Passeie pelos destaques da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2021

Bienal deste ano tem exposições de 61 países e segue até novembro; veja quais são as mais faladas até agora

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Por James Tarmy
Atualização:
Instalação no Pavilhão Espanhol da Bienal de Veneza Foto: Giulia Marchi/Bloomberg

Nos últimos 40 anos, a Bienal de Arquitetura de Veneza tem apresentado uma mistura de design futurista, propostas atraentes para inovações ambientais e tecnológicas e uma dose saudável de jargão técnico e teórico indecifrável.

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A Bienal deste ano, que deveria ter sido realizada em 2020, mas foi adiada por causa da pandemia de covid-19, é intitulada, profeticamente, "Como vamos viver juntos?". Ela conta com exposições de 61 países que são mostradas principalmente no Pavilhão Central dos Giardini, um parque no lado sul do distrito de Castello, em Veneza.

O evento, organizado pelo curador deste ano, Hashim Sarkis, reitor da Escola de Arquitetura e Planejamento do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), preenche o Pavilhão Central dos Giardini e o vizinho Arsenale, um enorme labirinto de antigos edifícios de fábricas.

Algumas das exposições mais impactantes são de países que encomendam e projetam pavilhões como uma forma de melhorar a percepção pública a respeito deles.

A Bienal começou em 22 de maio e segue até 21 de novembro.

Marco arquitetônico

A instalação dos Estados Unidos, com curadoria de Paul Preissner e Paul Andersen, ambos professores da Universidade de Illinois em Chicago, é intitulada American Framing (Estrutura Americana) e explora o uso de estruturas de madeira na arquitetura norte-americana. "Ao dedicar toda a exposição às estruturas de madeira - a grande base esquecida da arquitetura americana - nossa apresentação na Bienal deste ano enaltece uma forma de construção frequentemente rejeitada ou ignorada", disse Preissner em um comunicado.

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A exposição acontece dentro do pavilhão dos EUA; do lado de fora, os curadores construíram uma fachada de quatro andares em escala real, usando estruturas de madeira que os visitantes podem escalar e explorar.

Visão política

Muitas das apresentações têm uma tendência incontestavelmente política. O Garden of Privatized Delight (Jardim dos Prazeres Privatizados) do pavilhão britânico, com curadoria de Manijeh Verghese e Madeleine Kessler, destaca as barreiras crescentes entre as políticas públicas e os espaços públicos do Reino Unido.

Os visitantes percorrem uma série de instalações fantásticas que revelam a seriedade do exercício intelectual. A exposição, escrevem os organizadores, "pede novos modelos de espaços público-privados em cidades por todo o Reino Unido. Isso desafia a polarização do privado e do público, o que muitas vezes leva a divisões dentro da sociedade".

Museu Aero Solar, instalação argentina, feita com sacolas plásticas recolhidas da natureza Foto: Giulia Marchi

Em uma instalação no Pavilhão Central, projetada pelo artista plástico Tomás Saraceno em colaboração com pesquisadores de meteorologia do MIT, os visitantes podem entrar em uma escultura flutuante inflável que se eleva no ar sem o uso de combustíveis fósseis. Intitulada Museo Aero Solar Reconquista e criada em Buenos Aires, a obra é uma das dezenas ao redor do mundo feitas por comunidades que "resgatam" sacolas plásticas usadas para criar seus próprios balões.

Escolhidos em concurso

Às vezes, o conteúdo fica em segundo plano em relação à própria instalação.

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Na exposição do pavilhão espanhol intitulada Incerteza, os quatro curadores do projeto criaram uma “nuvem” composta por pedaços de papel produzidos a partir de vários projetos de arquitetura.

Seus organizadores foram escolhidos por meio de uma competição aberta ao público, ao contrário dos participantes convidados da maioria dos pavilhões. O objetivo da instalação, eles escrevem, é atuar como "um repositório de estratégias para nossa convivência - uma fonte inesgotável de incertezas que funciona como um banco de dados para o resto do pavilhão."

Disputa de terra indígena

Diminuindo as fronteiras entre escultura e arquitetura, o grupo chileno Elemental construiu uma versão das estruturas historicamente usadas para negociações pacíficas entre inimigos.

A estrutura foi inspirada na violência contínua entre os indígenas mapuches e o governo chileno, que há muito disputam terras e recursos.

Como vamos viver juntos?

Muitos dos pavilhões interpretam literalmente a questão levantada pelos organizadores da Bienal. Com curadoria do Museu Nacional da Noruega e projetada pelo escritório de arquitetura Helen & Hard, a instalação do pavilhão nórdico é um protótipo de um projeto de coabitação em que vários serviços são compartilhados.

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Bienal de Arquitetura de Veneza ocorre no momento em que Itália suspende as restrições de quarentena para viajantes que chegam de países da União Europeia, Grã-Bretanha e Israel. Foto: Manuel Silvestri/Reuters

O pavilhão é dividido em seções, com alguns espaços de trabalho e alimentação compartilhados e quartos privados e semiprivados para dormir, relaxar e brincar.

O pavilhão belga, com curadoria do arquiteto Dirk Somers da Bovenbouw Architectuur, apresenta uma cidade fictícia, embora "reconhecível", que pergunta: "Como a cidade e a arquitetura podem florescer juntas?".

É uma questão cada vez mais urgente: preservacionistas, planejadores urbanos, construtoras e governos estão lutando para criar moradias, espaços verdes e transporte suficientes para os centros urbanos do mundo. Somers sugere uma combinação de reutilização adaptativa e novas construções, todas as quais, dizem os organizadores, "contribuem para uma cidade pavimentada, porém equilibrada".

Os arquitetos Pierre Alain Trévelo e Antoine Viger-Kohler, que fundaram a empresa parisiense TVK, criaram um planeta fictício que explora e documenta os efeitos da infraestrutura em uma geografia. "As transformações que elas produzem no terreno", escreveram os organizadores, "são registradas nas camadas geológicas representadas em suas três dimensões."

TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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