Sinal dos tempos

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Por Marcelo Lima
Atualização:
SAO PAULO 30/4/2014 HM COLLECTION SUPLEMENTOCASA SUPLEMENTOCASA& SUPLEMNTO CASA NA FOTO HM COLLECTION FOTO FOTO Nicholas Calcott Foto: Divulgação

 

Desenhada pelo casal Charles e Ray Eames na década de 1950, a cadeira Concha, pode ser considerada seguramente um dos móveis mais bem sucedidos de toda a história do design. Moldada originalmente em fibra de vidro, teve, no entanto, sua produção descontinuada quando os riscos ambientais associados à sua fabricação passaram a falar mais alto.

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Fora do mercado até que um processo de obtenção mais adequado pudesse ser encontrado, ela retornou em grande forma em 2004, desta vez de polipropileno. Um plástico 100% reciclável que, de quebra, dotou o móvel de uma textura macia, durabilidade inédita e uma cartela de cores mais atual.

Emblemática, a metamorfose da Concha sinalizou também uma espécie de volta às origens para a Herman Miller, empresa fundada por George Nelson, em 1948, com o objetivo expresso de viabilizar “uma coleção de móveis projetados para atender a todos os requisitos da vida moderna”, mas que por décadas vinha concentrando seus lançamentos no setor corporativo.

“Ele entendeu, lá atrás, que não só os materiais e tecnologias iriam evoluir, mas também o comportamento humano”, diz Carla Barbosa, diretora de marketing da Herman Miller para a América Latina. “O que talvez ele não pudesse imaginar era o grau de integração que a vida privada e o trabalho acabariam por atingir”, comenta.

 

De fato, longe dos anos dourados vividos por Nelson, morar e trabalhar há muito deixaram de ser atividades desassociadas. “Não é mais uma questão de lugar. Mas de quando essas duas atividades vão acontecer simultaneamente”, pontua Carla. Daí a atual preocupação da Herman Miller de abastecer o mercado com móveis adaptados aos novos tempos.

Peças capazes de circular com plena desenvoltura entre a sala e o escritório, ocupando todos os espaços da vida contemporânea. Na coleção lançada pela empresa este ano, por exemplo, além da Concha, que reapareceu em versão ainda mais sustentável e volátil, outro clássico, o pufe Color Wheel Ottoman, desenhado por Alexander Girard em 1967, também ganha sua reedição.

Surpreendentemente atual em tempos de espaços racionalizados, o pufe excede em versatilidade: além do irresistível apelo vintage, a peça funciona como mesa de centro, apoio para os pés ou assento extra. “Ao retomarmos a produção dessas peças, nos preocupamos não só em atender às determinações dos designers, mas também aos nossos padrões atuais de sustentabilidade”, complementa a diretora.

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Nesse sentido, além de reciclar muitas das preciosidades disponíveis em seus arquivos, a empresa americana tem, na última década, investindo pesado na ampliação de seu elenco de designers. Este ano, além de uma nova coleção de estofados (poltrona, sofá e cadeira), a Bolster, projetada pelo estúdio Bassam Fellows, a série inédita de mesas Polygon, do Studio 7.5, de Berlim, acaba de ser lançada.

Em essência, móveis sem maiores pretensões que a de proporcionar a seus usuários momentos de relaxamento e conforto, longe de todos e quaisquer excessos. Sejam eles formais ou estilísticos. “São peças projetadas por designers e estúdios de hoje, mas que compartilham dos mesmos ideais defendidos pela Herman Miller ao longo de sua história. São eles que vão proporcionar uma ponte entre nosso passado e nosso futuro”, acredita Carla. 

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