Raiva pode causar problemas de saúde: aprenda a lidar de forma positiva

É preciso refletir sobre as situações que geram a emoção e falar sobre ela com naturalidade

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
É preciso refletir sobre os momentos de raiva a fim de trabalhá-la de forma positiva. Foto: Pixabay

Quando foi a última vez que você sentiu raiva? Lembra o que provocou essa emoção, como você se sentiu e como reagiu diante dela? Foi compatível com o motivo do seu descontentamento? Refletir sobre esse sentimento, que pode ir de uma irritação leve a uma fúria intensa e devastadora, é o primeiro passo para aprender a lidar de forma positiva com ele.

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Não é errado sentir raiva, visto que ela é uma emoção básica humana, assim como a alegria, a tristeza e o medo, por exemplo. Ela surge em diferentes situações: quando nos sentimos injustiçados, envergonhados, humilhados, entre tantas possibilidades.

“Ninguém consegue não sentir raiva. O que muda é a forma como a pessoa interpreta e lida com essa emoção. Quem consegue perceber e interpretar age de forma mais afetiva, sem o vigor que essa emoção tem, sem agredir ou gritar”, diz a psicóloga e neuropsicóloga Carolina Marques. Segundo ela, a raiva pode ocorrer por fatores internos, externos ou traumas.

O problema é que não temos a cultura de falar sobre sentimentos, principalmente daqueles que não são confortáveis e vistos como ruins, diz Rose Meire Mendes de Almeida, doutora em psicologia social pela Universidade de São Paulo. “Quando nego ou deixo de elaborar de forma positiva, ela pode se transformar em uma resposta violenta, de apatia, causando danos para fora ou para dentro de mim”, afirma.

Consequências. A neuropsicóloga explica que, diante da raiva, o cérebro produz cortisol, hormônio liberado em situação de estresse. “Ele gera baixa imunidade, o que pode provocar tudo o que a pessoa estiver predisposta a ter: gastrite, úlcera, alteração na pressão arterial, problemas cardiovasculares e psicológicos”, diz Carolina.

Externamente, a pessoa pode adquirir um comportamento agressivo perante a sociedade. “O maior afetado é a capacidade de estabelecer bons vínculos, porque a pessoa estará sempre em estado de alerta e com medo, em que acaba surgindo a agressividade”, explica Rose Meire.

E sabe aquele amigo que tem o pavio curto? Carolina diz que existem pessoas que tem mais raiva do que outras. “São pessoas que têm tendência a fazer interpretações negativas sobre o mundo e muitas vulnerabilidades internas”, explica. Nesses casos, ela recomenda fazer terapia.

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Soluções. Carolina diz que, quando se está com raiva, é preciso se perguntar: ‘O que estou sentindo é proporcional à situação?’. Refletir sobre o momento, gerenciar de forma positiva a emoção e poder expressar verbalmente o descontentamento são ações importantes, segundo as especialistas.

Rose Meire lembra que é preciso ver a raiva com naturalidade. “Como seres humanos, somos movidos a sentimentos e emoções que não temos controle, mas podemos controlar o que fazer e como se sentir, e vamos adquirindo isso ao longo do tempo”, diz.

Então, seguem algumas dicas das especialistas para lidar melhor com os momentos de raiva:

- Pense antes de falar: embora seja difícil se controlar nessas horas, pare e reflita sobre a situação;

- Expresse a raiva: se ela foi motivada por alguém, diga que não se sentiu bem, que não ficou confortável com a situação ou como gostaria que algo fosse dito ou feito;

- Canalize a raiva: essa emoção libera neurotransmissores como a adrenalina e noradrenalina, que deixam a pessoa com mais energia e disposição. Pratique alguma atividade física, libere a raiva, e hormônios benéficos serão liberados;

- Busque soluções: ao identificar os motivos e as situações em que a raiva surge, é possível pensar em como solucionar os fatores antes que ela apareça.

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