Não se trata de saudar a Semana de Design, recém-concluída, como o início de uma nova era. Nem tampouco é a primeira vez que o design esboça uma atitude de reação diante de circunstâncias adversas. Mas, em Milão, ao contrário do que possa representar em termos de faturamento, a atual crise econômica acabou por representar um ponto de inflexão positivo rumo a um design mais significativo e concreto, mais afeito às necessidades reais (alegria incluída), e menos ao desperdício e à ostentação.Ao menos é a sensação que se tem ao se analisar a produção apresentada na última edição da grande quermesse do design. "A criatividade é o único recurso natural à disposição de nós, italianos. Não por acaso, é a ela que recorremos nos momentos de crise", declara o designer Gaetano Pesce, em seu manifesto estampado na capa da edição comemorativa, por ocasião da abertura do Salão do Móvel, no jornal Corriere della Sera.Foi essa capacidade de se reinventar o assunto de todas as rodas diante dos lançamentos apresentados em Milão. Longe dos ilusionismos e exageros de anos recentes, o design parece retomar a ideia de uma elegância natural, essencial ao móvel. Caem por terra, ao menos por ora, os sofás quilométricos, os acabamentos milionários, os lustres oversized.