PUBLICIDADE

Grupo ajuda mulheres atingidas pela crise do coronavírus a pagar boletos

A ideia surgiu em meio à pandemia ; as postagens vão de pedidos de ajuda a oferecimento de serviços

Por João Pedro Malar
Atualização:
O grupo pagou duas contas e dois aluguéis da professora de pilatese dança Vera Carvalho Foto: Imagem de arquivo pessoal cedida para Estadão

Um dos efeitos do isolamento social que a pandemia do novo coronavírus tem gerado é um impacto econômico, em especial para trabalhadores informais ou autônomos. Buscando ajudar as mulheres que se encaixam nesse grupo, foi criado o Boleto+1.

PUBLICIDADE

A ideia do grupo do Facebook, criado na terça-feira, 17, é reunir pessoas que estão precisando de ajuda, em especial financeira, com pessoas que tenham condições de ajudar. “A ideia inicial era chamar as redes de amigos para que, entre eles, pudéssemos conversar e ajudar a pagar contas”, explica Janaina Kremer, professora de teatro e atriz.

Foi a partir de uma publicação de Janaina na segunda, 16, que a ideia para criar o grupo surgiu. “Eu fiquei aflita ao ver o problema dessas pessoas, que precisaram parar de trabalhar. Questionei o que poderia ser feito”, explica ela. A sugestão veio de uma amiga, Livia Pasqual, que sugeriu organizar um grupo.

Logo depois, a sugestão foi posta em prática. Além de Janaina e Livia, Priscila Guerra e Tatiana Masaad Nequete foram responsáveis por fundar e agora organizam o grupo, também com a ajuda de Caroline Falero. Janaina vive no interior do Rio Grande do Sul, enquanto Priscila, Tatiana e Livia vivem na capital do Estado e Caroline vive em São Paulo.

Janaina comenta que ficou surpresa com a dimensão que o grupo tomou. Hoje são mais de seis mil membros, de diversos estados. O crescimento já faz o grupo pensar que, em breve, precisarão de mais pessoas para ajudar a cuidar do grupo.

Ela também comenta que, apesar do objetivo ser ajudar mulheres, que geralmente precisam sustentar e cuidar da casa, dos filhos e dos pais - além de trabalhar -, homens também podem entrar no grupo, mas apenas para ajudar. 

Uma das beneficiadas foi Vera Carvalho, que ministra aulas de pilates, dança e movimento. Ela teve que se mudar para o interior do Rio Grande do Sul para cuidar da mãe, e perdeu todos os seus clientes. Com dificuldade para encontrar novos e a perda de um espaço onde realizaria aulas, fechado devido ao novo coronavírus, ela fez uma publicação pedindo ajuda.

Publicidade

“A resposta foi imediata, super rápida, uma coisa comovente, tocante, de conhecidos e desconhecidos que se disponibilizaram a pagar as contas”, conta ela. Além disso, Vera também divulgou suas aulas, que podem ser feitas pela internet, e conseguiu vários alunos que, em quarentena, buscam atividades para desenvolver. Alguns quiseram fazer apenas uma aula, mas outros já pagaram por um mês.

As ajudas se manifestam de diferentes formas. Algumas pessoas oferecem dinheiro, outras oferecem transporte, ou comida. Também há pessoas oferecendo aulas, gratuitas e pagas, além de publicações com depoimentos e agradecimentos. “Tudo está acontecendo organicamente”, ressalta Janaina.

A professora recebeu relatos de amigas próximas que receberam ajuda graças ao grupo, e também de amigos que ajudaram outros pessoas. Para ela, um lado positivo é esse estímulo à criação de um senso de comunidade e auxílio mútuo, essenciais em tempos de crise.

“Eu gostaria que ninguém precisasse disso, na maioria das vezes quando uma pessoa pede ajuda ela está em uma situação limite, ninguém gosta”, observa Janaina. Entretanto, ela fica feliz por conseguir, de algum modo, ajudar o próximo: “se alguém dormir melhor hoje, que bom”.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Receba no seu email as principais notícias do dia sobre o coronavírus

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.