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O móvel modernista em seu habitat

Com fotos de Ruy Teixeira, textos do historiador Jayme Caruso e assessoria da galerista Graça Bueno, livro apresenta o móvel do período em suas locações originais. Com a palavra, os autores

Por Marcelo Lima
Atualização:
O fotógrafoRuy Teixeira, autor das produções e fotos apresentadas no livro Foto: Divulgação
A capa do livroDesenho da Utopia Foto: Divulgação

Há muito fascinado pelo tema, sempre pareceu claro ao fotógrafo Ruy Teixeira que qualquer aproximação sua com o universo do móvel moderno brasileiro não se daria nos moldes convencionais. “Não me agradava retratar as peças como objetos isolados, isentos de referências”, comenta. Ao mesmo tempo, para o historiador Jayme Vargas, sempre interessou revelar as circunstâncias, o contexto geral em que se deu tal produção. Fruto dessa confluência de ideias, nasceu Desenho da Utopia: livro com lançamento previsto para o dia 7 de abril, no qual a dupla apresenta um painel do mobiliário produzido na época, em estreita conexão com a arte e a arquitetura. “Um enfoque, aliás, que só acentuou o caráter único de nossa produção”, pontua a galerista Graça Bueno, que atuou na identificação das peças retratadas e, ao lado dos autores, falou ao Casa.

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De onde surgiu a ideia do livro?

Ruy Teixeira:Ao retornar ao Brasil após 25 anos na Itália, fotografando design e interiores contemporâneos, sentia falta de me aproximar mais do móvel moderno brasileiro, que sempre me fascinou, mas do qual, por contingências da vida, acabei me distanciando. Discutindo a questão com o Jayme, vislumbramos a possibilidade de um trabalho conjunto e o resultado esta aí: um livro no qual reúno altares consagrados ao modernismo, onde o móvel é apresentado em simbiose com os espaços que ele habita, o que amplia sua força expressiva.

A galerista Graça Bueno, que atuou na identificação das peças fotografadas no livro Desenho da Utopia Foto: divulgação
Cadeira curvadadeespaldaralto, de1949, assinada por Joaquim Tenreiro Foto: Divulgação

Como historiador, como você contextualizou a produção apresentada?

Jayme Vargas: Menos do ponto de vista cronológico e mais do conceitual. Desde o início, sempre me pareceu importante ressaltar a vinculação dessa produção com a história do movimento moderno brasileiro. Por isso, optei por apresentar esses móveis como, de fato, acredito que eles devam ser vistos, ou seja, como veículos de expressão cultural. Também considerei importante conceituar o espaço onde eles foram fotografados – casas, apartamentos, hotéis –, onde até hoje eles estão inseridos e são atuantes.

Sua expertise na autenticação dessa produção, foi, segundo os autores, fundamental para o resultado do trabalho. Como isso se deu?

Graça Bueno: Digamos que coube a mim controlar o entusiasmo deles. Mas, por se tratarem, em sua maioria, de espaços onde até hoje muitos dos colecionadores ainda vivem, não foi difícil comprovar a autenticidade dos móveis. Procurei, a princípio, ter acesso a documentos comprobatórios e, na ausência deles, recorri à pesquisa e à observação detalhada. Confesso que algumas peças me surpreenderam pela sua qualidade de reprodução. Mas foram poucas, de forma que posso assegurar que toda a produção apresentada, além de rigorosamente moderna, é autêntica.

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O historiador Jayme Vargas, curador do volume Foto: Divulgação
Carrinho de chá, de Jorge- Zalszupin, de 1953 com tela de Mira-Schendel Foto: Divulgação
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