouco a gente. Fez as pessoas verem a gente do jeito que somos. Eu sempre fui muito palhaço, e eu era palhaço nas legendas do Instagram. E tinha gente que achava que eu era desrespeitoso. Ao mesmo tempo que, no YouTube, tinha gente que não gostava de mim porque achava que eu era debochado. E no Snapchat as pessoas começaram a gostar de mim, porque antes gostavam só da Beta”, diz Rodrigo.

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Cobranças e críticas. Gabriela Pugliesi é criticada constantemente. Recentemente, quando comprou três cachorros, a blogueira foi criticada por incentivar a comercialização de animais, em vez de adotá-los. Mas os comentários dos seguidores não a afetam. 

“Acho que a minha vida só melhorou! Não considero as críticas como uma parte ruim. Acredito que faz parte e hoje consigo enxergar tudo com outros olhos. A cada dia que passa minha vida só melhora, sou muito grata por tudo! Afinal de contas a vida é mara”, opina a blogueira. 

Para o casal ‘Frango com Batata Doce’, o importante é tomar cuidado para não deixar de viver. A todo momento eles precisam tirar fotos, fazer Snapschats e gravar sua rotina. “As pessoas acham que nossa vida é maravilhosa, porque viajamos muito. Mas, hoje em dia, é muito difícil a gente sair de férias, a gente viaja a trabalho. Em Jericoacoara, por exemplo, era nosso trabalho postar fotos lindas curtindo, tomando sol na praia, mas o tempo efetivo que a gente ficou na praia tomando sol foi pouco”, afirma Roberta. 

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Além disso, a cobrança dos fãs é algo que acontece com frequência na vida de quem se torna uma figura pública. O casal lembra que, uma vez, mostraram que estavam passando um cabo pela casa e algo saiu errado, mas eles não terminaram de mostrar o processo e muitas pessoas perguntaram qual era o final da história. 

O Just Lia foi criado há 15 anos, quando os blogs chegaram ao Brasil Foto: Reprodução/ Facebook

Mundo da moda. Lia, do blog Just Lia, tem seu site há 15 anos, na época em que começaram os blogs no Brasil. “A ideia era ter um diário onde eu contava como tinha sido o meu dia... Falava da escola, de lugares que eu tinha ido, coisas que eu havia comprado. O blog era parte de um site pessoal e de cara fez sucesso, então separei do site e o transformei no Just Lia”, relembra a blogueira. 

Foram cinco anos até que ela se tornou uma influenciadora. De acordo com Lia, o processo do blog ganhar formato de revista foi algo natural. 

O contato com a maioria das seguidoras sempre foi bom, afirma Lia, que prefere ser abordada do que apenas observada de longe. “Acho que de início estranhei apenas os assédios de meninas mais novas, pré-adolescentes, porque elas são mais intensas. Lembro de estar trabalhando em uma festa e muitas meninas virem juntas emocionadas, acho que uma contagia a outra nessas situações.” Apesar de ter 300 mil seguidores no Instagram e 250 mil curtidas em sua página no Facebook, a blogueira não se considera uma figura pública. “Diferentemente de uma atriz ou cantora, eu não invado a TV de ninguém. Não apareço nas revistas ou jornais que a pessoa lê... Fico no meu canto e quem quer me ver, digita a minha url e vem atrás do meu espaço”, opina. “Acho importante essa diferenciação, pois se você quer ver novela e não gosta da atriz principal, tem direito de achar ruim. Mas se você quer ler meu blog e não gosta de mim, não faz muito sentido, né?!” 

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