PUBLICIDADE

Silvero Pereira comenta temática LGBT em peça da qual é diretor

'Quem Tem Medo de Travesti' estará em cartaz em São Paulo no sábado, 21, e domingo, 22, no Itaú Cultural

Por Isaac de Oliveira
Atualização:
Cena do espetáculo'Quem tem medo de Travesti'. Foto: 'Quem tem medo de Travesti' / Divulgação

Após percorrer diversas capitais, chega a São Paulo o projeto Travestis Itinerantes, idealizado e executado pelo Coletivo Artístico As Travestidas, do Ceará. O ator Silvero Pereira, 37 anos, é criador do coletivo e assina a direção do espetáculo com Jezebel De Carli.

PUBLICIDADE

Por meio de música e dramaturgia, o elenco se entranha no universo trans para provocar reflexões acerca da exclusão social e do preconceito, experiências comuns a muitas travestis.

Mas a peça também subverte histórias tristes, abordando narrativas de superação e transformação.

Durante dois meses, sendo 22 dias de estrada, o grupo LGBT cruzou parte do País em um ônibus, numa expedição à la Priscilla, a Rainha do Deserto. Nesse período, os artistas realizaram performances em espaços públicos, oficinas de montação (caracterização drag queen) e a peça Quem Tem Medo de Travesti, que será encenada no sábado, 21, e no domingo, 22, no Itaú Cultural.

Em entrevista ao E+, Silvero, que fez sucesso no papel da travesti Elis Miranda na novela A Força do Querer, reflete sobre a temática LGBT no campo da arte como um mecanismo de conscientização social e superação do preconceito.

Silvero Pereira no festival de Cannes em maio de 2019. Foto: Jean-Paul Pelissier / Reuters

“Esse é um movimento não só do teatro. Tantas outras peças - desde Luís Antônio - Gabriela, O Evangelho Segundo Jesus - Rainha do Céu, o próprio BR-Trans - também fizeram esse movimento de trazer uma outra forma de dramaturgia, de discurso. Dentro da música, com Linn da Quebrada, Gloria Groove, Pabllo Vittar. Na televisão, a própria A Força do Querer ou agora A Dona do Pedaço. Acho que tudo isso vem contribuindo para que as pessoas estejam mais abertas e disponíveis para entender e quebrar o preconceito que elas têm sobre essas histórias”, observa.

Criado em 2008, em Fortaleza, o coletivo As Travestidas é formado por lésbicas, gays, travestis, transexuais e drag queens. Silvero sublinha que, apesar da credibilidade alcançada ao longo desses 11 anos de história, parte do público ainda se surpreende com o trabalho desenvolvido pelo grupo.

Publicidade

Cena do espetáculo'Quem tem medo de Travesti'. Foto: 'Quem tem medo de Travesti' / Divulgação

“Quando se trata de um grupo com esse nome 'Travestidas' e sobre essa temática, as pessoas são bem resistentes e preconceituosas, achando que tudo é brincadeira, deboche ou caricatura. Ainda mais se é cearense. Quando elas se deparam com o nosso trabalho, elas conseguem entender que não é nada disso, e a gente consegue mudar um pouco a cabeça delas”, 

Para a atriz e cantora Verónica Valenttino, 35 anos, a peça que será exibida neste final de semana na capital paulista é um “espelho”, pois reflete, em seu texto, histórias vividas por pessoas reais.

“O espetáculo te leva a perceber que somos humanos. Todos. A ideia é causar essa reflexão: ‘Por que eu tenho medo da travesti? Que medo é esse? De onde vem? Por que eu causo também medo a essas figuras?’. Porque medo também está presente nas nossas vidas como aliado. A gente vive numa sociedade que a gente sobe no palco para cantar, para fazer uma peça de teatro, mas que sai de manhã para comprar o pão”, provoca Verónica.

Cena do espetáculo'Quem tem medo de Travesti'. Foto: 'Quem tem medo de Travesti' / Divulgação

Integrante desde a formação original do grupo, a artista, que se reconhece travesti, assume um lugar de privilégio pelo seu papel, e vê nisso a possibilidade de inspirar “as suas iguais” que vivem situações de vulnerabilidade social.

“Claro que eu reconheço o privilégio de ser uma atriz, de não estar nesse lugar que querem me colocar a todo custo, de tanta vulnerabilidade, de tanta marginalidade. Existem manas que precisam nos ver fortes para estarem fortes também. A gente colocou  o nosso corpo e a nossa arte nesse lugar de linha de frente”, frisa Valenttino.

Cena do espetáculo'Quem tem medo de Travesti'. Foto: 'Quem tem medo de Travesti' / Divulgação

Quem Tem Medo de Travesti

O espetáculo  Quem Tem Medo de Travesti será exibido no sábado, 21, às 20h, e no domingo, 22, às 19h, no Itaú Cultural, na avenida Paulista, 149, Bela Vista, em São Paulo.

Publicidade

A entrada é gratuita, sujeita à lotação dos 224 lugares, e a duração estimada é de 60 minutos. A distribuição de ingressos é feita 1h antes do espetáculo. O público preferencial tem direito a um acompanhante, enquanto o não preferencial tem direito a apenas um ingresso por pessoa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.