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Um novo jeito de criar tapetes

Jürgen Dahlmanns projeta suas peças, que serão expostas na By Kamy, como obras de arquitetura

Por Marcelo Lima
Atualização:

Uma obra de arte sobre o chão. Apesar de não desprovida de sentido, a expressão soa inexata ao se observar mais de perto o trabalho do designer Jürgen Dahlmanns, que desembarca no Brasil neste mês, a convite da By Kamy. Ao contrário de uma tela, é de tridimensionalidade - e, por que não, de arquitetura - que nos falam seus delicados tapetes "projetados" em Berlim, mas feitos no Nepal.

 

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"Ao desenhar um tapete penso como arquiteto. Trabalho como se fosse uma planta: estudo as relações dos formatos com os ambientes e dos desenhos com uma possível disposição de móveis. Sobre e ao redor deles. Crio zonas de escape, de vazios, mas também de concentração", conta Dahlmanns, holandês radicado na Alemanha, onde também se graduou em Ciência Política.

 

Frente a frente com suas criações, o aspecto construtivo de seu trabalho se torna ainda mais evidente: as cores se distribuem em camadas. Os fios, de lã e seda, ganham alturas diferenciadas. Os brilhos variam de acordo com o ponto de observação. Acabam, enfim, por constituir uma micropaisagem. "Meus tapetes são rebeldes, mas inteligentes. A mesma combinação que eu admiro tanto nas pessoas", acrescenta.

 

Batizada de Rug Addict (ou Viciado em Tapete), a coleção em exposição no showroom By Kamy, contempla os mais recentes trabalhos do artista, mas também exemplares de sua coleção anterior, a Love Story. A bem da verdade, uma história que ainda não acabou. Teve início em sua primeira viagem ao Nepal, aos 23 anos, quando adquiriu, de uma só vez, 24 tapetes - e continua até hoje.

 

"Passei a conviver intimamente com meus tapetes. Era um momento de questionamento na minha vida. Não me sentia mais satisfeito em trabalhar apenas como arquiteto e vi que aqueles tapetes representavam um caminho", lembra ele. Consequência de sua paixão pela tecelagem artesanal, Dahlmanns empreendeu várias viagens à China e ao Nepal até que, em 2002, decidiu criar sua marca própria, a Rug Star.

 

Seguindo seus passos, com o passar do tempo, toda a sua equipe ficou igualmente "viciada" em tapetes. Uma sintonia que ele faz questão de incentivar, com base na tradição dos melhores artesãos tibetanos. "Trabalhamos dentro de uma atmosfera familiar, como acontece no Tibete, onde a produção de uma única peça pode consumir até quatro meses de trabalho."

 

Além da excelência do produto final, a personalidade que o designer imprime a cada um de seus trabalhos foi um dos aspectos que mais influenciaram o convite do casal Francesca Alzati e Kamyar Abrarpour, da By Kamy, que a partir de agora vai representar Jürgen no Brasil. "Conheço bem tapetes, mas esse grau de modernidade, associado a um tapete tibetano, é algo raro de encontrar", afirma Abrarpour.

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Uma exclusividade que tem lá seu preço - como acontece com os tapetes convencionais, o preço das obras, cotados por m², custa a partir de R$ 2 mil -, mas que comporta também seus diferenciais. Rigoroso quanto ao cumprimento das normas trabalhistas no Nepal, a empresa de Dahlmanns só contrata maiores de idade, a quem faz questão de assegurar condições dignas de trabalho.

 

Um padrão de atuação atestado pela licença Rug Mark: distinção local que posiciona sua companhia no segundo lugar do ranking das melhores empresas para se trabalhar. "Para quem deve trabalhar concentrado, nó por nó, a harmonia no local de trabalho é essencial. E isso definitivamente se reflete na qualidade dos meus tapetes."

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