Intimista na medida, apartamento aposta em luz pontual e tons de preto

Apartamento de 70 m² incorporou o estilo de vida ousado e sofisticado e seus donos, um casal jovem e bem-sucedido; iluminação do imóvel foi pensada para morador que tem hipersensibilidade a luz

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Por Roberta Cardoso
Atualização:

Poucas vezes o arquiteto Michel Safatle se viu diante de tal desafio: acomodar em um apartamento de 70 m² na Vila Olímpia, o estilo de vida de um casal jovem e bem sucedido (ele, advogado atuante nas áreas artística e esportiva; ela, modelo), em constante trânsito entre Rio de Janeiro e São Paulo e em não menos frequentes viagens da dupla pelo exterior.  Bem ao gosto de Safatle, que adora transgredir, a demanda culminou, como não poderia deixar de ser, em um projeto ao mesmo tempo ousado e comedido no uso de cores e onde a iluminação e a escolha do mobiliário refletem não só o universo de sensualidade e glamour no qual orbita o casal, mas também as bem definidas escolhas estéticas do arquiteto. “É um projeto dinâmico, para pessoas em permanente trânsito, mas sem cara de provisório. Ainda assim, imaginei que num futuro próximo eles podem ir para outro endereço, por isso tivemos o cuidado de não colocar nada definitivo e que não pudesse, eventualmente, ser transportado”, conta Safatle.

Parade que liga a sala de estar ganhou textura; cores se misturam e dão a temperatura de todo o apartamento. 

Rebaixada na medida, a temperatura da casa é ditada pela iluminação dimerizada em todos os ambientes, inclusive no banheiro. O proprietário sofre de hipersensibilidade à luz, o que desafiou o arquiteto a criar uma linguagem esteticamente atraente, mas que respeitasse as necessidades de conforto visual do morador.Veja galeria de fotos; iluminação do apartamento foi pensada para combater fotofobia do morador

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Para levar a luz a cada ponto desejado do apartamento, a fiação aparente foi a solução encontrada. Assim, a partir de um ponto inicial de luz, foram feitas ramificações, mas não de forma aleatória. Projetado pelo arquiteto, o sistema criou um grafismo no teto, que sugere uma espécie de ‘caminho’ até o estelar lustre de murano que reina soberano do centro da sala de jantar.  “Se você reparar, não tem foco de luz sobre nenhum assento. Elas (as luzes) lavam as paredes. E também não é necessário quebrar tudo para conectar ambientes. Além de tudo, o grafismo da iluminação participa da decoração”, pontua Safatle que também se esmerou na escolha das cores, de forma a criar um diálogo com a iluminação. O uso de tons mais fechados ou neutros, como preto, verde militar, cinza neblina, prata, branco queimado e o caramelo, pode ser visto na parede principal da área de estar em uma mistura inspirada que ajudou na escolha e disposição dos móveis e telas de arte. Mexemos na planta e fechamos a varanda, mas uma obra não se resume a somente isso. Cobrimos as paredes com stucco – revestimento decorativo com aspecto marmorizado – que é, em si, também um elemento decorativo”, diz. Sem falar do jogo de espelhos fumê, dispostos em paralelo, logo na entrada e também na suíte, o que sugere uma sensação de realeza e amplitude.

A funcionalidade, no entanto, não foi esquecida. A cozinha ganhou bastante atenção. Como a moradora, que fica mais tempo em casa, gosta de cozinhar, Michel instalou uma coifa tão discreta no ambiente que quase nem aparece. “O fato de ser o meu terceiro projeto para o morador ajudou em tudo. Consegui aproveitar o sofá italiano que ele tinha, as poltronas da sala de jantar. E a história deve se repetir caso eles desejem, mais para frente, migrar para outra casa. Tudo tem muita qualidade”, considera o arquiteto.  A mescla de referências e a afinidade com o mundo da moda no processo criativo do autor do projeto são transparentes em vários momentos da decoração, como nas arandelas art déco que conversam como uma gravura de caveira assinada por Damien Hirst, enquanto as cadeiras de aço inox dividem espaço com uma cômoda de madrepérola garimpada por Michel em um antiquário.  Até as telas que deliberadamente exibem diversos corpos dizem respeito ao universo de seus moradores. “Eles gostam muito de arte, mas também são muito fitness”, brinca Safatle.

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