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Reaproveitar, o lema de Maristela

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Por Redação
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Há cerca de cinco anos, a colombiana Ana María Páez veio para São Paulo, transferida pela empresa do setor de fragrâncias em que trabalha. Na época, alugou um apartamento de 154 m² nos Jardins. Quando soube que a locatária era decoradora, fez algumas perguntas sobre onde poderia comprar uma peça ou outra. "Depois, decidi contratá-la, porque viajo muito e estava sem tempo para ajeitar a casa. Ao ver seu portfolio, descobri que se tratava da mesma pessoa cujo trabalho eu vira numa revista especializada e tinha admirado", conta. A profissional era Maristela Gorayeb, que redecorou sua casa ao gosto da cliente, uma apreciadora de móveis usados. Em 2006, a decoradora resolveu vender o apartamento e Ana teve de procurar outro para morar. "A idéia era mudar para um lugar de iguais proporções, principalmente porque eu não queria me desfazer dos móveis", conta. Mas não teve sucesso na busca: os apartamentos semelhantes nos Jardins estavam em mau estado. "Acabei abrindo mão do bairro e do tamanho e aluguei o apartamento de uma amiga, na Vila Madalena." Peças boas de cara nova O problema, porém, era a área do novo endereço: 50 m². E o desafio, decorá-lo, preservando alguns itens caros à moradora, como a cama, o móvel-bar do estar e a sala de jantar - todos restaurados. "Acho importante e correto dar cara nova a peças boas e, sempre que um cliente muda de casa e me chama, procuro reaproveitar o que for possível. No caso da Ana María, meu trabalho foi levar o que coubesse num lugar tão pequeno", explica Maristela. O apartamento de dois quartos (um deles incorporado à sala) estava bem conservado e não precisava de reforma. Mas o piso de carpete de madeira escuro diminuía os ambientes. A decoradora sugeriu pintá-lo com tinta epóxi branca. "A princípio eu não estava segura, pois achava que a manutenção seria complicada..., mas ficou lindo", conta Ana. De fato, o piso branco dá a sensação de que os ambientes são maiores do que parecem - impressão reforçada pelos móveis pequenos. Bom exemplo é o sofá de dois lugares estilo anos 40/50, revestido de veludo furta-cor. O assento profundo faz com que pareça maior. Ele fica de frente para um par de poltronas com estrutura de jacarandá (da Sônia Montiani Século XX, em média R$ 2.500 cada uma). Os estofados estão sobre o tapete de lycra e ráfia desenhado por Maristela e executado pela A Casa dos Tapetes Manuais (R$ 330 o m²). "Mandei diminuir o tamanho para caber na sala", diz. Uma peça que a moradora fazia questão de preservar era o móvel-bar próximo do sofá. Nas costas da peça antiga (Fred Móveis), há fotos de Ana com amigos e familiares. "Quando decorei sua primeira casa, Ana pediu um mural de fotografias. Para as imagens coloridas não brigarem com o desenho do móvel, mandei ampliá-las em sépia." Na sala de jantar, a mesa foi criada por Maristela com um pé de jacarandá, encontrado literalmente largado ao sol e à chuva num ferro- velho em Mogi das Cruzes. Restaurada, a estrutura ganhou tampo de madeira pintada com epóxi branco e cadeiras também reformadas. "Tinham encosto estofado e, para combinar com o pé da mesa, troquei as almofadas por ripas de jacarandá", destaca. Para arrematar, dois móveis espelhados, com gavetões, substituem o tradicional aparador. O espaço ainda conta com um grande espelho veneziano e uma cortina colocada junto ao corredor de entrada, feita com fitas de diversas larguras e com pingentes de antigos lustres de cristal na ponta. A proprietária do imóvel tinha transformado um quarto em home office integrado à sala, derrubando a parede. Quando Ana foi morar lá, o espaço virou saleta de TV e quarto de hóspedes. Recebeu a cama turca de ipê desenhada por Maristela (executada pela Marcenaria Magal) que ficava na sala do apartamento dos Jardins. O móvel da TV foi feito com partes reaproveitadas da estrutura da bancada que era do home office. E para dar privacidade a quem dorme ali, há uma cortina de gaze de algodão com trilho afixado no teto - na hora de dormir, basta fechá-la. Outro xodó da moradora, a cama de viúva comprada em loja de móveis antigos (modelo semelhante, cerca de R$ 1.200 na Fred Móveis) encaixou perfeitamente no pequeno quarto. Os criados-mudos com gavetas e tampo de espelho eram usados como mesas de apoio da sala do outro endereço de Ana. "Adorei o resultado porque mantive os móveis de que gosto, o apartamento conta com boa distribuição e não me sinto apertada. E tenho até varanda, que não tinha nos Jardins, diz a proprietária."

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