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O raro vem do Brasil

Exposição traz 40 peças de Gillon, Sergio Rodrigues, Tenreiro e Zalszupin

Por Beto Abolafio
Atualização:

Com os recursos computadorizados tão comuns hoje em dia, já seria complicado produzir uma tapeçaria cheia de detalhes como a exibida aí ao lado. Imagine em 1975. "Naquela época, para poder tecê-la, Jean Gillon, com sua equipe, projetava sobre a tela um slide com os estudos feitos por ele", conta Adélia Borges, curadora da exposição Sempre Modernos. A abertura é na próxima quarta-feira na loja galeria Passado Composto Século XX. Essa é só uma amostra do que promete o evento, pensado pela proprietária, Graça Bueno, para comemorar os sete anos do endereço localizado na Alameda Lorena. São cerca de 40 peças originais de época.

 

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Além de produções do romeno Gillon, também foram compiladas as do polonês Jorge Zalszupin, do português Joaquim Tenreiro e do brasileiro Sergio Rodrigues. Os dois primeiros têm seus nomes menos difundidos ainda hoje. Já os outros são ícones reconhecidos inclusive no mercado internacional. Curioso é que, dos quatro, só Sergio é daqui, embora os demais tenham sido fundamentais ao design brasileiro. Apenas Tenreiro não é arquiteto.

 

Uma perna quebrada no ano passado levou Graça, que normalmente corre mundo afora atrás de boas peças vintage - sobretudo escandinavas -, a ficar bastante no Brasil. "Acabei, nesse tempo, voltando meu olhar mais para a produção local", conta ela, que arrematou diferentes projetos feitos, por exemplo, pelo Liceu de Artes e Ofícios e pelos designers Michel Arnoult e Alexandre Rapoport, entre outros.

 

Graça queria, de início, mostrar de tudo um pouco de seu acervo made in Brazil. Adélia sugeriu, então, que a exposição fosse centrada em quatro nomes significativos dos anos 40 aos 60 - período importante para a consolidação do conceito de móvel moderno no País.

 

À parte peças emblemáticas, como a poltrona Jangada, de Gillon; a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues; o carrinho de chá, de Zalszupin; e a Cadeira de Três Pés, de Tenreiro, o público poderá conhecer móveis e objetos menos conhecidos dos autores. "É ainda a possibilidade de observar o processo criativo de cada um deles", lembra a curadora, que ressalta o caráter não meramente comercial da iniciativa. Explica-se: alguns dos itens exibidos pertencem a coleções particulares e não estarão à venda.

 

Outra característica marcante do mobiliário é o emprego, em grande parte, do jacarandá-da-bahia, madeira de tom escuro praticamente extinta. O material empresta aos clássicos atemporais um aspecto ainda maior de preciosidade, sem contar a técnica esmerada de acabamento, seja na parte de trás ou no avesso.

 

Graça pretende, ao menos uma vez por ano, abrir a loja para a divulgação do design ao grande público, assim como fazem as galerias de arte. Parece ter começado bem. Até mandou imprimir um catálogo bilíngue, assinado por Adélia Borges. Custará R$ 20.

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