Para Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, amigos na FAU/USP e hoje sócios no FGMF Arquitetos, não faltam motivos para comemorar. Ao completar 15 anos, o escritório do trio desfruta de um reputação rara, tanto no Brasil quanto no exterior. São 310 projetos realizados, publicações em mais de 20 países, além de prêmios e menções em instituições de peso.
Espécie de cereja do bolo, o número 21 da revista Monolito (a incensada publicação de arquitetura, coordenada por Fernando Serapião) vem com recheio especial. Serão 15 projetos FGMF escolhidos a dedo para ilustrar muito do que já foi feito. Mas também apontar o que vem por aí. Como eles adiantaram em entrevista ao Casa.
Como arquitetos, vocês sentem estar produzindo arquitetura brasileira ou arquitetura contemporânea, no caso, no Brasil?
Fernando Forte: Acredito em uma terceira via: somos arquitetos brasileiros produzindo arquitetura contemporânea. Sempre seremos brasileiros e sempre faremos arquitetura contemporânea. Assim, mesmo projetando fora do Brasil, não temos como abrir mão das nossas referências e de nossa forma de pensar, com a generosidade característica dos brasileiros. Ainda que os condicionantes locais sejam diferentes e impliquem em novas abordagens.
Os projetos do FGMF têm se caracterizado pela preocupação em trabalhar o conjunto de cada obra e não apenas em focar um de seus aspectos. Como isso acontece na prática?
Lourenço Gimenes: Para nós, o ponto de partida adotado em cada projeto nunca fica refém de um único fator. Ele é uma composição de diversas ideias, ainda que elas tenham pesos diferentes e nem sempre sejam visíveis ou imediatamente identificáveis. Uma preocupação comum em nossos trabalhos é tentar aprimorar os espaços intermediários nos edifícios. Ou seja, tratar a transição entre dentro e fora por meio de limites pouco rígidos, de forma a sugerir continuidade, integração com o meio.
Vocês desenvolvem intensa atividade internacional. Como veem a inserção da nossa arquitetura contemporânea no mercado internacional? O País já é reconhecido por ela ou continua valorizado, sobretudo, por suas glórias modernistas?
Rodrigo Marcondes Ferraz: De fato, o legado modernista ainda pesa. Entretanto, após um longo período em que os arquitetos brasileiros ficaram um pouco reclusos por aqui, a nova geração ganha cada vez mais espaço no exterior. Considero que a arquitetura brasileira vive um processo de florescimento, de aumento de qualidade. Não me surpreende, portanto, que um número maior de brasileiros seja hoje convidado a participar de congressos ou mesmo a projetar lá fora. Com isso, nossa visibilidade só tende a aumentar.