PUBLICIDADE

Terceira idade ganha espaço no mercado de trabalho

Especialistas afirmam que os idosos estimulam e motivam funcionários mais jovens

Por Ananda Portela
Atualização:
Ocupação profissional traz benefícios tanto para o idoso, quanto para empresa que o contrata Foto: stevepb/Pixabay

No último dia 23, um anúncio de emprego inusitado chamou a atenção nas redes sociais. O site Reclame Aqui divulgou uma vaga em seu perfil no Facebook com a seguinte frase: "A gente contrata sua avó." Empregar idosos virou tendência?

PUBLICIDADE

De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último ano, o Brasil possui 4,5 milhões de idosos empregados. "A tendência é (o idoso) aumentar a participação enquanto a economia estiver ruim. Os idosos têm margem para elevar ainda mais sua participação", diz o economista Rodrigo Leandro de Moura, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

A partir dessa previsão, algumas empresas apostam na terceira idade para compor sua força de trabalho. O incentivo à contratação de profissionais com mais de 55 anos é um dos principais quesitos desenvolvidos pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA), que busca promover a inclusão social deste setor da sociedade. Atualmente, cerca de 3,4 mil funcionários considerados idosos trabalham nas redes Pão de Açúcar e Extra no Brasil.

O cargo de entrada mais comum, não necessariamente o mais ocupado por eles, é de empacotador, uma vez que não há exigência mínima de experiência. Há, contudo, outras funções em todos os níveis hierárquicos, como: ajudante de manutenção, ajudante geral, analista comercial, contábil, entre outros. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, entre os benefícios que o idoso traz para o grupo estão a motivação, que estimula outros membros da equipe, e a troca de experiências com os mais jovens. Além disso, a psicóloga e supervisora de assessoria de carreira da Catho, Larissa Meiglin, afirma que esses profissionais normalmente são mais pacientes e observadores, e sabem contornar situações críticas.

A ocupação profissional é também positiva para os idosos. De acordo com Carlos André Freitas dos Santos, médico geriatra da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), a função cotidiana melhora o engajamento e a autoestima, que são essenciais para o envelhecimento saudável e ativo. "O idoso que trabalha tem um gasto energético maior, quando comparado com idosos que não trabalham. Isto está relacionado ao fato do trabalho normalmente estar ligado a deslocamentos que tiram o idoso do sedentarismo", afirma o médico.

Segundo o geriatra, é necessário que haja um cuidado básico durante o turno de trabalho, assim como deve haver com membros de qualquer faixa etária. "O risco no ambiente físico está relacionado à capacidade funcional e risco de quedas, que são individualizados", complementa Freitas. Ele explica que luminosidade adequada, rampas e escadas com corrimão são exemplos de medidas preventivas a serem tomadas.

O tratamento com os idosos nas empresas tende a seguir o mesmo padrão daquele com os outros funcionários. A assessoria do GPA afirmou que, já que o grupo trabalha com o potencial destes profissionais para todas as posições e funções na empresa, não há tratamento diferenciado. Larissa Meiglin acredita que não é necessário adotar nenhuma política excepcional, pois "quanto mais as organizações incluírem públicos diversos, como os idosos, mais seu corpo de funcionário cresce no sentido de valorizar as diferenças", complementou Larissa.

Publicidade

* Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.