PUBLICIDADE

É possível manter amizade com ex? Entenda

Sentimentos como fracasso e impotência podem comprometer relação, mas nem tudo está perdido

Por Camila Tuchlinski
Atualização:
A amizade entre ex-companheiros vai depender de como a separação se deu e como ambos elaboram os sentimentos. Foto: Pixabay

O significado da palavra “amizade”, de acordo com o dicionário, é: “sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas”. Em um conceito mais amplo, amizade é a relação afetiva entre os indivíduos e que envolve cumplicidade, proteção e lealdade.  A amizade pode existir entre pais e filhos, irmãos, vizinhos, colegas de escola e trabalho, namorados, cônjuges. As bases para essa relação interpessoal estão, por vezes, na confiança, reciprocidade e compreensão. No quesito amor, quando há uma separação, há quem garanta que é possível manter amizade com ex. Fátima Bernardes já sinalizou que é amiga do ex-marido e ex-companheiro de Jornal Nacional, William Bonner. “É um contato natural de duas pessoas que ficaram amigas depois de 26 anos de casamento”, afirmou a apresentadora da Globo. Recentemente, ao romper um casamento de oito anos, Thiaguinho e Fernanda Souza garantiram que “o amor acabou, mas a amizade permanece”.  Para descobrir quais são os sentimentos envolvidos durante e após a separação entre companheiros, a reportagem do E+ ouviu especialistas no assunto.

VEJA TAMBÉM: Personalidades que garantem que mantém amizade com ex

PUBLICIDADE

Emoções durante e após a separação de um casal

A separação não é apenas separar casas: implica em elaborar as experiências emocionais que rondam a vida afetiva do casal. “A separação, como qualquer outra decisão na vida, precisa ser refletida, compreendida, planejada com responsabilidade. Não cabe recorrer-se a ela de forma impulsiva em busca de alívio imediato. A separação provoca nos cônjuges sentimentos de fracasso, impotência e perda, havendo um luto a ser elaborado”, avalia a psicóloga Elaine Di Sarno, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo Hospital das Clínicas. O psicoterapeuta Luiz Cushnir, que trabalha com casais há mais de 40 anos, afirma que vínculos profundos entre os companheiros só poderão ser mantidos dependendo da sequência de fatos que poderão ocorrer na vida de um ou dos dois. “Como novos relacionamentos que não permitiriam esse tipo de convívio. Ou terem tantas diferenças, problemas econômicos envolvidos, desenvolvimento jurídico da separação que impedirão a sequência com a amizade”, esclarece. 

Quando o casal tem filhos, a relação pode se transformar em cordialidade. Foto: Nappy

É possível manter amizade com ex?

Apesar de haver uma definição sobre o conceito, a percepção de amizade vai variar de indivíduo para indivíduo. Para mim, talvez, a reciprocidade seja importante nessa relação e, para você, talvez não.  Com a experiência clínica, o psicoterapeuta Luiz Cushnir afirma que não dá para dizer que normalmente os casais continuam amigos. “Esse tipo de relação vai depender de uma série de diferentes “status” afetivos do relacionamento e das possibilidades reais que cada um tem para oferecer isso ao outro. Por outro lado, com a separação, abre-se um campo já sem a tensão do compromisso que gerou muitos desentendimentos antes e que agora podem ocorrer melhor e uma maneira amistosa”, considera. Se, no começo da reportagem, você respondeu que é possível manter a amizade com ex, o psicoterapeuta avalia: “Quando estamos com essa possibilidade de amizade, nos deparamos com um nível de maturidade afetiva de ambos que permite que cada um busque seus ideais, sua liberdade no sentir e amar e a realização do seu propósito de vida. Quando não há os ressentimentos e a sensação do engano que se vêm envolvidos, muitas vezes culpabilizando o outro, essa amizade se basearána gratidão do que construíram juntos”.  Se você não acredita na amizade após a separação, Cushnir ressalta: “Muitas vezes, sem o desenvolvimento afetivo, os ex-companheiros ficam fixados nas promessas do outro ou nas próprias necessidades e não dão conta do que o outro não ofereceu nesse relacionamento. Aparecem toda sorte de decepções que se configuram como traições do ideal que cada um tinha. E, então, passam a acusar o outro, impossibilitando o desenvolvimento da amizade. Claro que as justificativas das atitudes do outro têm um significado real, mas atingem a esfera afetiva, que é onde está a amizade possível”, conclui.

Com filhos: relação de amizade ou amigável?

Publicidade

Alguns ex-casais preferem apostar em um relacionamento amigável para que a criança não sofra. Porém, ainda tem muita gente que considera impossível manter a amizade após a separação, mesmo com filhos.  “O importante no processo de separação é deixar os filhos fora do conflito conjugal. Apesar da dor da perda que toda separação provoca, os filhos, quase sempre, são mais capazes de enfrentar a separação dos pais do que estes podem imaginar. Quer os pais estejam casados ou separados, o mais importante para o desenvolvimento emocional dos filhos é a qualidade da relação que se estabelece entre os membros do casal”, alerta a psicóloga Elaine Di Sarno. Luiz Cushnir concorda e acrescenta que os filhos são usados, em alguns casos, como “moeda de troca” ou como “ameaça” pelos cônjuges que não conseguem estabelecer a cordialidade.Respeito, compreensão e autoconhecimento - este que pode ser conquistado na psicoterapia - parecem ser os melhores caminhos, independentemente do desfecho da relação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.