Indonésio caminha 800 quilômetros de costas para salvar floresta

Medi Bastoni saiu do seu povoado com oito quilos de comida na mochila e cerca de R$ 86; ele pede reflorestamento de área verde

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Por Agência
Atualização:
Medi Bastoni caminhou de costas por quase 800 quilômetros para conscientizar sobre o desmatamento na Indonésia. Foto: Mast Irham/EPA/EFE

O indonésio Medi Bastoni conseguiu completar a façanha de caminhar de costas os quase 800 quilômetros que separam seu lugar de origem de Jacarta, capital da Indonésia. O feito foi conquistado nesta sexta-feira, 23, após mais de um mês de viagem, com o objetivo de pedir ao governo que ajude a conservar um bosque florestal.

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Rodeado de curiosos e membros da organização de voluntários Indonesian Escorting Ambulance, que o ajudou em parte da viagem, o homem de 43 anos e pai de quatro filhos se mostrou incansável e satisfeito com a atenção que despertou ao alcançar seu objetivo.

"Estamos aqui para pedir ao governo que se comprometa com o reflorestamento, algo que não o interessa muito. Assim, tenho a esperança de que, depois disso, as pessoas se motivem e participem", disse Bastoni antes de ir ao Ministério do Esporte e Juventude.

O homem caminhou na sexta-feira os últimos quilômetros antes de se reunir com o ministro Imam Nahrawi, que o esperava para receber a petição. A proposta é ajudar com o reflorestamento do bosque no monte Willis, na província de Java Oriental.

Durante um pequeno ato público nas portas do ministério, o político entregou a Bastoni um recipiente com uma árvore jovem que o ativista levará para casa e que ele descreveu como "um ícone para o reflorestamento" em Wilis.

A área verde está, atualmente, sob um programa de recuperação após sofrer incêndios e extração ilegal de madeira. Segundo o ativista, a falta de árvores tem provocado a escassez de água durante a temporada seca e afetado a economia de muitos habitantes que se dedicam à agricultura e à pecuária.

A caminhada de quase 800 quilômetros

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Bastoni saiu de seu povoado, Dono, em Java Oriental, no dia 18 de julho com oito quilos de comida em sua mochila e 300 mil rupias indonésias, o equivalente a US$ 21 ou cerca de R$ 86 na cotação atual. Com o apoio da família e de vizinhos, ele percorreu uma distância estimada em 780 quilômetros.

Medi Bastoni usou um artefato sobre os ombros em que colocou um retrovisor para evitar acidentes pelo caminho. Foto: Achmad Ibrahim/AP Photo

No caminho, ele passou por quatro províncias e inúmeros povoados com a ajuda de um artefato que colocou sobre os ombros para pendurar um espelho retrovisor. A cada dia, Bastoni contou com o apoio de moradores que encontrava pelo trajeto, que lhe ofereciam alimentos, pediam fotos ou permitiam que ele dormisse em suas casas. Enquanto isso, o homem registrava tudo em suas redes sociais.

O cansaço e o inchaço das pernas forçaram o indonésio a descansar por vários dias e prejudicou seu plano de chegar à capital antes do dia 17 de agosto, Dia da Independência da Indonésia. Na ocasião, ele teria se encontrado com o presidente Joko Widodo. No entanto, Bastoni espera se reunir pessoalmente com o chefe do executivo para garantir seu apoio à operação de reflorestamento em Willis.

O desmatamento da floresta tropical primária no país asiático foi reduzido nos últimos anos após um aumento nas políticas governamentais para a sua conservação, embora seja o terceiro país que perdeu mais florestas tropicais em 2018 com 340 mil hectares, segundo o World Resources Institute.

Porém, o Greenpeace adverte que a redução também se deve a fatores climáticos e ao preço do óleo de palma, indústria que tem sido responsável em várias ocasiões por queimar florestas para obter terras propícias para a agricultura.

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