Quando o amor deixa marcas (na pele)

Tatuadora de Belo Horizonte oferece 50% de desconto para quem quiser tatuar por cima de homenagem à ex

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Por Fernando Arbex
Atualização:
Cíntia Melo foi atingida por um tiro de bala de borracha durante uma manifestação do Movimento Passe Livre, em Belo Horizonte; esse é o antes e depois de ela cobrir a marca com uma tatuagem Foto: Acervo Pessoal

Se tatuagem e ex-namorado são duas das coisas que ficam para sempre, Maíra Fonte Boa pode ajudar quem homenageou um antigo parceiro e se arrependeu. Bem-humorada, a profissional de Belo Horizonte publicou no Facebook que faria uma promoção para o Dia dos Namorados: 50% de desconto para mulheres nessa situação que queiram tatuar algo por cima.

Apesar do caráter despretensioso do post, o resultado foi um sucesso. "Foi uma piada inspirada naqueles anúncios de 'trago a pessoa amada em tantos dias'. Não pensei que tanta gente ia me procurar", disse a tatuadora, que foi cobaia de si mesma e desenhou um barquinho para cobrir uma cicatriz no punho.

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A motivação de Maíra não é de brincadeira. Ativista do movimento feminista, ela explica que  tem contato com mulheres que já sofreram em relacionamentos abusivos, por isso é importante que elas deixem de carregar marcas desse passado - tatuagens e cicatrizes, causadas por agressões ou casos como cirurgia para retirar câncer de mama.

"É algo que me deixou mais militante. A tatuagem atua no campo simbólico e nessa caso tem a função de dignificar o corpo, criar resignificado", disse Maíra, formada em artes visuais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela também defende suas ideias no estúdio Das Mina, espaço compartilhado que visa "fomentar, incentivar e apoiar mulheres que trabalham com modificação corporal, principalmente tatuagem e body piercing".

A iniciativa é aprovada por Rodrigo Bondioli, sócio do Tatooaria - espaço em que tatuadores de todo Brasil recebem convites para visitar o estúdio da empresa em São Paulo e desenvolver seu trabalho durante uma semana, com toda a estrutura fornecida. "Super bancana a ideia dela", opinou o empreendedor, que afirma que o grau de arrependimento é alto quando se trata de tatuagem em homenagem a um parceiro ou parceira.

"Eu não gosto de fazer esse tipo de tatuagem, mas já fiz e já cobri também. Querendo ou não, tatuagem se faz no impulso, mas aí o namoro acaba", disse Rodrigo.

Bruna Rodrigues e seu ex-namorado, Cleiton, formam um ex-casal que precisou cobrir tatuagens. Ambos escreveram no próprio corpo o nome do outro, mas o namoro de quatro anos chegou ao fim: "Não digo que eu me arrependi, mas uma hora acabou e eu tinha a tatuagem". Bruna conta que eles ficaram um ano sem se falar, mas o fato de terem amigos em comum fez com que retomassem a convivência. A amizade pode existir, mas não precisa de tatuagem.

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Bruna terminou namoro com Cleiton e cobriu tatuagem Foto: Acervo Pessoal
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