Um vídeo em que duplas de cães semelhantes a pit bulls aparecem amarrados a esteiras e correndo exaustivamente um de frente para o outro está gerando polêmica nos Estados Unidos. O material é parte de uma exposição de arte chamada Art and China After 1989 (Arte e China Depois de 1989).
O filme de sete minutos, intitulado Cachorros Que Não Podem Se Tocar, é uma das 150 peças da mostra que será exibida no Museu Guggenheim, em Nova York, a partir de 6 de outubro. A exposição traz, pelo menos, três outros conteúdos ou vídeos com animais vivos.
A peça foi criada pelo controverso casal de artistas Sun Yuan e Peng Yu e foi exibida pela primeira vez em Pequim, em 2003. Muitos grupos ativistas, inclusive artísticos, estão protestando contra a exposição.
A fotógrafa Sophie Gamand, que é defensora dos animais e tem projetos relacionados a cães, criou uma petição para dizer que a peça é cruel e não tem espaço na arte. Ela também lançou as hashtags #TortureIsNotArt e #GuggenheimTortureIsNotArt para criticar a decisão do museu de apresentar o vídeo.
"Arte tem o poder de provocar, desafiar e quebrar limites, e isso é incrível, nós precisamos defender isso. Mas nós também precisamos nos conter e nossas instituições são responsáveis pelo trabalho que está sendo disseminado e pela mensagem que está sendo colocada ali", disse Sophie ao Pix 11 News.
Em comunicado, a Sociedade Norte-Americana de Prevenção à Crueldade Animal disse que o vídeo perpetua o falso estereótipo de que os pit bulls são apenas instrumentos de luta e não o que eles realmente são: "animais afetuosos e leais que desejam nossa atenção e merecem casas seguras e amorosas".
Foi justamente para lutar contra esse estereótipo que Sohie Gamand criou o Pit Bull Flower Power, em que os animais da raça foram fotografados com coroas de flores na cabeça. O objetivo é incentivar a adoção deles.
Em nota, o museu defende a decisão de receber a exposição e afirma que não houve luta na mostra original e a apresentação no Guggenheim é apenas em formato de vídeo. "Refletindo o contexto artístico e político de seu tempo e espaço, Cachorros Que Não Podem Se Tocar é um desafio intencional e um trabalho de arte provocativo que busca examinar e criticar o sistema de poder e controle", diz.
O museu admite que a mostra pode ser perturbadora, mas persiste na ideia de reflexão do porquê os artistas criaram a peça e o que eles estariam dizendo sobre as condições sociais de globalização.
Um canal no YouTube de boicote à exposição postou o vídeo (as imagens podem ser fortes):