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Sediada na zona portuária do Rio, Casacor traz ambientes repletos de memórias e poesia

A 27ª edição da exposição fica aberta à visitação até o dia 30 de novembro

Por Marcelo Lima
Atualização:
Ambiente em exposição na 27ª Casacor Rio Foto: André Nazareth

Antes de ser elevado à categoria de ‘cool’, o Meatpacking District, de Nova York – bairro que vai das margens do rio Hudson até a Hudson Street e da rua 16 até a Gansevoort – não tinha nada de glamouroso. Sede de matadouros e empacotadoras de carne(daí seu nome) no começo do século passado e distrito industrial, desde os anos de 1960, o cenário por lá era de total decadência até a virada do milênio, quando tudo começou a mudar.

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Atraídas pelos baixos aluguéis, boutiques e galerias começaram a se instalar por lá. Hoje, passadas duas décadas, a região é uma das mais valorizadas da cidade. Convertidos em lofts, galpões desativados deram origem a um novo estilo de morar e passaram a atrair moradores endinheirados, além de uma legião de admiradores mundo afora. 

Assim como Nova York, o Rio de Janeiro persegue o mesmo objetivo. Para levar vida e dinamismo à sua zona portuária, uma das regiões mais degradadas, mas, ao mesmo tempo, mais promissoras da cidade, o Rio vem investindo pesado em renovação urbana. Edifícios tecnologicamente avançados, assinados por grandes nomes da arquitetura internacional, como o Museu do Amanhã, do espanhol Santiago Calatrava, começam a transformar a paisagem local e outros estão a caminho. 

“O projeto de revitalização, que se iniciou há sete anos, prevê uma ocupação mista, baseada em trabalho, cultura e moradia. Na sua missão de refletir o estilo de vida carioca, a Casacor Rio não poderia ficar alheia a esse movimento”, afirma Patricia Mayer, sócia-diretora da mostra, que este ano ocupa quatro pavimentos do recém-inaugurado, AQWA Corporate, edifício que leva a assinatura do inglês Norman Foster.

“A arquitetura do prédio, com suas linhas simples, sem excessos, vem ao encontro de nossa proposta de discutir o que é essencial para se viver bem”, observa Patricia Quentel, também diretora da mostra. Em sua 27ª edição, Casacor reúne 41 ambientes: são sete lofts com dimensões que vão de 69 a 99 m², quatro estúdios, de 51 a 62 m², seis espaços de convivência, instalações comerciais e de lazer, além de uma cozinha gourmet, distribuídos, em sua maioria, na cobertura do prédio, a 85 m de altura, com vistas para o mar e para a cidade. Uma condição que não poderia passar mesmo despercebida aos arquitetos participantes, assim como o generoso pé-direito e os amplos panos de vidro. 

“Criamos um apartamento para quem procura não só um dormitório e sim uma experiência. Daí a ideia de criar molduras sem telas. Assim, dependendo do ângulo e ponto de vista do visitante, a paisagem vai sendo enquadrada de maneira diferente dando origem a quadros mutantes”, explica Mário Santos, autor do estúdio Ilha Alta. “O pé-direito duplo nos permitiu criar um jirau, aumentando a área total de 49 m² para 80 m²”, explica André Piva, que assina com Vanessa Borges o Espaço Lumina.

Interessante notar que se por um lado a locação determinou muitas escolhas dos arquitetos, por outro, não interferiu nas suas opções estéticas. O estilo industrial, aplicado aos interiores domésticos, se faz sentir com maior ou menor intensidade, em quase todos os ambientes.

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Mas sempre dentro de uma abordagem suave e afetuosa, no melhor estilo carioca. “Meu lounge é um lugar de acúmulo de memórias”, revela Patricia Fendt, que assina um espaço inspirado nos ‘gabinetes de curiosidades’. Um toque de irresistível nostalgia em cartaz até o dia 30 de novembro no gigante de aço e vidro projetado por Foster na Guanabara.

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