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Reforma valoriza a vista privilegiada de Salvador

Diante de um dos cartões-postais da cidade, projeto do arquiteto Sidney Quintela investe em luz e transparência

Por Marcelo Lima
Atualização:
A distribuição paralela dos móveis induz à visualização da paisagem da Baía de Todos os Santos Foto: Xico Diniz / Divulgação

Não seria exagero associar a essa reforma a ideia de desconstrução. Menos, por certo, no sentido de demolir o que havia sido construído. Mas, sim, no de desmontar, de investigar a fundo o espaço existente para aprimorar suas potencialidades e, na medida do possível, contornar suas deficiências. No caso, uma rígida separação por ambientes e uma praticamente ausente integração entre eles.

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“O apartamento oferecia uma vista generosa para uma das locações mais fantásticas da cidade – o Porto Trapiche, em plena Baía de Todos os Santos, em Salvador –, mas, ainda assim, contava com uma única entrada de luz e ventilação. Lidar com essa aparente contradição foi a base da nossa intervenção”, considera o autor do projeto, o arquiteto baiano Sidney Quintela.

Como ponto de partida, uma clara constatação: a abolição de paredes internas por lá não se resumia a uma mera questão estética, mas havia se transformado em uma real necessidade de projeto. “Nosso maior desafio foi dotar os ambientes de melhores condições de luminosidade e evitar que eles sugerissem aperto”, descreve o arquiteto. “Menos alvenaria. Maior leveza e transparência: essa era a nossa meta.”

Não que à primeira vista a ideia não tivesse enfrentado uma certa resistência por parte do morador do imóvel – um jovem empresário, recém-separado, com dois filhos –, que já estava acostumado a viver em um apartamento mais compartimentado, com ambientes claramente delimitados, como o seu closet e a suíte master. De fato, a perspectiva de viver em um loft lhe atraía. Mas desde que essa “memória” fosse conservada. 

Assim, desconsiderando por completo a planta original, Quintela eliminou as divisões internas. A cozinha, por exemplo, foi integrada à área de refeições, o que representou um bem-vindo aumento da área social do apartamento. Da configuração original, apenas o sanitário de serviço foi preservado da integração. Além, claro, das dependências do proprietário. 

Nelas, como grande trunfo, o arquiteto optou por empregar venezianas de madeira como divisórias. Mas isso, apenas entre ambientes onde a privacidade se fizesse realmente necessária e, ainda assim, de forma não definitiva. “Uma vez abertas, elas permitem que a luz e a ventilação se propaguem por todo o apartamento. Quando fechadas, elas proporcionam o nível de vedação ideal para quem, apenas eventualmente, não está sozinho”, resume ele.

Uma vez satisfeitas as condições de bem-estar pessoal, a escolha dos revestimentos teve por base outra exigência do empresário: a facilidade de manutenção, traduzida por materiais duráveis e mais fáceis de limpar. 

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“Utilizamos basicamente a madeira – presente na maioria dos móveis –, para aquecer a ambientação, e o porcelanato imitando cimento queimado, para imprimir um certo aspecto de rusticidade”, explica Quintela. 

Nas áreas molhadas, como os banhos, pastilhas brancas recobrem as paredes, sugerindo amplitude e acentuando a luminosidade. 

Econômica, a cartela de cores investe em tons neutros. Fendi nas áreas sociais, preto na cozinha. “Nada que se confrontasse com o gosto discreto, masculino do morador”, diz.

Como, apesar de não parecer, o apartamento conta com uma metragem reduzida 100m2 a decoração evitou móveis e ornamentos em excesso. “São poucas peças, sim. Mas, em se tratando de design e qualidade, posso garantir que são de alto valor agregado”, brinca o arquiteto.

 

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