Uma vizinha indomada

Transparências que integram a casa à mata. Foco do trabalho de Lua e Pedro Nitsche, em Iporanga

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Por Jennifer Gonzales
Atualização:

Abrir seus interiores para a natureza é a proposta desta casa de veraneio em Iporanga, a 120 Km de São Paulo. O desejo dos proprietários, um casal com três filhos adolescentes, era desfrutar os fins de semana no litoral, num local com generoso espaço de lazer e que, ao mesmo tempo, preservasse o máximo de Mata Atlântica nativa no terreno de 1,2 mil m². Para isso, a dupla de arquitetos Lua e Pedro Nitsche projetou um imóvel em três níveis com 252 m² de área interna - um total de 554 m² construídos, incluindo varandas e piscina. "Eles queriam uma habitação funcional, repleta de espaços integrados e com cinco suítes, sendo uma para hóspedes", lembra Lua. "Optamos por uma casa onde tudo é aparente, isto é, nada foi camuflado ou escondido, inclusive a estrutura." Uma das vantagens desse tipo de arquitetura, segundo a profissional, é que exige menos trabalho de manutenção. "De outro lado, a obra tem de ser bem-feita, caso contrário os erros saltam à vista", enfatiza. Elementos como os quatro pilares de concreto que erguem a construção, por exemplo, fazem parte da linguagem estética da residência. "Os donos queriam que a fundação ficasse elevada do solo porque o terreno é extremamente úmido", observa Lua. O térreo é delimitado por painéis de vidro fixos por caixilhos de alumínio (na Unibox, preço sob consulta), que contam com duas portas de correr, integrando living e cozinha à área externa. "A sensação é de estar numa varanda totalmente aberta e sem limites", diz a arquiteta. Uma espécie de caixa suspensa de madeira (painéis Wall, da Eternit, R$ 193 a placa de 2,50 m x 1,20 m, na Leo Madeiras), onde ficam as cinco suítes, forma o andar superior, enquanto o terceiro piso, na base do terreno, abriga lavanderia e dependências de empregados (com copa e cozinha). "No futuro, o casal pretende acrescentar, nessa área, uma sala de TV, fechada em vidro", diz Lua. Voltada para a rua, a cozinha ganhou privacidade com a instalação de um painel de concreto celular. Nesse espaço, a bancada de teca certificada (da Eco Leo, o tampo de 2,25 m x 1,20 m custa R$ 563), desenhada pelos arquitetos, abriga, na parte de baixo, prateleiras de metal para guardar louças e utensílios de mesa (Serralheria Janos Biezok, R$ 75 o m²). De frente para essa peça (uma das favoritas da proprietária) estão duas mesas de refeições, feitas de ferro (da mesma serralheria) e com tampo de pedra verde guatemala (nas medidas 1,60 m x 1,60 m, R$ 2,5 mil, na Pedras Amazonas). As cadeiras são de design italiano (da Rimadésio, o modelo Nina custa R$ 465). Quartos pequenos Não uma, mas três escadas metálicas (outro trabalho de Janos Biezok) dão acesso aos andares superior e inferior. Duas delas levam ao pavimento dos dormitórios; a primeira escada fica ao lado da entrada principal, enquanto a outra, conecta as suítes diretamente à área externa da piscina. Os quartos são pequenos, a pedido dos proprietários até porque na praia esses espaços são usados sobretudo para descansar. O fim do corredor conduz à suíte master, que tem a bancada da pia fora do banheiro e também do quarto. "Essa posição dá flexibilidade de uso para o casal", diz Lua. Ainda no corredor, a natureza invade os interiores graças à presença marcante do vidro, enquanto os painéis de madeira que separam o eixo de circulação entre as suítes são revestidos por placa de concreto aerado. "Optamos pelo uso de materiais pré-moldados, que podem ser montados na obra, em vez de fazer a moldagem in loco", diz Lua, referindo-se ao uso reduzido de concreto, empregado apenas na fundação e na laje do térreo. Na área externa de lazer, a separação com a rua é marcada por um ripado de madeira, que valoriza o ar contemporâneo da casa.

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