PUBLICIDADE

Sempre cabe um jardim

É só pôr a imaginação para funcionar: criar um cenário verde é possível em qualquer espaço

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

.

Reportagem de Marisa Vieira da Costa

Produção de Maria Regina Notolini

Fotos de Zeca Wittner

 

PUBLICIDADE

Falta de espaço não serve de desculpa: poucos metros quadrados são suficientes para criar um jardim e mudar o astral de uma casa. Paisagistas fazem milagres com o mínimo e garantem que sempre há uma solução para compor um cenário verde. "É só botar a imaginação para funcionar", afirma a paisagista Luciene Vila Wertheim.

 

A partir daí vale tudo – quintal, varanda, sacadinha, canto, corredor perdido, parede, laje. "E não existem desculpas", insiste Luciene. "Se o tanque e a máquina de lavar estragam o visual, é só isolar a lavanderia com uma cerca viva ou um painel de treliça com vasinhos, por exemplo. Se não der para ter flores e espécies exuberantes, contente-se com vasos de flores e folhagens bem distribuídos sobre uma mesa bonita e um canteiro de temperos."

 

 

O mercado está abarrotado de peças e materiais usados para se montar pequenos jardins. Além dos entrepostos e grandes revendedores, em qualquer bairro é possível encontrar lojas que vendem vasos, suportes, painéis para compor quadros-vivos, pedras, pedriscos, cascas de árvore, terra, adubos, além de um sem número de objetos de decoração e, é claro, uma variedade infinita de plantas. "Como São Paulo é uma cidade de clima subtropical, muitas, mas muitas espécies mesmo, se dão bem aqui", diz ela.Numa atitude quase desafiadora, a paisagista colocou um jardim com fonte e tudo no banheiro da suíte de uma casa na Aclimação. O box, grande, se integra, por meio de porta de vidro de correr a um pequeno espaço com pérgola, fonte, costelas-de-adão, marantas, pacovás e forração de cedrinho e tostão. Na entrada da mesma casa, ela aproveitou uma lateral de 8 m² para fazer um jardinzinho separado do hall por um pano de vidro. Na parede, para dar profundidade, foi pintado um trompe d’oeil suave de um jardim italiano que se junta com a fonte, os ciprestes, o maciço de costelas-de-adão, as camélias, bromélias, a forração de marantas e pedras de rio.

 

Publicidade

 

Usar frutíferas é outra boa opção para pequenos espaços. E foi isso que fez o paisagista Odilon Claro quando, há dois anos, começou a transformar o quintal vazio de um sobrado nos Jardins num lugar agradável. Pintou as paredes de um tom de rosa fechado para ganhar um ar toscano, colocou pisadas de concreto entremeadas de seixos no chão e foi espalhando espécies. Nos fundos, direto na terra, plantou jabuticabeira, murta, íris e clerodendro. Em vasos, entre outras, romã, para atrair passarinhos. Pôs floreira com thumbergia erecta (que dá uma flor roxa com miolo amarelo) ao longo de um corredor e, junto à pérgola, o pé de jasmim sobe, se entrelaça pela madeira e chega à janela de uma edícula. Na parede, o quadro vivo de fibra de coco abriga ripsális, columeia, orquídeas, violeta e dinheiro-em-penca.

 

 

 

Odilon diz que jardins pequenos devem ser muito bem projetados para não atrapalhar a circulação e que a escolha das espécies é muito importante. Por isso, Cristina Araújo pesquisou muito ao ser contratada para projetar uma cobertura no Morumbi. Como era preciso garantir a segurança das crianças, a paisagista cercou toda a área com treliças de ipê em forma de módulos. "Aí pensei em plantas que não fossem perigosas (as venenosas e as que têm espinhos), de fácil manutenção e cujas raízes não comprometessem o sistema de escoamento de água do prédio" diz Cristina. Próximo da escada que leva à piscina, alinhou quatro vasos de buxinho topiado para servir de "cerca" para as crianças. Em vasos, distribuiu laranjinha- kinkã e cerejinha do Rio Grande e, num painel de treliça, pôs vasinhos de cerâmica vitrificada com hera, ripsális, arpago e jasmim. Para fazer o jogo de volume, uma iuca.

 

Jardim no banheiro de uma casa na Aclimação. À esq., jardim na entrada do ateliê da ceramista Vanisa Avanzo, com fonte, mandalas, vasos e plantas de várias espécies; destaque para a pendente, no meio: a diferente flor-de-cera retorcida

 

Pequenos jardins não precisam, necessariamente, ficar na parte de trás da casa. E o ateliê da ceramista Vanisa Cury Avanzo, numa movimentada rua do Morumbi, é exemplo disso. Quem passa na frente do sobradinho onde ela trabalha e expõe suas obras é atraído pelo visual da entrada. "Aqui era uma garagem, que pusemos abaixo", explica a artista plástica, que, com o marido e o paisagista Bruno Carettoni, montou o jardim que atrai fregueses.

 

PUBLICIDADE

Romãzeira em vaso no jardim projetado por Odilon Claro. À direita, o tom rosa fechado das paredes remete à Toscana, assim como a trepadeira e os vasinhos em moldura branca

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

 

Quebrado o piso, foi criado um caminho sinuoso de cimento queimado, com juntas de cerâmica e incrustração de lajotinhas feitas por Vanisa. Num canto, um laguinho foi montado para que ela expusesse a fonte chamada DNA; do lado oposto, Bruno criou um gazebo, onde se destacam mandalas, um grande vaso com a exótica espécie chamada peixinho. Nas paredes, suportes de ferro galvanizado guardam vasos em forma de cone. Dentro de um deles, ripsális, a bela e diferente flor-de-cera retorcida, orquídeas e suculentas; em outro, a horta vertical abriga salsinha, cebolinha, hortelã, manjericão, orégano, tominho e morango. Isolada e bela, um minipata-de-elefante. No chão, dinheiro-em-penca, bromélias e pacovás.

 

"Tem gente que vem para ver a cerâmica e quer reproduzir esse jardim em casa", diz Vanisa, que vai expor suas peças na 12ª Fiaflora ExpoGarden, feira internacional de paisagismo, jardinagem, lazer e floricultura, que vai de quinta-feira até domingo, no Anhembi.

 

VERDE NA VARANDA

Exemplo de como se pode levar graça com pouco a um jardim. Neste, criado por Odilon Claro, o tom rosa fechado das paredes remete à Toscana, assim como a trepadeira e os vasinhos em moldura Branca

 

DICAS PARA MONTAR UM JARDIM EM CASA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.