Nome referência no campo do design hand-made, o londrino Peter Marigold faz questão absoluta de colocar a mão na massa quando o assunto é criação. Daí a aparência rústica, casual de suas peças. Condição porém que, segundo ele, não deve ser entendido como arte aplicada.“Sou interessado no mundo dos objetos, mesmo que eles possam ser confundidos com esculturas”, conta o designer, que desembarca em São Paulo no dia 1 de março, para proferir palestra na Expo Revestir 2016, que acontece no Transamérica Expo Center. Mas, não sem antes, conceder esta entrevista exclusiva ao Casa.
Suas obras ainda hoje ocupam o espaço das galerias, mais do que o das lojas. Após transitar por tantos anos entre as duas áreas, sente seu trabalho mais próximo da arte ou do design? A muito tempo parei de ser um artista. Me interessa saber como os objetos são feitos, como são usados, como podem nos fazer sentir. Eu não penso em arte. Parto sempre de uma perspectiva utilitária. Nada do que eu faço merece ser confundido com “design art”.
A madeira sempre esteve presente em suas obras. E, mais recentemente, formas derivadas dela. O que o material significa para você? Quando você vê um pedaço de madeira, você sabe imediatamente do que se trata. Temos uma grande familiaridade com ela. Atualmente tenho me dedicado a expor as propriedades gráficas, a textura da madeira e não apenas suas características reais. Em algumas de minhas mesas não há uma única peça de carpintaria. Eles são percebidos como madeira, mas não são, necessariamente, feitas no material.
Quais são suas obras e interesses atuais? No momento, dois projetos muito diferentes:uma fachada de um novo hospital na Escócia, com 188 m de comprimento, onde estou usando tecnologias digitais muito complexas para capturar texturas da pele dos pacientes, para expô-las na fachada, como enormes detalhes macroscópicos. Além disso, estou desenvolvendo um produto para a FORMcard: uma placa de resina do tamanho de um cartão de crédito, que você pode moldar como quiser e usar para fazer, corrigir ou modificar objetos. Algo pequeno, mas muito útil.
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