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Nervoso(a) com o casamento? Saia para correr

'É preciso fazer algo que ajude ainda mais a manter o foco quando todo o resto parece ser mais importante', defende uma noiva

Por Alyson Krueger
Atualização:
 Foto: Pixabay

Para seu casamento, Hannah Spinrad recebeu 250 convidados em sua cidade natal, Greensboro, na Carolina do Norte, em um fim de semana de maio de 2016. Eles ficaram no Grandover Resort, com uma área de 600 hectares, e puderam se divertir com uma série de atividades, incluindo um campeonato de golfe e a degustação de guloseimas em uma suíte especial. A noiva ficou ali o tempo todo para garantir que os detalhes seriam executados impecavelmente e que todo mundo estivesse satisfeito e entrosado.

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Porém, durante algumas horas daquele sábado, Hannah, 30 anos, que hoje vive em Atlanta com o marido, Kyle Spinrad, deixou o posto de anfitriã perfeita para correr oito quilômetros com o pai.

Fugir dos convidados para se exercitar pode parecer esquisito, uma vez que ela já estava comprometida com um sem-fim de atividades e queria estar com o pessoal, mas era uma tradição que mantinha com o pai, algo que sempre fazia quando estava em casa, e era a chance perfeita para conversarem e relaxarem juntos.

Pensando hoje, reconhece que foi a melhor decisão que tomou. Antes da corrida, estava estressada, preocupada com tudo que estava acontecendo; depois, sentiu-se zerada, com a cabeça limpa e uma nova perspectiva do evento.

"O fim de semana praticamente inteiro ficou meio que um borrão para mim, mas me lembro da corrida. Ela me deu uma sensação de normalidade, uma chance de perceber que estava todo mundo ali, satisfeito, e que estava tudo bem. Foi o meu momento de relaxar." E nem ficou chateada quando teve que fazer a cerimônia dentro do salão por causa da chuva.

Segundo Allison Moir-Smith, psicoterapeuta de Manchester-by-the-Sea, Massachusetts, especializada em aconselhamento nupcial, a maioria dos noivos fica nervosa.

Afinal, o casal sofre com o estresse logístico de realizar uma cerimônia e lidar com todas as pessoas e perspectivas envolvidas, sem contar a transformação emocional. "Você está no meio de uma mudança profunda de identidade que, para piorar, acontece em público, e nem sabe como vai reagir. É opressivo, mas perfeitamente normal que seja assim. É como deve ser."

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Em vez de serem pegos desprevenidos pela tensão, alguns estão apelando para a criatividade para se acalmar no grande fim de semana, não ficando muito longe, inclusive, de levar o ursinho de pelúcia consigo rumo ao altar. Literalmente.

Tem aqueles que, como Hannah, reservam um tempo para se exercitar.

Ben Oberman, médico de 32 anos de Durham, na Carolina do Norte, ficou ainda mais nervoso com o casamento porque sabia que alguns parentes desaprovavam a noiva, hoje sua mulher, Jacquelyn Scott Oberman. "Sabia que parte da família não ia e fiquei apavorado. Será que estava dividindo a família? Será que tudo ia correr bem?".

Oberman e seu padrinho saíram para correr em uma floresta petrificada perto do local da cerimônia, no Condado de Sonoma, na Califórnia. Desabafou seus medos, ensaiou os votos e aproveitou a beleza natural à sua volta. No fim da trilha, estava pronto para se casar. "O ambiente era muito tranquilo e estava com alguém em quem confio e que sei que estaria ao meu lado em qualquer circunstância", disse.

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Rachael Babington, professora de ioga de Nova York, recebeu tantos pedidos de mulheres interessadas em fazer aula antes do casamento que abriu uma empresa chamada Brides Love Yoga. No auge do verão, tem até duas clientes por dia. Chega no local com o colchonete debaixo do braço e mostra às noivas posições que "abrem" o coração e ajudam a concentrar a mente.

Hannah reconhece que pode ser estranho fazer uma atividade recuperativa no dia do próprio casamento. "Já é uma experiência autoindulgente em que você é o centro das atenções, por isso nem pensa que precisa de um tempinho para si, só que, na verdade, isso significa que é preciso fazer algo que ajude ainda mais a manter o foco quando todo o resto parece ser mais importante."

Antes de sair para o jantar do ensaio, no Clube de Golfe Atlantic, em Bridgehampton, Nova York, em setembro passado, Claudia Davidson, 28 anos, que trabalha na UberEats de Washington, arrumou sua bolsinha: além da carteira e do brilho labial, colocou nela um pedaço do cobertor que usava na infância, feito pela avó, já falecida.

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"É uma coisa que levo comigo quando sinto que preciso de apoio. Sabia que ia me sentir meio sufocada sendo o centro das atenções, era bom lembrar que tinha uma lembrança sentimental na bolsa para me dar uma força." E acabou tendo que apelar para o amuleto durante o jantar, mas se sentiu confiante o suficiente para deixá-la em casa no dia do casamento.

Allison diz: "Eu chamo de 'objeto transicional', algo que carrega e lhe dá conforto, por que não? Você está se sentindo vulnerável."

Laurie Mehlman, 31 anos, de Marietta, na Geórgia, deixou a mãe colocar uma fita vermelha – item que, segundo a tradição judaica, afasta o mau olhado – dentro de seu sapato antes da cerimônia. "Eu estava começando a me apavorar e aquele símbolo, mesmo pequeno, ajudou a me acalmar", garante.

O marido dela, Ross Mehlman, 30 anos, também tinha suas razões para estar nervoso. "Acho que era todo o aparato, todo mundo te olhando, você tem que fazer discurso. É o fato de ser o centro das atenções." Mas preferiu lidar com o pânico de outra maneira: ele e os padrinhos assistiram a um jogo de futebol de sua universidade na TV.

"Não demorou e eu já não estava mais sentado na sala de reuniões de um templo, esperando para me casar, mas de repente me vi à vontade, com os amigos, relaxando", conta.

E tem quem peça ajuda dos profissionais da saúde mental para lidar com a ansiedade.

Hillary Evans, hipnoterapeuta de Charleston, na Carolina do Sul, atende noivas por vários motivos: elas têm que emagrecer e não conseguem, estão brigando com os parentes, obcecadas demais ou apavoradas com a ideia de fazer o discurso.

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Ela usa a hipnose tradicional para lhes dar perspectivas novas, ensinando-as como visualizar o sucesso e diminuir o ritmo do momento para não perderem o controle e poderem aproveitá-lo.

Ellyn Gamberg, psicoterapeuta de Nova York, encoraja os clientes a encarar o casamento como ensaio para a vida real. "A maneira como você lida com os preparativos da festa e da cerimônia será basicamente igual; são as mesmas preocupações, os mesmos medos, a mesma dinâmica com as outras pessoas e consigo mesmo, com as quais você vai ter que lutar para o resto da vida. É por isso que eu incentivo meus pacientes a acertar a mão durante o processo, porque assim as chances de sucesso para o resto da vida são maiores", ensina.

Ela passa meses, às vezes até anos ajudando as pessoas a descobrir o motivo de suas ansiedades, mas, às vezes, nem isso basta. Todo ano comparece a várias cerimônias, só para estar ao lado do(a) paciente em caso de pânico.

"Bom, tem quem carregue o cobertor de infância, o animal de estimação, o amuleto da sorte para a cerimônia – e tem quem prefira levar o terapeuta. Fazem isso para que se sintam melhor."

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