No papel, tudo estava indo muito bem para Seth Owen. O jovem, o melhor da turma no ensino médio em uma escola de Jacksonville, na Flórida, com uma média de 4.16 de nota [de cinco], foi aceito na Universidade de Georgetown. Mas ele deixou a casa de seus pais em fevereiro após eles lhe darem um ultimato: frequentar a igreja, após anos de desacordos com sua sexualidade – Owen é gay – ou se mudar, ele contou à NBC News.
A taxa de financiamento da universidade foi calculada baseada no que sua família poderia contribuir, deixando-o com um total de 20 mil dólares (cerca de R$ 75 mil) para pagar em suas mensalidades no primeiro ano. "Eu comecei a chorar, porque eu percebi que não tinha como eu ir para a faculdade", Owen disse à NBC News. "Georgetown era a minha única opção, porque eu já neguei vagas nas outras em que fui aceito".
Inicialmente, a universidade informou que não iria mudar o seu financiamento. "Mesmo que não possamos comentar nenhum caso individual, nós observamos de perto estudantes cujas situações financeiras mudaram após a admissão para modificar a assistência do financiamente e garantir que eles ainda possam se matricular, mesmo sem poderem pagar", um representante da escola disse à NBC.
Felizmente, uma ex-professora de Owen entrou na história. Jane Martin, que ensina biologia, criou uma campanha no GoFundMe para arrecadar o dinheiro para a mensalidade do primeiro ano de Owen.
"Seth foi uma criança que realmente se destacou", Martin contou. "Ele era super ambicioso e sempre estava tentando ir além para ter certeza que poderia ser o mais bem-sucedido possível". Um mês depois, a campanha excedeu e muito sua meta, arrecadando mais de 100 mil dólares (cerca de R$ 375 mil).
"Logo quando atingimos 2 mil dólares, Seth ficou tipo: 'Eu estou tão surpreso que as pessoas realmente se importam comigo'", contou Martin. Os dois planejam usar as doações para ajudar outros alunos em situações como Owen se a Georgetown ajustar o seu financiamento.
Owen falou com a NBC sobre sua educação. Ele disse que seus pais, que são da da Igreja Batista, descobriram que ele era gay quando estava no segundo ano, quando o seu pai encontrou uma fotografia dele com outro menino, o que indicou que ele era gay.
Seus pais questionaram-o na mesma noite. Depois, o mandaram-no para um conselheiro cristão, ele contou. "Não foi como um acampamento de conversão, mas foi definitivamente uma terapia de conversão onde eles tentaram encorajar tarefas que são esterótipos masculinos e coisas assim", Owen disse.
Os desentendimentos começaram a se intensificar no último ano do ensino médio. "Eu comecei a trazer à tona os desentendimentos com a igreja que eles frequentam. Quer dizer, era um incidente após o outro. "Eles falavam muito negativamente sobre a comunidade LGBT. Eles diziam que as gays não poderiam ir para a igreja. Depois, eles estavam falando sobre pessoas transgênero como se elas não fossem humanas, e isso realmente me incomodou".
Seus pais não deixavam ele ir a uma igreja de sua escolha, ele falou. Seu pai, Randy Owen, disse ao First Coast News que a família nunca forçou Seth. "Sobre nós o expulsarmos porque ele não ia a mesma igreja que nós, isso é uma mentira", disse ele à afiliada da ABC. "Eu quero deixar claro que nós não o expulsamos, mas nós adoramos a Deus como família. Ele pode viver aqui desde que ele adore da mesma maneira que nós adoramos".
Seth Owen disse à NBC que ele espera mandar uma mensagem a outras pessoas como ele. "Eu lembro de crescer e dizer que eu realmente tinha pais rígidos, e as pessoas não ligavam", ele disse. "Se alguém dissesse isso para mim hoje, eu iria sentar e perguntar-lhe: 'O que está acontecendo em casa? O que está se passando? Que tipo de mensagens estão sendo pregadas em sua igreja?'".
* Traduzido por Hyndara Freitas