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Rodeada de estilo

Marcia Barrozo do Amaral mora em imóvel típico dos anos 70, decorado por Sergio Rodrigues

Por Susy Dissat
Atualização:

A artista plástica e marchand Marcia Barrozo do Amaral faz parte da história do Rio de Janeiro. Sua galeria, que leva seu nome, fica no shopping Cassino Atlântico, em Copacabana, e é o meeting point de artistas e colecionadores desde 1974. No começo, eram cinco sócios à frente da GB Arte, que nasceu para apresentar o trabalho brasileiro em xilogravuras, gravuras em metal, litografias e objetos. Aos poucos, a galeria mudou o perfil, divulgando também pinturas e esculturas. Há cerca de quatro anos passou a ser apenas de Marcia, que é a representante exclusiva de Franz Krajcberg no Rio, além de promover exposições de artistas como Rubens Gerchman, Artur Luiz Piza, Luiz Áquila, Ascânio MMM e João Carlos Galvão. Na parededo living um trabalho de Krajcberg dos anos 70, da série Sombra. Foto: Kitty Paranaguá/Divulgação  O apartamento da marchand, decorado pelo designer e arquiteto Sergio Rodrigues, é uma viagem no tempo. Projetado no começo dos anos 70, conserva várias características daquela época. "O estilo saiu de moda, voltou e agora não sei se está saindo ou entrando de novo. Tenho tudo daquele tempo... Só me desfiz da poltrona Mole, que dei para o meu filho, porque ele queria muito", explica. Casada por 20 anos com um dos colunistas mais festejados do Rio, o jornalista Zózimo Barrozo do Amaral, já falecido, Marcia teve Fernando, que mora em São Paulo com a família. O filho editou um livro sobre o pai, Zózimo - diariamente (EP&A), que conta a história da coluna diária por ele mantida em dois jornais. Marcia também deu alguns passos na editoração, lançando um título sobre Krajcberg, Natura e Revolta (GB Arte/Marcia Barrozo do Amaral). Se não tivesse galeria, ela bem que poderia convidar os clientes para se extasiarem com as obras de arte acumuladas em seu apartamento de 200m², em Ipanema. O living foi dividido em dois planos, como se fazia na época, e a própria estrutura forma bancadas e sofás, tudo coberto por carpete. "Nos anos 70, a decoração era convencional, tinha muito revestimento nas paredes, muita forração", lembra Marcia. "A minha era moderna e eu gosto dela. Vou trocando cortinas e tapete, mas os móveis são os mesmos." Os mesmos e eternos clássicos, como a mesa Saarinen (a partir de R$ 5.600, na Forma) e as cadeiras Tulipa, ambas de Eero Saarinen, além das poltronas Wassily, de Marcel Breuer (R$ 2.700 cada uma, idem). Freqüentam suas paredes e mesas um mix de fazer inveja, a começar pela enorme escultura de Krajcberg (relevos em papel a partir de R$ 10 mil, na galeria de Marcia), da série Sombra, que domina uma das paredes, além de trabalhos dos artistas Iole de Freitas, Anna Letycia (gravuras a partir de R$ 1 mil, idem), Eduardo Sued, Roberto Magalhães e Scliar. Chama a atenção uma pintura sobre painel de madeira de John Nicholson, retratando Marcia nos anos 80. Mas quer ver a marchand triste? É quando descobre que as obras compradas por arquitetos e decoradores na galeria não se encaixam na decoração de uma casa. "A ambientação não deve interferir na obra de arte, deve ressaltar a sua beleza", acredita. E beleza é o que não falta no seu universo particular. Cama, na diagonal O apartamento original, de quatro quartos, foi reformado para tornar um deles closet. Outro dormitório se transformou em escritório acoplado ao living, separado por uma porta de correr, onde a estante tem painéis forrados de couro, que podem ser deslocados ao longo do móvel. Couro também reveste, em tiras, as bancadas do living onde a proprietária "esconde a bagunça". Já o quarto da moradora tem ambientação semelhante a de algumas obras que enfeitam a casa: a cama aparece na diagonal e a cabeceira tem um aparador da mesma cor e forração da parede. Hoje Marcia não tem mais tempo para se dedicar às artes plásticas. "Fazia obras geométricas em vários materiais, mas não consigo mais conciliar o trabalho na galeria com essa atividade", admite.

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