Mudança de vida

No apê dos pais, Gustavo Calazans reaproveita móveis de dois endereços do casal

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Por ROBERTA DE LUCCA
Atualização:

  Com os móveis e objetos que decoravam um apartamento no Itaim e uma casa em Aldeia da Serra, em São Paulo, o arquiteto Gustavo Calazans deu vida a uma nova moradia para seus pais, que, desde setembro passado vivem num apartamento de 164 m², em Higienópolis. "Foram dois anos de procura até encontrarmos um imóvel que pudesse acomodar um novo estilo de vida", diz ele, explicando que após 40 anos de casamento, Cristina e Felipe Calazans resolveram deixar de lado o hábito de morar na cidade de segunda a sexta-feira e no interior nos fins de semana. Ao simplificar a maneira de viver, o casal teve de abrir mão de móveis e objetos acumulados ao longo dos anos. "Fiquei só com as peças mais caras a mim. O resultado foi surpreendente, porque hoje minhas amigas veem coisas que eu já tinha e perguntam se são novas", diz Cristina. Exemplo são os lustres com cúpula fosca (da Began Antiguidades) instalados acima da bancada da cozinha integrada à sala. A distribuição dos espaços era característica de alguns imóveis construídos nos anos 50: hall de entrada com portas de acesso às alas social e íntima, copa-cozinha e área de serviços. E já que a ideia era mudar a maneira de viver, Calazans propôs um novo layout para o apartamento. De cara, eliminou o hall de distribuição, criando ampla área social - com estar, sala de jantar e cozinha integrada -, que explora o uso da madeira tanto no piso original de peroba-rosa quanto nas prateleiras e paredes revestidas de MDF no padrão imbuia jade (da Móveis Araújo, responsável por toda a marcenaria da sala). Com a derrubada das paredes que compartimentavam os ambientes a partir do hall, vigas de concreto ficaram visíveis, servindo de suporte para as prateleiras de MDF onde a moradora expõe peças de suas muitas coleções (latas, potes, bules...) - lâmpadas fluorescentes atrás de anteparos de madeira nas prateleiras destacam os objetos. E já que havia concreto aparente, o arquiteto usou o material para fazer a estrutura da bancada (com tampo de granito branco itaúnas; da Granitex, a partir de R$ 300 o m²) entre a sala e a cozinha, equipada com armários de MDF. A madeira ainda serviu de revestimento das paredes do antigo quarto de empregada (onde hoje fica o forno para a queima de peças de faiança feitas pela moradora, cuja alvenaria é vista da sala) e do painel com porta de correr - que integra ou isola a área social da íntima -, instalado onde havia o corredor de acesso aos três dormitórios. "Na lateral esquerda dessa estrutura há um armário para casacos e guarda-chuvas", conta Gustavo, que aproveitou todos os espaços disponíveis para criar armários que mal se veem (perto da cozinha, por exemplo, o arquiteto projetou, em exíguos 4,5 m², uma despensa para alimentos e guarda-louças). Dos três quartos originais, aquele que agora abriga o home theater é aberto para a sala. Dos demais, um ficou para os netos e o outro é a suíte do casal, com closet. Na decoração, a única peça comprada para o novo apartamento foi a mesa de centro quadrada Papoula (da A Lot Of, R$ 872). O restante dos móveis se distribui pelos ambientes em composições que misturam peças de família - entre elas a cadeira de balanço e o récamier revestido de tecido florido, herdados das mães do casal - e outras compradas em antiquários. "Sempre gostei de móveis e objetos de época", diz Cristina. Entre as aquisições, destaque para a mesa de jantar de madeira, de antiquário de Porto Feliz (SP). De tão usada, tem profundos cortes de faca no tampo, atestando sua originalidade. A palavra, aliás, é acertada para definir essa morada: um apartamento de atmosfera original, daqueles em que se sente à vontade dada a quantidade de coisas que revelam os anos bem vividos dos moradores.

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