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Mãe denuncia racismo sofrido por filhas em estação de metrô da Bahia

Gêmeas de três anos foram chamadas por segurança de 'bucha um e bucha dois'; delegacia de polícia investiga o caso

Por Caio Nascimento
Atualização:
Crianças de três anos foram vítimas de injúria racial no metrô de Salvador, capital baiana. Foto: Facebook / Sandre Weydee

Uma mulher chamada Sandra Weydee, de 37 anos, registrou na tarde de terça-feira, 28, na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), uma ofensa sofrida por suas filhas gêmeas no metrô de Salvador, capital da Bahia. O caso, ocorrido no último sábado, 25, foi tipificado como crime de injúria racial.

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Em entrevista ao E+, a mãe conta que as crianças, de três anos, foram chamadas por um segurança da estação de "bucha um e bucha dois", comparando o cabelo black power delas com a lã de aço usada para limpeza.

Sandra e as meninas voltavam para casa depois de um passeio, por volta das 18h30. Quando passaram pelas catracas da estação Rodoviária, avistaram três seguranças, um branco e dois negros. O homem branco, ao avistar as garotas, gritou: "Misericórdia. Bucha um e bucha dois". Em seguida, começou a dar risada.

As pequenas, chamadas Verena e Valentina, perceberam que o comentário era para elas. Uma perguntou o que era "bucha" e a outra entendeu que o homem se referia ao cabelo delas. Sandra ficou sem reação no momento e entrou no vagão do trem, mas voltou atrás para procurar o funcionário do metrô. 

"O [homem] que ofendeu não estava mais lá. O outro que estava junto pediu desculpa, disse que o colega de trabalho estava brincando. Aí o superior deles veio e pediu desculpa em nome da CCR [empresa responsável pela linha de metrô]", diz a mulher.

"Depois, fui abordada por uma segurança na estação Retiro, que pediu meu telefone, dizendo que a coordenação [da CCR] ia ligar. Até agora não ligou", completa.

Sandra conta que as crianças se sentiram mal com a situação. "Ficaram um pouco inseguras, querendo prender o cabelo, passar creme. Falei para elas que elas devem se aceitar como são", conta a mãe.

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Resposta do metrô

Ao E+, a CCR Metrô Bahia informou, por nota, que repudia atitudes racistas ou discriminatórias de qualquer natureza e que isso "norteia o trabalho diário de todos os colaboradores". A empresa ressalta ainda que tem trabalhado pela "valorização da pluralidade cultural do povo baiano e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero".

Questionada pela reportagem sobre quais medidas tomará com o segurança, a CCR não respondeu. A Dercca instaurou inquérito para apurar o crime de injúria racial.

Leia na íntegra a nota do grupo CCR: 

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A CCR Metrô Bahia esclarece que repudia atitudes racistas ou discriminatórias, de qualquer natureza, premissa que norteia o trabalho diário de todos os seus colaboradores. A opinião dos clientes é imprescindível para o aprimoramento de protocolos em busca da excelência do atendimento. Isso inclui a adequação dos treinamentos periódicos realizados junto aos Agentes de Atendimento, a fim de melhorar a prestação do serviço. A empresa ressalta ainda que tem trabalhado pela valorização da pluralidade cultural do povo baiano e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero.

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais

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