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Releitura de móveis antigos atendem às necessidades da casa atual

O lar se reinventa e, em nome do conforto, ganha uma abordagem mais despojada e descontraída

Por Marcelo Lima
Atualização:
Da Dona Flor Mobília, cadeira com estrutura metálica, em estilo retrô,resistentes ao tempo, desenhada por Bruno Faucz Foto: Marcos Fertonani

Vivemos, por certo, tempos de incerteza. O cenário pós-pandemia, as mudanças climáticas, a poluição dos oceanos são hoje desafios comuns a todo o planeta. Último refúgio – idealizado ou possível –, a casa se reinventa e, em nome do conforto, ganha uma abordagem mais despojada e descontraída. Mas também móveis mais bem adaptados ao nosso momento. Mais fluidos, mais leves e, na esperança de dias melhores, abertamente inspirados no passado.

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“Nessa coleção resolvi investigar nossa memória afetiva. Não estou indo ao encontro de formas surreais, pelo contrário. Estou buscando shapes inaugurais, que remetem aos nossos primórdios. Estou atrás de pureza, não de complicação”, conta a arquiteta e designer Patricia Anastassiadis, diretora criativa da Artefacto, (artefacto.com.br), que, em sua última coleção para a marca, entre outras criações, resolveu revisitar a clássica cadeira de praia dobrável e com estrutura metálica.

Mais aprazível, tranquilo e, sobretudo, sob controle, o passado, que ciclicamente ressurge no mundo das artes, tem se revelado nos últimos tempos um porto seguro também para designers de todo o mundo. E, ao que tudo indica, razões não faltam para tanto. Afinal, se as expectativas do futuro não são lá tão animadoras, por que não transportar a imaginação dos consumidores para dias que ficaram para sempre gravados na memória?

Poltrona Breeza, dePatriciaAnastassiadis para aArtefacto, com apoio de nuca, pernas dobráveis e assentos com gomos Foto: Salvador Cordaro

“A Breeza traz detalhes de época como o apoio de nuca, as pernas dobráveis, os assentos com gomos. Eles não são propriamente novos, mas continuam a proporcionar um excelente custo-benefício. Logo, por que não resgatá-los?”, argumenta Patricia que, apesar da releitura, acredita ter concebido um móvel plenamente adaptado às necessidades contemporâneas.

“As fronteiras hoje se dissiparam, se misturam, não há mais limites entre dentro e fora de casa. Não pensei essa poltrona para que ela tivesse uso interno ou externo. Ela pode estar na sala, numa varanda semicoberta, a céu aberto. Penso que as pessoas desejam cada vez mais essa itinerância, esse poder carregar os móveis de um lugar para outro, sem maiores dificuldades”, acredita ela. 

Outro admirador da leveza proporcionada pelo metal na produção de mobiliário, o designer catarinense Bruno Faucz também optou pela estrutura metálica para compor uma outra coleção de inegável apelo retrô: a Doc, para a Dona Flor Mobília (donaflormobilia.com). “Diria que são móveis camaleônicos. Espreguiçadeiras, poltronas e cadeiras que resistem bem ao ambiente externo, a chuvas e trovoadas. Mas nada impede que elas também possam compor projetos de interiores”, afirma Faucz.

E não se trata apenas do alumínio. “O fio metálico respondeu bem sob todos os aspectos. Por meio da simples solda, ele pode dar origem a uma estrutura rígida o que, além de economizar material, pode dar origem a belíssimas formas orgânicas”, explica Roberto Palomba, que assina, ao lado da mulher, Ludovica, a linha de móveis anfíbios (para uso interno ou externo) En plein air para a Kartell italiana (kartell.com).

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Da Kartell, poltrona esofá deRoberta eLudovicaPalomba, que transparência e linhassinuosas Foto: Kartell

A gigante italiana dos móveis plásticos que este ano surpreendeu ao apresentar no mês passado, durante o supersalone de Milão (salonemilano.it), uma coleção de mobiliário – uma cadeira com braços, uma sem, uma mesa, uma poltrona, um sofá e uma mesa lateral. Todos, de uma forma ou de outra, evocando as antigas cadeiras de jardim, com sua transparência e suas linhas sinuosas.

“As almofadas impermeáveis que acompanham os móveis, ampliando o conforto dos usuários, são feitas de um tecido inovador, derivado de garrafas recicladas e outros resíduos de PET. É importante notar que criamos móveis que nos falam à memória. Mas nem tudo neles é passado”, pontua Ludovica.

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