Soldados LGBT+ da Ucrânia usam farda com símbolo de unicórnio

Casal que faz parte do exército ucraniano diz que grupo escolheu a figura porque 'é como uma criatura fantástica 'inexistente''

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Por Julia Queiroz
Atualização:
Antonina Romanova, 37, mostra a insígnia de unicórnio em seu uniforme simbolizando a comunidade LGBT+, no dia de sua partida para a linha de frente,em Kiev, Ucrânia. Foto: Edgar Su/REUTERS

Soldados do exército ucrâniano que fazem parte da comunidade LGBT+ passaram a costurar uma insígnia de unicórnio em suas fardas, logo abaixo da bandeira do país, enquanto lutam na Guerra da Ucrânia.

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De acordo com a Reuters, a prática faz referência a um conflito de 2014, quando a Rússia invadiu e anexou a Península da Crimeia. Na época,  "muitas pessoas disseram que não há gays no exército", disse Oleksandr Zhuhan, soldado voluntário, ao veículo.

Zhuhan e sua parceira Antonina Romanova, que se identifica como uma pessoa não binária com os pronomes ela/dela, explicaram que usam a figura em seus uniformes como um síbolo de seu status como casal LGBT+.

"Então eles - a comunidade lésbica, gay, bissexual, transgênero e queer - escolheram o unicórnio porque é como uma criatura fantástica 'inexistente'", disse o soldado.

Zhuhan e Romanova contam que, quando a guerra começou, passaram dias escondidos no banheiro, mas depois decidiram que queriam fazer algo para ajudar o país e se alistaram ao exército.

Oleksandr Zhuhan, 37, e suaparceira Antonina Romanova, 37, mostram a insígnia de unicórnio em seus uniformes. O casal se voluntariou para o exército algum tempo depois que a guerra contra a Rússia começou. Foto: Edgar Su/REUTERS

"Apenas me lembro que em um certo momento ficou óbvio que só tínhamos três opções: nos esconder em um abrigo antiaéreo, fugir e escapar ou nos juntar à Defesa Territorial (voluntários). Escolhemos a terceira opção", explica Romanova.

A primeira missão do casal foi em Mykolaiv, no sul da Ucrânia, e, segundo eles, mudou suas vidas. Eles lutaram na mesma unidade e Zhuhan chegou a contrair pneumonia. 

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"Não houve agressão, nem bullying. Foi um pouco incomum para os outros. Mas, com o tempo, as pessoas começaram a me chamar de Antonina, alguns até usaram o pronome ela", disse Romanova sobre a interação com outros soldados.

Antonina e Zhuhan embarcaram na estação central de Kiev para um segundo período de três meses no combate. Apesar do medo da homofobia no novo batalhão, um comandante disse à Reuters por telefone que "a única coisa importante na linha de frente é ser um bom combatente". 

Os membros da Defesa Territorial Oleksandr Zhuhan eAntonina Romanova se preparam para embarcar em um trem para a linha de frente, enquanto o ataque da Rússia à Ucrânia continua. Foto: Edgar Su/REUTERS

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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