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Brian De Palma fala sobre filme de terror, #MeToo e críticas em Veneza

Ator dirige filme sobre acusações de abuso sexual contra Harvey Weinstein

Por Agência
Atualização:
Cineasta Brian De Palma chega para exibição de filme no Festival de Veneza com editora Susan Lehman. Foto: REUTERS/Yara Nardi

O veterano cineasta Brian De Palma, que dirigiu Carrie - A Estranha e Scarface, ainda não tem intenção de se aposentar, mesmo aos 78 anos de idade, e está trabalhando em um filme de terror inspirado no escândalo que envolveu o produtor de cinema Harvey Weinstein. Cerca de 70 mulheres acusaram Weinstein de má conduta sexual praticada ao longo de décadas. Ele nega as acusações, tem dito que todo e qualquer encontro sexual foi consensual e se declarou inocente das acusações criminais apresentadas contra ele. Em uma entrevista concedida à Reuters durante o Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde De Palma repassou sua carreira em uma aula magna, o diretor falou sobre a má conduta sexual em Hollywood, como lidar com críticas ruins e se adaptar a mudanças. Abaixo estão alguns trechos editados da entrevista que o ator e diretor concedeu.

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- Há boatos de que você está pensando em voltar ao gênero do terror, talvez com uma história inspirada no escândalo de Harvey Weinstein. Por que esse tema? Porque, em meus anos trabalhando dentro e fora de Hollywood, fiquei muito ciente do tipo de abuso às mulheres que acontecia. E sendo um diretor que dirige mulheres o tempo todo, você fica muito sensível quanto à maneira como elas são tratadas no filme que você está fazendo. Então eu estava ciente de algumas das coisas que estavam acontecendo durante a era Harvey Weinstein e é uma história interessante para contar, e além disso gosto desse tipo de drama de suspense e criei um roteiro que é meio baseado em alguns dos casos reais noticiados pelo New York Times. Mas é basicamente um filme de suspense usando isso como pano de fundo histórico.

- O movimento #MeToo precisava acontecer para provocar mudanças? Ele incomodou diretores como eu mesmo e outros dos meus contemporâneos porque, como diretor, você lida com atores o tempo todo. E você precisa buscar a confiança deles. E se você... os leva para jantar ou abusa deles, isso vai contra o que você está tentando fazer para ganhar a confiança deles de modo que eles fiquem igualmente livres quando atuam nos filmes. É basicamente uma loucura, e as pessoas que o fazem, eu sempre senti que estão usando mal seu poder.

- Você tem um relacionamento conturbado com parte da crítica de cinema. Acha que parte dela foi injustificada? Você sempre é comparado com a moda do momento, então não pode levar isso muito a sério. Muitos dos meus filmes não foram bem quando saíram e não tiveram críticas particularmente boas, e as pessoas ainda estão falando (sobre eles) hoje. Na hora pode ser bem doloroso, mas se você sobrevive a isso ficará surpreso com o que continua importante no cinema ao longo dos anos.

- Quais desafios você enfrentou à medida que a indústria mudou? Você tenta fazer o melhor que pode... Fica mais difícil fazer filmes se você tem limitações fisicamente, então se eu conseguir fazer mais alguns filmes, ótimo, mas conforme você está chegando aos 80, isso se torna um desafio e tanto.

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