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Dançar de rosto colado? Argentina restringe tango em meio a disseminação do coronavírus

'Somos uma sociedade calorosa, que beija e abraça, disse o presidente Alberto Fernández acrescentando que as pessoas precisam expressar sua afeição de uma maneira que não seja física

Por Cassandra Garrison
Atualização:
 

Se é preciso dois para dançar um

tango

, a dança nacional da

Argentina

pode ficar sem um na era do novo 

coronavírus

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As aulas, apresentações e milongas —tradicionais reuniões de tango— foram suspensas na capital Buenos Aires por no mínimo 15 dias, já que a comunidade da dança seguiu o exemplo do governo proibindo eventos públicos.

É algo difícil de aceitar para muitos da capital mundial do tango e de um país em que os cumprimentos físicos, o compartilhamento de cuias de mate e os churrascos são partes essenciais do tecido social.

“Os abraços, os beijos, o mate e o tango —toda a nossa cultura tradicional está comprometida”, disse o dançarino e instrutor de tango Alejandro Ferreyra, de 35 anos, à Reuters.

“Temos que mudar nossa maneira de pensar durante um tempo... há muitas pessoas mais idosas dançando tango nas milongas e fazendo aulas, e eles são a população em risco.”

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A América do Sul, a maioria dela no Hemisfério Sul e no final do verão, está atrás da curva do Hemisfério Norte em número de casos confirmados de coronavírus.

Mas as autoridades não estão correndo riscos. A Argentina, que até agora teve 65 casos de coronavírus e duas mortes, interditou as fronteiras, fechou escolas e proibiu grandes eventos para conter a proliferação do vírus —que já infectou mais de 169 mil pessoas globalmente, está levando países a exigir que a população fique em quarentena e abalando os mercados.

A suspensão do tango ameaça o símbolo mais famoso da cultura romântica argentina. Dançado em esquinas, praças e teatros, o tango costuma atrair a Buenos Aires levas de visitantes que querem ter um vislumbre da atração, ou arriscar alguns passos.

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Pessoas de todas as idades dançam ao som da música apaixonada nas milongas da cidade, abraçando-se, muitas vezes de rosto colado.

Mas em um nova era de distanciamento social, o presidente Alberto Fernández alertou os compatriotas a não se aproximarem demais.

“Somos uma sociedade calorosa, que beija e abraça”, disse o presidente no Twitter, acrescentando que as pessoas precisam expressar sua afeição de uma maneira que não seja física —“pelo menos durante algum tempo”.

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Ferreyra é um de milhares de profissionais da indústria que viram seu sustento atingido. Ele e sua parceira de dança foram obrigados a cancelar aulas em Buenos Aires, além de adiar uma turnê de eventos de tango no Oriente Médio, na Europa e na Ásia.

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