De que forma as diferentes linhas pedagógicas trazem benefícios ao aprendizado das crianças?

Escolas estão adaptando sistemas de ensino para se adequar ao cenário atual

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Por Bárbara Pereira
Atualização:
Diferentes linhas pedagógicas estão promovendo mudanças em seu ensino. Foto: Pixabay / @picjumbo_com

Os métodos de aprendizado estão mudando. Antigamente, os alunos apenas assistiam sentados ao professor despejar conteúdo desenfreadamente na sala de aula. Em seguida, eram submetidos a um questionário para testar sua memorização. Apesar desse método ainda existir, diversas linhas pedagógicas estão apresentando propostas modernas e atualizadas que atraem cada vez mais pais interessados em um novo modelo de ensino. No entanto, de que forma essas diferentes linhas pedagógicas trazem benefícios ao aprendizado das crianças?

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O primeiro modelo de ensino da história é a chamada escola tradicional, que surgiu na Europa no século 18. Inicialmente, esse método ficou conhecido pelo alto rigor nas avaliações e incentivo à competitividade entre os alunos. Entretanto, esse cenário foi mudando à medida em que a sociedade avançava socialmente. "Mesmo as escolas que anteriormente já tiveram uma experiência mais tradicional, estão se reinventando porque há necessidade de trazer novas práticas", explica a pedagoga e diretora-geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho.

Há 70 anos, quando foi criado, o colégio se estabeleceu como uma escola tradicional. Contudo, hoje em dia traz uma série de recursos a serviço das crianças para desenvolver projetos e permitir que elas sejam autoras dessa aprendizagem. "A gente entende que conectividade e interação são elementos fundamentais para trabalhar hoje com as crianças", explica a diretora.

Para a presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Luciana Almeida, esse movimento de mudança é fundamental para qualquer linha pedagógica: "A escola precisa se atualizar e inserir novas práticas de ensino que vão favorecer a aprendizagem das crianças. Elas são da era digital, então a escola precisa considerar esse novo contexto social em que vivemos".

Para acompanhar as tendências da atualidade, a Escola da Vila incorporou a tecnologia para impulsionar o aprendizado dos alunos. "Você tem acesso à construção do conhecimento. A tecnologia precisa ser compreendida para que seja um recurso que faça o estudante aprender diferente", esclarece a diretora pedagógica Fernanda Flores sobre o impacto das inovações. A escola segue um referencial construtivista e baseia-se nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget, um dos mais importantes pensadores do século 20.

Atenção total ao aluno

Os pais desempenham um papel fundamental na educação dos filhos. A Escola Waldorf Francisco de Assis, por exemplo, não tem fins lucrativos e trabalha com a gestão participativa. Os pais de alunos podem atuar na parte administrativa e estabelecer um diálogo mais próximo com a escola.

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A pedagogia Waldorf foi criada a partir das ideias do filósofo austríaco Rudolf Steiner e baseia-se principalmente na inserção da arte ao ambiente escolar. Atividades com música, argila, madeira, teatro, pintura e até marcenaria compõem uma grade curricular interessada no desenvolvimento total da criança para a vida. Justamente por isso, viagens extracurriculares e contato direto com a natureza são prioridades na metodologia Waldorf.

O método de avaliação também difere-se de outras linhas pedagógicas. "Observa-se mais o processo do aluno, como ele se desenvolveu durante a época. É assim que avaliamos o aluno, observando o todo", explica a professora de euritmia e gestora da escola, Denise Seignemartin. A professora ainda acrescenta que um dos objetivos da escola é olhar cada criança como um ser individual, ajudando-a a encontrar suas habilidades.

A escola Montessori possui um olhar bem semelhante, que trabalha com a visão completa do ser humano baseado na observação de seu desenvolvimento. A metodologia foi elaborada por Maria Montessori, uma médica e pedagoga italiana que propôs um ensino ativo. No Brasil, o método ficou popular por volta dos anos 1980 e trouxe recursos materiais criados cientificamente com o objetivo de facilitar o processo de aprendizado nas diferentes áreas do conhecimento.

Um de seus diferenciais está na composição das salas de aula. "A escola montessoriana trabalha com agrupamentos, com uma média de três anos de diferença", diz Sonia Maria Braga, presidente da Organização Montessori do Brasil. Ela explica que a possibilidade de intercâmbio entre os alunos torna o ambiente mais rico e poderoso, onde o aluno tem a liberdade de se desenvolver de acordo com suas necessidades especiais. É nesse ponto que entram os professores: os grandes facilitadores deixam de ser o centro das atenções para dar foco aos alunos. "Como você tem essa dinâmica de sala de aula, o professor tem tempo e espaço para observar o desenvolvimento dos alunos, fazendo registros periódicos", esclarece.

Especialista garante que métodos pedagógicos devem coincidir com educação familiar. Foto: Hans-2

Para a pedagoga Luciana Almeida, não dá para dizer que existe uma linha metodológica melhor que a outra porque isso depende muito da educação familiar. "Quando os pais pensam em uma escola, eles têm que procurar uma abordagem metodológica de acordo com a educação que eles já praticam em casa, para que a escola não seja contraditória às práticas educativas familiares. Quando há esse encontro entre a educação familiar e escolar, o desenvolvimento da criança é favorecido", conclui.

* Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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