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Sobrado novo em folha

Repaginado por uma reforma radical, antigo imóvel no bairro do Jardim Paulistano ganha feições contemporâneas

Por Marcelo Lima
Atualização:
Living projetado pela arquiteta Clara Reynaldo, com poltronas, juntas, da Ovo Foto: Zeca Wittner/Estadão

Em sua primeira visita àquele imóvel, recém adquirido pelo casal de amigos no Jardim Paulistano, em São Paulo, a arquiteta Clara Reynaldo recorda que o cenário era desolador. “Existiam ecos da arquitetura residencial da década de 1950, mas apenas ecos. Na maior parte da casa prevalecia uma sucessão de estilos sem a menor identidade. A reforma era inevitável”, sintetiza ela.

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Não que a proximidade com os clientes não tenha ajudado. Para imprimir transformações tão radicais a um sobrado como aquele, situado em área nobre da cidade, mas completamente inadequado para atender às necessidades de um jovem casal, com uma filha pequena, era preciso mais do que determinação e audácia. Era fundamental contar com total cumplicidade. 

Contar com mais luz foi, desde o início, consenso. Tanto a arquiteta quanto os proprietários sentiam a necessidade de deixar a casa bem mais iluminada. Também era claro que existiam áreas na construção que simplesmente não faziam mais o menor sentido. Caso de uma despensa, abaixo da escada, ou de uma cozinha fechada, com entrada única pelo corredor, janela diminuta e porta de saída para área externa.

E foi assim que, com total aval dos proprietários, Clara empreendeu, em pouco mais de oito meses, transformações radicais na estrutura do imóvel. Grandes áreas envidraçadas foram abertas e pequenas janelas, descontínuas e irregulares, substituídas por portas de correr de parede a parede. 

A sala de jantar, por exemplo, passou a ter acesso direto ao corredor lateral. “Para eles, trata-se de uma situação completamente nova e agradável. Hoje dizem se sentir comendo ao ar livre”, comenta a arquiteta. (Continue lendo a matéria depois da galeria.)

A área da escada foi totalmente remodelada. “O antigo lavabo e o depósito espremiam a cozinha e a sala de jantar, dentro do bloco principal. Posicionando o lavabo e a escada em um bloco único, além de delimitar uma área marcante na casa – notada interna e externamente –, conseguimos abrir mais espaço para a cozinha. Um ambiente da maior importância para a família”, diz.

Como nenhum outro, o setor da edícula foi o que sofreu intervenções mais radicais. “A edícula não significava nada para eles”, admite a arquiteta. “O térreo contava com quarto e uma lavanderia ao lado. Um corredor entre esses dois espaços dava acesso a um recuo cimentado, equipado com uma churrasqueira, mas em nada integrada com o restante da casa”, conta Clara.

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Demolido o quarto, a churrasqueira foi integrada à área, que se transformou em uma espécie de family room, com acesso direto a um jardim. “A ideia foi conceber um ambiente de uso múltiplo voltado para o lazer da família. Por isso, resolvemos ‘esquentar’ a ambientação, adotando uma cortina de palha para revestir o teto e uma parede de ladrilhos hidráulicos estampados .”

O quarto, que ficava acima desse espaço – antes acessado por uma escada caracol externa, de metal –, foi totalmente integrado ao andar superior do bloco principal por meio de uma passarela, sempre bem iluminada: além de vidro do piso ao teto, a área de transição recebeu iluminação especial para demarcar o volume à noite. “Aquele quarto, antes sem uso, abriu espaço para a montagem da suíte do casal, equipada com closet e banho. Ficou irreconhecível”, conta ela.

Na radical metamorfose empreendida por Clara, grande ênfase foi dada aos revestimentos. Madeira nos pisos das áreas sociais e quartos. Ladrilho hidráulico liso no piso da family room. Além de outro, revestindo a parede principal, desenhado pelo artista plástico Fábio Flaks. Concluídas as obras, uma constatação: “Diria que este sobrado rejuvenesceu bem uns 60 anos”, brinca a arquiteta.

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