Talento em design

Em março, no MCB, reedição de mostra sobre Santos Dumont, assinada por Guto Lacaz, exibe o lado designer do inventor

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Por ROBERTA DE LUCCA
Atualização:

Santos Dumont não foi apenas aquele que inventou o avião. Mais que isso, ele foi, na visão do artista plástico Guto Lacaz, um pioneiro do design no Brasil. Tanto que o Museu da Casa Brasileira sedia, de 24 de março a 3 de maio, a reedição da exposição Santos = Dumont designer, concebida por Guto em 2006 para o mesmo museu. O artista, que há quase 20 anos estuda vida e obra de Dumont, percebeu esse outro lado, após ganhar o livro Meus Balões, de autoria do inventor. "Com o livro, caiu a ficha de que os projetos dele tinham design bem pensado; não eram formas ao acaso", explica Guto. A mostra original, que tirou partido da comemoração dos 100 anos do primeiro voo do 14-Bis, foi um sucesso: atraiu mais de 40 mil visitantes, um dos maiores públicos da história do museu. Quem esteve lá viu réplicas de 22 aeronaves, além de curiosidades assinadas por Santos Dumont, como o Conversor Marciano (pequeno motor carregado nas costas, como se fosse uma mochila, capaz de movimentar esquis de neve, sem requerer esforço físico) e o Mobiliário Alto (conjunto de cadeiras, mesa e escada de pés produzido em uma altura superior à convencional) - por sinal, a única incursão no setor moveleiro de Dumont. "O Mobiliário Alto ainda é um enigma, pois dispomos apenas de duas fotos... Parece que ele gostava de receber amigos para o chá ou refeições usando esses móveis", conta Guto. Agora, a mostra ganhará uma "versão turbinada" em razão da tecnologia. Haverá, por exemplo, 12 TVs de plasma com filmes que registraram os voos das aeronaves, um simulador dos voos do 14-Bis e do Demoiselle e a animação do funcionamento do Conversor Marciano. "Também teremos maquetes tridimensionais eletrônicas que exibirão as aeronaves de vários ângulos. Com o recurso digital, o público poderá entender ainda mais o funcionamento de cada invenção", conta Guto, satisfeito com o fato de o projeto ser apresentado depois em São José dos Campos e Campinas, entre outras cidades do interior paulista. "A mostra é uma maneira de preservar o trabalho de Santos Dumont. Acho uma vergonha o Brasil não ter um lugar para ele, nem um museu sequer", opina.

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