Neoprimitivos

Exposição na galeria de design Prototyp&, de São Paulo, apresenta abordagem primitivo-minimalista para o desenho de móveis e objetos

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Gotas cerâmicas do Studio Neves Foto: Divulgação

Alguns dos materiais remontam ao período neolítico, como a cerâmica, o couro, a madeira. Outros, como o aço, são de extração mais recente. Ligando os dois polos, o fazer contemporâneo. Além do desenho depurado, nu, quase sempre explícito. Assim é Primitive Minimalism, exposição em cartaz na galeria Prototyp&, sob curadoria de Ricardo Gaioso.

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“A ideia principal foi apresentar a produção de designers que, a partir de materiais simples, brutos até, desenvolvem objetos contemporâneos, de alguma forma atrelados a uma raiz minimalista. Seja pelo desenho essencial, pela rusticidade ou pela ausência de acabamentos”, explica o curador, que procurou posicionar novos designers face a face com os consagrados.

Na cena armada por Gaioso, obras de arte selecionadas pela galeria paulistana Multiplique Boutique - reunindo, entre outros, trabalhos de Edgar de Souza e Marilá Dardot - surgem imbuídas da firme intenção de embaralhar as cartas. Confundir o olhar, jogando o visitante em um túnel do tempo, que vai do primitivo ao ultracontemporâneo. Na visão de designers como Zanini de Zanine e Carol Gay, mas também de muitos recém-chegados. 

Como os ceramistas do StudioNeves, Gabi Neves e Alex Hell - responsáveis, entre outros, pelas porcelanas empregadas em restaurantes como D.O.M. e o Maní -, que logo na estreia assinam uma das peças de maior impacto da mostra: um conjunto de gotas gigantes de cerâmica, de difícil definição em termos funcionais. Mas de inegável presença espacial.

Cadeira de Felipe Protti Foto: Divulgação

“No começo eles se espantaram com meu convite para participar da mostra.Ainda mais porque não conseguiam reconhecer nenhuma função imediatamente atrelada aos objetos que eu propunha. Mesmo assim decidiram ir em frente e o resultado está aí”, comenta o curador a respeito das enormes gotas, que, tendo por base uma superfície espelhada, flutuam hoje no interior da sua galeria. 

Entre as peças de mobiliário, a designer Juliana Llusá apresenta a linha de protótipos que tem feito o sucesso de sua marca há mais de 10 anos, enquanto Felipe Protti persegue seu ideal de mestiçagem. De materiais e técnicas, sem dúvida. Mas também de linguagens. “Me agrada contrapor a sensualidade da pele e do couro com a aparente frieza do metal”, comenta ele.

Além de Chestercity, sofá de couro natural e tiras de camurça, Protti levou para a exposição duas novas poltronas: uma misturando pele e metal oxidado. Outra, madeira, metal e fios tramados. “Misturar materiais é algo quase natural para mim. Toda minha produção tem como pano de fundo esse procedimento. Só sei trabalhar assim”, pontua.

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Também de produção recente, o balanço Trama, da designer Renata Moura, apresentado pelo Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, o sofá Slim, de Simone Coste, e as luminárias de Andrea Macruz (Nolii) - única brasileira convidada a participar do Salão Satélite, em Milão, deste ano - são outros dos itens em exibição que merecem ser olhados de perto, até 9 de agosto. 

Pratos cerâmicos do Studio Neves Foto: Divulgação

PROTOTYP&: www.prototypesp.com.br

Rua Harmonia, 71 - Vila Madalena

Aberto de segunta a sexta -feira, 11h às 19h, e sábado, das 13h às 19h

 

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