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Aos 80 anos, idoso com deficiência vai ao cinema pela primeira vez

Alexandre José Caetano também já conheceu o circo e o Parque Zoobotânico de Teresina, no Piauí; próximo plano da filha é a praia

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Alexandre José da Silva, de 80 anos, e a mulher Hosana Maria de Sousa da Silva, de 68,na primeira vez no cinema. Foto: Imagem cedida por Rosany Caetano

Nascido na zona rural de Landri Sales, a 377 quilômetros ao sul de Teresina, Alexandre José da Silva, de 80 anos, foi ao cinema pela primeira vez nesta semana. O momento foi registrado pela filha do aposentado e publicado nas redes sociais - ele mesmo tem uma página no Facebook.

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Embora prefira a roça e fique "agoniado" quando passa muito tempo na capital do Piauí, o idoso precisa fazer um tratamento de saúde a cada três meses no município. Quando a rotina de consultas e exames ameniza, a filha Rosany Caetano aproveita para levar ele e a mãe, Hosana Maria de Sousa da Silva, de 68 anos, para alguns passeios.

"Ele nem imaginava que existia [cinema]", contou Rosany ao E+. "Mãe ainda sabia que tinha, já trabalhou em casa de médicos em Belo Horizonte, já andou de avião, mas ele não." Dias antes de assistirem à comédia nacional Os Farofeiros, ela levou os pais para conhecer o Zoobotânico de Teresina, onde o pai achou os animais muito menores daqueles que têm na roça.

Em novembro do ano passado, ele também foi pela primeira vez ao circo, onde "ficou impressionado". A próxima aventura que Rosany planeja para os pais é conhecer a praia.

Rosany Caetano ao lado dos pais na primeira ida dele ao cinema. Foto: Imagem cedida por Rosany Caetano

"Ficou mais fácil, principalmente, depois que ele recebeu a cadeira de rodas", disse. O senhor Alexandre tem uma atrofia nas pernas desde os 15 anos de idade, mas só conseguiu uma cadeira de rodas no último mês de dezembro. Além disso, ele foi diagnosticado com câncer de próstata em fevereiro do ano passado.

Apesar disso, não deixou de fazer o que queria. Não completou os estudos, mas "arranha algumas palavras", trabalhou, casou, teve filhos e ainda cuida dos animais que cria em casa, com porcos, galinhas e cabras. "Ele é uma pessoa super ativa, ele é muito conhecido no sul do Estado, porque meu pai não é aquele deficiente que se lamenta", conta Rosany. "Isso é o que me incentiva a buscar o melhor para ele."

Recém-formada em Direito, ela entrou ao lado dos pais na formatura, no ano passado, e um vídeo do momento - quando Alexandre ainda andava com apoio das mãos - viralizou nas redes sociais. O caso repercutiu, inclusive, na mídia internacional, como no americano Daily Mail e em um site da Indonésia.

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E o que ele pensa de tudo isso? "Ele acha o máximo", conta Rosany. "Fica todo se achando. Ele chega no hospital e pergunta  para o médico: 'viu minha filha?'. Tem pessoas querendo tirar foto com ele", diz. Mas antes mesmo de todas essas histórias viralizarem, o aposentado já fazia sucesso pela energia positiva e chegou a ter uma página no Orkut, criada pela filha por conta da admiração que diz que sempre teve pelo pai.

Se depender de Rosany, os pais ainda vão conhecer a praia e muitos outros lugares. "Quero retribuir mais amor, a gente não sabe o dia de amanhã. Quero aproximar ele das melhores coisas", diz.

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