É na região serrana do Rio de Janeiro, que Ricardo Graham Ferreira, da oEbanista, trabalha a madeira a partir de técnicas artesanais, aprendidas durante estudos na França e Itália. “A marcenaria é uma atividade muito antiga e especializada. Na Europa do séc. XVI, graças à expansão marítima, o marceneiro começou a ter acesso a madeiras novas como o ébano. O título de ebanista surgiu para qualificar estes artesãos”, conforme afirmou ele, nesta entrevista ao Casa.
O que caracteriza o trabalho de um ebanista? Essencialmente, desenhar e produzir com as próprias mãos um móvel de madeira. Para isso, é necessário reunir uma vasta gama de conhecimentos. É preciso conhecer as ferramentas e as técnicas de marchetaria, os encaixes, entalhes e acabamentos. Eu sou ebanista por formação.
Como esse conhecimento é transmitido? Exclusivamente de forma prática. Tudo que é explicado, que é lido, só tem existência no nosso trabalho se houver experimentação na bancada. Esse ofício só pode ser aprendido se a pessoa colocar a mão na massa. Começa por varrer a oficina: você nunca mais vai esquecer do cheiro do cedro depois de ter a experiência.
O que o fato de você morar e trabalhar no mesmo local determina no seu trabalho? Moro a dois passos da minha oficina. Eu escolhi morar na serra com minha família. Me sinto melhor em lugares mais tranquilos. Esses lugares reúnem muitos saberes. Você se relaciona muito mais com as coisas da natureza, com a agricultura, a jardinagem, os bichos. Também tem a relação com as pessoas. Moro no mesmo distrito que os marceneiros que vêm trabalhar comigo a pé, de bicicleta. Isso possibilita um tempo menos corrido. O tempo artesanal é o tempo da natureza, o tempo do humano.