Versace em seu melhor estilo

Casa Casuarina, mansão onde o estilista italiano viveu em Miami, vira clube privê/hotel aberto à visitação pública com guia

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Por Luiz Henrique Ligabue
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Welcome to Casa Casuarina, everybody speaks english? A fala, carregada com sotaque latino, veio de Ariane, uma deslumbrante ítalo-venezuelana de vestido vermelho e prata marcando as curvas do corpanzil. Sincronizado com as boas-vindas chegou o garçom. São 10h30. Manhã de sol, calor e umidade, um típico dia da Flórida. Champanhe com suco de laranja recém-espremida - a "mimosa", um dos mais emblemáticos drinques da coquetelaria internacional - completava o cerimonial de recepção da antiga mansão do estilista Gianni Versace, transformada em clube privé/hotel. A Casa Casuarina é um dos ícones de Miami Beach. Fica no 1.116 da Ocean Drive, no Art Déco District, de frente para o mar. Construída em 1930 por Aden Freeman, arquiteto, filantropo, capitalista e político, é uma homenagem e réplica da Alcázar de Colón, em São Domingos, a primeira casa das Américas, erguida pelo filho de Cristóvão Colombo, Diego, em 1510. Algumas pedras da Alcázar original foram usadas na Casa Casuarina; apenas um detalhe de uma casa cheia deles. Após a morte de Freeman, em 1937, a construção de 22 quartos foi vendida para outro milionário, Jacques Amsterdam, que manteve o ritmo de festas e recepções. Versace entra em cena em 1992, quando conhece a mansão e decide morar ali, pagando por ela US$ 2,5 milhões. Outros US$ 32 milhões foram empregados na reforma, que seguiu uma diretriz clara: todos os materiais, adereços e mesmo os operários deveriam vir da pátria-mãe do novo dono. Na reforma, o estilo espanhol foi substituído por elementos italianos, do clássico ao renascentista. Mosaicos surgiram nas paredes e no piso. A cozinha, transformada em bar, recebeu chão de pastilhas vermelhas e um mosaico com a clássica moldura romana azul e dourada, unindo as cores favoritas de Versace. Quase tudo o que reluz na casa é metal precioso: das ferragens dos banheiros aos desenhos do piso, muito ouro foi usado. Terminada a reforma, o estilista não se deu por satisfeito - faltava uma piscina. Versace comprou um prédio vizinho, demolido em 24 horas. E assim, US$ 3,7 milhões mais tarde, uma nova ala estava pronta. Surgiram a piscina com colunas, afrescos e quatro vasos romanos (dois do século 1); o jardim, com o gigantesco desenho da medusa, um dos símbolos da casa; o gazebo - para proteger Alegra, a filha de Donatella, irmã do estilista, do sol - e a ala familiar. O piso de madeira é uma das marcas dessa parte da mansão, que abriga os aposentos de Donatella, e outros cômodos, todos esbanjando riqueza e extravagância. Ao lado do quarto pode-se ver, no andar inferior, outro piso de mosaico com a esfinge de Poseidon dividindo espaço com um senhor ornado com flores e frutas. Atmosfera rococó O tour, que dura 45 minutos (e custa US$ 50 por pessoa), passa por um dos quartos de hóspedes. No aposento apelidado de "safári", com decoração inspirada na Miami Collection of Mr. Versace, um tapete de leão, com boca e tudo, recebe os visitantes. Cortinas vermelhas e douradas, unidas à pesada mobília, carregam a atmosfera rococó. Na generosa cama, a colcha vermelha "briga" com duas paisagens italianas, próximas da cabeceira. Após o assassinato de Versace - que ocorreu na escadaria de entrada da casa, em 1997 -, a mansão aos poucos alcança uma nova era. A mobília original, vendida em um leilão em Nova York, devolveu alguns milhões aos cofres da família. E, em 2000, Peter Loftin, executivo do ramo das telecomunicações, comprou a casa para um novo e exclusivo empreendimento. Assim nasceu o hotel da Casa Casuarina, que, funcionando no sistema de private membership club, chega a cobrar US$ 10 mil por noite de seus associados. Aos mortais comuns resta a possibilidade, além do tour, de reservar uma mesa no restaurante do lugar. E acessar o site www.casacasuarina.com para passear, com fundo musical new age cigano, por algum dos luxuosos ambientes.

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