PUBLICIDADE

Mudando de endereço e estilo

Arquiteto Vitor Penha projeta a casa dos sonhos de um casal de Sorocaba, marcada pelo minimalismo

Por Roberta de Lucca
Atualização:

Após 32 anos de casamento, duas filhas adultas e boa parte da vida morando num apartamento decorado com mobiliário art déco (a maioria herdado de família), o casal resolveu mudar de estilo. Comprou um terreno de 340 m² no bairro do Campolim, em Sorocaba, e construiu uma casa que resume como pretendem passar a segunda metade da vida: em ambientes amplos, iluminados e com poucos móveis. A união desse ideal ao estilo minimalista do arquiteto Vitor Penha resultou em uma construção de 430 m². O maior desafio do projeto, segundo Vitor, era o terreno de 10 metros de largura e 34 metros de profundidade, com acentuado aclive. "Em vez de terraplanagem, aterramos uma parte da frente e ali foi construído um muro de arrimo que sustenta o imóvel", explica o arquiteto. Esse muro é a parede da garagem e apóia a escada que leva à casa. Como não existe porta, o arquiteto criou, na garagem, um hall fechado numa caixa de vidro que serve de porta de entrada e de saleta para receber os prestadores de serviço. Ali, parede e piso são, respectivamente, de fulget e granilite (a partir de R$ 40 o m², na Casa Franceza), materiais usados na fachada e no piso de toda a construção de dois pavimentos. "É um revestimento de fácil manutenção e tem tudo a ver com a proposta do projeto, de fazer da própria casa um elemento de destaque", explica o arquiteto. A idéia se alia aos objetivos do proprietário, que desejava morar num ambiente minimalista e apenas com os móveis necessários para uma vida confortável. "Essa é a casa dos sonhos do meu marido", diz Mara Cavadas, explicando que ele escollheu o mobiliário, todo da Forma. As peças de linhas contemporâneas se encaixam com harmonia na construção de espaços amplos e luminosos, erguida com recursos simples, mas bem explorados, como vidro, pé-direito alto e vão livre acima da sala de jantar. À esquerda de quem sobe a escada da garagem fica o living, com espaços de jantar e estar com TV. Separando os ambientes, duas colunas de concreto sustentam a passarela do andar de cima e funcionam como elemento escultórico. A passarela - de vidro e alumínio anodizado (preço sob consulta, na Epros)- é aberta nas laterais e, portanto, ali o pé-direito é duplo. As paredes brancas da ala social não têm um quadro sequer. Esquisito? Não para um casal que chegou a um momento da vida em que mais vale a experiência adquirida ao longo dos anos do que os bens acumulados em décadas. "Tudo o que temos, e é pouco, tem razão de existir. Posso até colocar um quadro, mas precisa ter motivo", diz Mara. Sala de som especial Do lado direito da escada, o projeto privilegia a luminosidade. Em vez de paredes, panos de vidro. Assim, a cozinha de gourmet integrada ao estar recebe luz natural. Com bancada de granito preto São Gabriel (R$ 260 o m², na Athenée) - acomoda fogão, cubas de inox e armários de laminado branco -, o ambiente está próximo da área de serviço e da pequena cozinha, instalada num corredor de 1,5 metro de largura e revestida de pastilhas de cerâmica Jatobá (R$ 48,25 a caixa com 2,46 m do branco Aspen, no site da C&C). Junto daquela cozinha, uma saleta com cadeiras e mesa de Mies van der Rohe (da Forma). Portas de correr de vidro, em formato de L, integram ou isolam esse ambiente do jardim. "A construção nos fundos do terreno, na área externa, abriga a suíte de uma das filhas que mora com o casal", explica Vitor. Para garantir a privacidade dela e a dos pais, a visita entra por uma entrada independente a partir da garagem. No andar superior há três suítes e sala de som - a grande paixão do proprietário. E, por se tratar de paixão, o ambiente é especial. Fica acima da sala de estar, de frente para a rua, e é todo envidraçado. Parte dele avança na fachada e, visto de fora, é um cubo espelhado que reflete o céu e o jardim que há do outro lado da rua. O acesso ao espaço é feito pela passarela com guarda-corpo de vidro, que também leva ao corredor das suítes do casal - eles dormem separados porque a mulher é notívaga e o marido, diurno. Quem presta atenção percebe que, da sala de som se vê o interior do quarto de hóspedes - uma das paredes tem caixilhos de alumínio e vidro. O mesmo recurso foi usado nas suítes do casal, de onde se avistam o jardim e os quartos do marido e da mulher. "Ficam construídos um de frente para o outro, e são separados pelo vão externo que abriga o jardim", explica Vitor. "Estamos muito contentes aqui", diz Mara, que gosta de ficar em casa e todas as tardes recebe amigos para um papo ao redor da farta mesa de café.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.