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Casa do Vira-Lata: Com rotina de acolhimento e adoção animal, abrigo faz sucesso nas redes

Gabriel Chaves já doou quase 700 animais em três anos; objetivo agora é ter espaço para receber mais pets

Por Sofia Hermoso
Atualização:
Gabriel Chaves é o idealizador da Casa do Vira-Lata, abrigo que já resgatou e doou quase 700 animais em três anos. Foto: Acervo Pessoal

"Eu comecei a me sentir útil e o projeto me resgatou de certa forma. Amo fazer o que faço, amo estar onde estou e quero fazer isso por muito mais tempo", é o que diz Gabriel Chaves, de 30 anos, fundador da Casa do Vira-Lata, abrigo de animais que faz sucesso nas redes sociais. Formado em Logística, Gabriel encontrou no resgate de cães e gatos o propósito de sua vida.

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Tudo começou em 2019, quando encontrou uma ninhada de 17 filhotes perto de sua casa, no município de Ferraz de Vasconcelos (SP). Para ajudá-los, Gabriel abrigou os cachorros na garagem até doar um por um. Ele conta que teve o apoio do pai, única pessoa com quem divide a casa. "Eu precisei deixar meu carro fora da garagem e meu pai poderia ter me criticado, mas disse 'vamos na 25 de março comprar uma câmera para ver o carro na rua, porque é perigoso'".

Na época, ele criou um Instagram chamado 'Adote um Cão' para divulgar a adoção dos filhotes, mas o projeto cresceu e se tornou a Casa do Vira-Lata em 4 de janeiro de 2020. "A ideia é a pessoa chegar no perfil sabendo o que vai encontrar. Não vai ter cão de raça ou porte pequeno, vai ter o vira-lata", comenta. Em apenas três anos, Gabriel já resgatou e doou quase 700 animais, entre cães e gatos. Só até o mês de junho deste ano, 120 pets do abrigo foram adotados. 

Além do pai, que é aposentado e encontrou uma nova atividade ao ajudar o filho, ele é amparado pelo namorado e biólogo Diego Rueda e por voluntários e parceiros, como as médicas veterinárias Val e Anabela.

Para manter o projeto em funcionamento, no entanto, o protetor de animais também depende de doações e ajuda dos seguidores da Casa do Vira-Lata nas redes sociais. A rotina de resgates, tratamentos, acolhimentos e adoções é acompanhada por quase 150 mil pessoas no Instagram, 61 mil no Twitter e 1 milhão no TikTok. Sem nenhuma intenção de se tornar um influenciador digital, Gabriel diz que o crescimento nas redes ocorreu de forma orgânica.

"Minha estratégia principal é passar a mensagem e quem estiver ali no momento para consumir e curtir, ótimo. Quem não estiver, bola para frente. Não precisa ter apego com a aceitação nas redes e é por isso que o projeto deu tão certo", afirma. O foco na mensagem é tanto, que ele frequentemente repete aos seguidores a frase que está no perfil do Instagram do abrigo: "Não existem animais de rua, existem animais nas ruas e eles precisam de nós".

Para homenagear a fiel comunidade, Gabriel costuma nomear os pets com os nomes dos seguidores mais presentes. "Lembro de um seguidor que mandou mensagem dizendo: 'Minha avó faleceu e não consegui chorar, mas com esse resgate eu coloquei tudo para fora'. A avó dele se chamava Gertrudes e nomeamos a cachorra com o apelido, Trude".

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Foi também com a ajuda das redes sociais que a Casa do Vira-Lata fechou a primeira parceria paga com uma grande marca. Após alugar um Chevrolet Spin para fazer o transporte dos animais, o protetor comentou no Twitter que estava triste por devolver o carro. Os seguidores então chamaram a atenção do perfil da Chevrolet, que entrou em contato com Gabriel e doou a minivan para o abrigo. "Eu nunca imaginei ter um carro zero, mas foi uma repercussão muito legal e o pessoal da empresa também abraçou a ideia".

 

Atualmente, 11 cães e 48 gatos estão disponíveis para a adoção na Casa do Vira-Lata. Foto: Acervo Pessoal

 

Casa dos gatos

Atualmente com 11 cães e 48 gatos disponíveis para a adoção, o objetivo principal a curto prazo é ter espaço para receber mais pets. Desde o início do projeto, a própria casa do protetor de animais se tornou um lar temporário e hoje passa por reforma para ter um canil que suporte 30 cães por período. Segundo Gabriel, em média, um cão fica três meses no abrigo até ser adotado.

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"Quando começou a campanha para a casa dos gatos, eu deixei minha construção de lado porque o foco agora é esse, ou compramos ou saímos do imóvel", explica ele, que assumiu um enorme desafio ao ser chamado para ajudar uma senhora que mantinha 63 gatos em sua casa, além de vários cachorros. Agora sem a moradora, o local virou um abrigo e foi equipado com brinquedos, cercas, camas, ração e caixas de areia para que os pets sejam bem cuidados até serem adotados. 

Com a possibilidade de comprar o imóvel em Guarulhos (SP), Gabriel pretende dobrar o número de animais resgatados. "Quero ter mais autonomia para resgatar, quero estar andando na rua, ver um cachorro e colocar dentro do carro". A longo prazo, a intenção é criar um asilo de animais, onde tenham dignidade para envelhecer: "Acho que é a fase mais importante na vida do bichinho. Ele já viveu tudo o que tinha para viver, é um momento de descanso e paz". Mesmo com vários objetivos pela frente, o protetor é grato por todas as vidas que já resgatou.

 

Processo de adoção

Na hora de doar algum animal, Gabriel faz questão de ser cuidadoso. O adotante precisa escolher especificamente o cão ou gato que quer e passar por uma entrevista. É importante que todas as pessoas que moram junto estejam cientes e concordem em ter um novo pet em casa. 

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"Eu peço para a pessoa coletar um áudio de quem mora na casa se apresentando e dizendo que está de acordo com adoção, falando o nome do animal. É importante para termos noção se todos estão preparados e também para a família começar a digerir e entender que vai ter um animalzinho ali", explica o fundador da Casa do Vira-Lata.

Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, ele conta que poderia ter feito mais doações, mas se preocupou com a inserção dos animais em rotinas que mudariam quando a vida voltasse ao normal. Mesmo assim, 2020 foi o ano em que mais adoções foram feitas. Após a entrevista, o adotante se preocupa apenas em cuidar do novo integrante da casa com amor e carinho, pois Gabriel entrega pessoalmente os pets pela região da grande São Paulo.

Apesar de nem sempre ser viável adotar uma companhia para a vida toda, é possível ajudar ONGs e abrigos de animais, como a Casa do Vira-Lata. No Apoia-se e no Picpay existe a opção de doar um valor mensal a partir de R$1. Nas redes sociais do abrigo, chaves pix estão disponíveis, além do financiamento coletivo para a compra da casa dos gatos, que já arrecadou quase metade do valor total de R$300 mil.

"Eu sempre tive a necessidade de ter uma função. Perdi minha mãe em 2013 e ficou um vazio. O projeto me trouxe de volta uma fé que estava enferrujada, eu era muito incrédulo e hoje eu vejo o trabalho com os animais como um propósito. Me encontrei e agora entendo por que estou aqui", finaliza Gabriel.

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