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Viver em meio à mata

Era esse o desejo de casal de arquitetos ao projetar seu jardim paulistano

Por Natalia Mazzoni
Atualização:
Na fachada lateral da casa, Rodrigo Oliveira destaca a treliça de madeira por onde corre a ipoméia-rubra. O objetivo do projeto foi criar um jardim que evocasse uma mata antiga Foto: Zeca Wittner/Estadão

Um jardim feito para parecer mata. O que restou do terreno onde o casal de arquitetos Yara Ribeiro de Souza Carvalho e Joaquim Ferreira de Souza Júnior ergueu a casa de 600m² que desenhou junto deveria ser assim: um pedaço de verde que atravessasse as janelas, criando a sensação de que aquelas plantas já estavam ali bem antes de a família chegar. 

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Responsável pelo projeto, foi o paisagista Rodrigo Oliveira que levou para lá dezenas de espécies de plantas tropicais para criar um ambiente que, em cada estação do ano, se transforma. “A arquitetura da casa é muito interessante, então, a ideia era criar um caminho verde logo na entrada, para que a construção fosse uma surpresa. O primeiro olhar é para o verde”, diz Oliveira.

Para colocar o plano do casal em prática, seria preciso aproveitar cada pedaço do terreno que circundava a casa, já que os moradores faziam questão de enxergar o jardim de quase todas as janelas do imóvel. “Isso também aumentou a privacidade deles. A casa do vizinho é muito perto, o que, sem dúvida, era um problema, principalmente levando em conta a suíte principal. O jardim resolveu essa questão.”

Como a maioria das plantas florescem na primavera e no verão, o jardim recebe todos os dias a visita de passarinhos. “É como se a gente estivesse em outro lugar. De fato, nem parece que estamos no meio do Jardim Paulistano. Fizemos questão de ter um bom banco para que esse espaço funcionasse como uma continuação do estar, já que a divisão é feita apenas com portas de vidro, que sempre estão abertas”, conta Yara.

Entre as espécies escolhidas para habitar o espaço, as palmeiras de grande porte existentes foram mantidas com satisfação. “Ter essas grandes árvores ao nosso redor foi um privilégio. Elas só reforçaram a sensação de que a vegetação implantada era original, contribuindo para nossa objetivo de construir um jardim que não parece planejado”, explica Oliveira.

 

Para juntar-se às antigas palmeiras, o paisagista levou outras árvores, como a palmito-juçara, cássia-javanesa, mirindiba, quaresmeira-roxa, cássia-imperial e jasmim-manga. “Como arbustos temos o ciclantus, a helicônia-rostrata, o bastão-do-imperador, a medinilla e os filodendros. Na forração usamos renda portuguesa, capim-do-texas e liríope-verde.” 

A variedade de espécies, segundo o arquiteto, cria um microclima, que só precisa de poda regular e de limpeza periódica para a retirada das folhas que caem. “É um jardim para ser contemplado como um elemento natural, não como um trabalho de paisagismo. Gosto quando as pessoas falam que os moradores tiveram muita sorte de encontrar uma vegetação tão diversificada no terreno que compraram. É quando percebo que o trabalho deu certo.”

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