Pelo mundo: visitantes estrangeiros comentam a DW! 2019

Colômbia, Estados Unidos e Itália foram alguns dos países que marcaram presença durante a Design Week

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Foto do author Ana Lourenço
Por Ana Lourenço
Atualização:
Cadeira Kanaa, que significa desenho na linguagem da comunidade colombiana Wayuu. Trabalho dos artistas da &LAR Foto: &LAR

Apesar de contabilizar menos de uma década de vida, a Design Week de São Paulo já desperta a atenção de uma vasta comunidade de profissionais de fora do País. Este ano, aliás, a semana registrou seu maior número de participantes internacionais até então, tanto considerando os visitantes de mostras e lançamentos, quanto os palestrantes em conferências e encontros espalhados por toda a cidade. 

Do Brasil, alguns deles dizem conhecer o trabalho dos famosos irmãos Fernando e Humberto Campana. Outros, se dizem inspirados pela metrópole paulistana e, há ainda aqueles que se confessam fascinados pela maneira, quase artística, de se fazer design no Brasil, em especial, tendo a madeira como matéria-prima. Para conhecer um pouco deste olhar sobre a nossa produção, o Casa ouviu quatro profissionais que relatam suas experiências na DW! paulistana. Confira:

Um dos criadores da &LAR, Ramon Laserna Foto: &LAR

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América Latina

Com o tema “Soy Loco por ti, América”, a 7ª edição da feira MADE (Mercado, Arte, Design) apresentou o trabalho de diversos estúdios de design do continente. Entre eles, os colombianos do estúdio &LAR, do artista plástico Ramon Laserna e da arquiteta e a decoradora Alexandra Larsen, que trouxeram para o festival cadeiras inspiradas na cultura da comunidade Wayuu, através de uma releitura contemporânea.

É justamente essa inspiração que justifica o forte colorido dos trabalhos da &LAR: “Sempre tentamos fazer com que a cor e a linha se combinem de forma orgânica, e é isso que cria o entrelaçado de cores com padrões, que transformam a nossa cadeira”, conta Laserna.

Visitantes de primeira viagem, a dupla se encantou pela cidade e pelo trabalhos artesanais aqui apresentados. “O Brasil sempre foi muito vanguardista em sua arquitetura. Assim, acredito que São Paulo, de forma geral, nos inspirou muito”, afirma Laserna. Entre as obras brasileiras, duas se destacam como as favoritas deles: o trabalho do designer Leo Capote e, claro, os internacionalmente famosos Irmãos Campana. "Inspiradores", finaliza.

Uma das criadoras da &LAR, AlexandraLarsen Foto: &LAR
A consultora Andrea Soria Foto: Herman Miller

SP cultural

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Andrea Soria, consultora da marca americana Herman Miller, participou do Congresso Internacional de Designers de Interiores (CONAD) com uma palestra sobre ergonomia e tecnologia no design corporativo.

Durante a sua primeira visita à capital paulista, Andrea se impressionou com o design da cidade. “Eu nunca havia visto tanta arquitetura modernista junta em um só lugar. São Paulo respira cultura! As pessoas não estão atrás, somente, de checar a finalidade dos objetos. Elas querem participar, querem aprender”, conta.

Para finalizar, a consultora comentou sobre a responsabilidade, por parte dos designers, de melhorar as comunidades em que estão inseridos, e teve uma visão otimista do trabalho brasileiro para o design de interiores empresariais. “Eu acredito que o Brasil tem uma estratégia de local de trabalho muito eficiente e humana, com menos separações e mais contato com o outro. Diferente de outros lugares da América Latina”, explica.

Cadeira Cosm, da Herman Miller, assinada pel escritório Studio 7.5 Foto: Herman Miller
Detalhe de sua instalação "Firefly Lamp", ou Vagalume, em português, criado por ele em 2008, e reeditado para o evento. A peça conecta a fauna e flora do Brasil com as fábulas das fazendas dos Estados Unidos Foto: Maureen Coleman

Beleza natural

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Eleito o designer do ano pelo BOOMSPDESIGN, Harry Allen se mostrou impressionado com a qualidade dos trabalhos brasileiros na área. Segundo ele, a beleza dos objetos locais decorre do bom uso de materiais naturais e nacionais. “Nos Estados Unidos, os trabalhos são muito remotos e mecânicos. Já, aqui, é possível construir produtos manuais de alto nível, com preços acessíveis e que traduzem a essência nacional”, considera ele.

O trabalho, especialmente dos jovens, impressionou o profissional. “São muitos os que valorizam o Brasil e os detalhes dos materiais. Isso é muito interessante, pois claro que é maravilhoso, para o designer, expor o seu trabalho internacionalmente e ser reconhecido pelo mundo. Mas é incrível poder visitar uma cidade e conhecer o design e os artesanatos locais”, reflete.

O designer nova-iorquino Harry Allen Foto: Maureen Coleman
O italiano Gabriele Chiave, que assina a coleção Foto: Natuzzi Itália

Conexão emocional

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Convidado para apresentar a sua nova coleção Agronomist, para a Natuzzi, o diretor de arte do Studio Marcel Wanders, Gabriele Chiave, se disse impressionado com a maneira que o design está se desenvolvendo no Brasil por meio de peças atemporais e emotivas. “Acredito ser esse o ponto de conexão de meu trabalho com a DW!. Procuro sempre construir produtos em sintonia com seus territórios e, justamente por isso, capazes de conectar as pessoas com suas mais profundas lembranças. Assim, acredito ter trazido um pouco do sabor italiano para o banquete brasileiro que foi servido esta semana em São Paulo”, afirma.

Chiave relembra que a marca deve vender, além dos produtos, o território do qual ela pertence. “Por isso quis relembrar a região da Itália sede da Natuzzi que é extremamente rica em natureza e materiais. Então, o que fizemos foi trazer esses elementos à tona, relembrando, assim o seu passado e sua cultura”, reflete.

Carrinho traz o marrom quente da terra recém-cultivada Foto: Natuzzi Itália
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