Mostras de decoração infantil valorizam autonomia das crianças

Muskinha e Ateliê Baobá investem em mostras para inspirar pais a elaborar quartos funcionais, lúdicos e bonitos

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Por Ana Lourenço
Atualização:
Ambiente Urbano Natural,da arquiteta Beatriz Quinelato, para a mostra Casa Muskinha, edição Nature Foto: Priscila Furuli

Há quem diga que o melhor lugar da casa é aquele que mais usamos ou aquele que nos sentimos mais confortáveis. Para as crianças, esse lugar costuma ser o quarto.  Por isso mesmo, ele deve ser pensado como um espaço seguro, aconchegante e que ajude a desenvolver o potencial criativo e a independência da criança.“Quando a gente faz um quarto infantil, precisa pensar nele para a criança e não para um adulto”, explica Amanda Chatah, fundadora da marca Muskinha, que faz mobiliários infantis inspirados no método Montessori. Para inserir o material da sua loja em ambientes modernos e inspirar os clientes, Amanda lançou a mostra Casa Muskinha, que abre as portas para o público hoje, 19, a partir das 14h.

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De acordo com o método montessoriano, pensado pela educadora Maria Montessori, o adulto deve ser apenas um facilitador, fazendo a ponte entre a criança e a descoberta. Assim, os objetos do quarto devem ser posicionados na altura dos pequenos e ter uma estética minimalista, permitindo espaço para a criação e a brincadeira. “O método traz realmente um lugar seguro para criança explorar: uma cama que ela mesma pode subir, uma estante que ela pode pegar o livro e guardar de volta, um local onde os brinquedos são de fácil acesso. É o tal do ‘ensinar a pescar’”, diz Amanda. 

O local, de 320 m², foi escolhido a dedo por Amanda e seu marido, José Neto, também sócio da Muskinha. Construído na década de 60, ele  ganhou uma reforma da arquiteta Izabella Escabeche, do escritório Decor Petit, mas o clima antigo foi mantido em evidência pela profissional para garantir as sensações de união e afeto. “Justamente por ter toda essa coisa de autonomia da criança bem forte, não poderíamos fazer uma vitrine, simplesmente. Queremos inspirar as pessoas que nos procuram, fazer com que elas tenham a experiência de compra, de deitar na cama, experimentar os móveis”, comenta Amanda. “É como se as pessoas que nos visitassem entrassem numa casa mesmo e cada espaço contasse uma história.”

Todos os oito ambientes da mostra trazem exatamente isso: aconchego e acolhimento. Seja pela paleta de cores terracota ou pela presença de objetos que tocam nossa memória afetiva, como a parede de tijolinhos. Além, claro, da natureza, tema deste ano. “O objetivo é mudar os temas anualmente, convidando outros profissionais para participar. Neste ano, o tema foi escolhido por duas linhas: o sucesso da coleção do ano passado que se chama Nature (móveis feitos de madeira natural com cera de carnaúba e palha)  e também pela importância do contato com a natureza para criança”, conta ela.

Ambiente Espaço Montessori, do escritório Fabular para a Casa Muskinha Foto: Priscila Furuli

O paisagismo do imóvel foi pensado por Janayna Albino, à frente do escritório Jardinería Paisagismo. Segundo ela, o projeto tem o objetivo de transmitir sensação de calma, equilíbrio e positividade, e por isso foram escolhidas flores de cores claras, como lilás e branco, pedriscos, além de aromas de ervas e temperos.

No ambiente Urbano Natural, da arquiteta Beatriz Quinelato, por exemplo, diversas espécies decoram a estante superior à cama no intuito de contrapor o protagonista do ambiente: a cama de ferro Muskinha. “O quarto foi idealizado para transmitir consciência ecológica às crianças por meio dos elementos naturais e da simplicidade”, explica a arquiteta. Inspirada pelo estilo boho, que preza por texturas, cores e peças vintage, o ambiente conta ainda com um balanço, lustres de palhinha e pintura de meia parede em tons de laranja.

Uma novidade proposta pela Muskinha para cada ambiente são peças exclusivas criadas pelos profissionais para compor seus espaços - as quais foram integradas ao portfólio da marca. No caso de Beatriz, a linha de quadros bordados à mão, com pinturas em aquarela assinada pela arquiteta. 

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Conto de fadas

Outra marca que desde o ano passado investe em mostras de decoração para ambientar seus objetos é o Ateliê Baobá. A marca cresceu e foi criada na internet por Juliana Franco, e, por esse motivo, decidiu que a mostra Ateliê Baobá: Decoração com Propósito também deveria ter formato digital. “A ideia de uma mostra digital veio antes da necessidade de ser digital. Como a marca sempre foi online, pra mim não tinha como ser diferente”, diz Juliana. A ideia veio a calhar. Afinal, em tempos de pandemia, o que é melhor do que uma mostra que você pode ver do conforto da sua casa e ainda facilitadora de compras? “No digital as pessoas têm todas informações em um clique. É um clique pra eu conseguir materializar essa compra”, diz ela.

Ambiente inspirado na história 'Enquanto Seu Lobo Não Vem' na mostra digital doAteliêBaoba Foto: Nicole Moas

Além da facilidade, a mostra tem o objetivo de servir como fonte de informação para os pais e educadores, uma vez que tem ambientes e móveis pensados no desenvolvimento infantil - seja ele físico-motor, cognitivo, emocional ou social. Para representar essa importância, o evento deste ano traz o tema “Era uma Vez”, com contos especialmente criados pela escritora e educadora Cristiane Velasco. “Levei em consideração tanto a função pedagógica quanto os produtos do Baobá”, explica ela, que abordou temas como medo do bicho-papão, ciúmes dos pais, competição entre irmãos e amigos imaginários. “Muitas histórias carregam falas que eu ouvi da boca de crianças. É a fantasia a partir da experiência vivida”, conta Cristiane. 

Com esse material em mãos, dez arquitetas convidadas projetaram ambientes que serviram de cenários para os contos. Com tudo pronto, foi feito também um livro e vídeo animado para cada ambiente, com ilustrações da designer Mariana S. Gomes. Assim, enquanto as historinhas aproximam as crianças para o evento, a visita 360º dos ambientes ajuda os pais a se inspirarem. “Eu sempre brinco que conto história para crianças de 0 a 100 anos. É para criança, mas também para que o adulto possa acessar esse estado de infância”, diz Cristiane.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

A primeira edição, ao invés de histórias, contou com a análise da psicóloga e pedagoga Elizabeth Monteiro para cada ambiente. Em ambas, o foco era na primeira infância, do nascimento até os 6 anos. Cada etapa, de acordo com as profissionais, exigem necessidades e estímulos diferentes e por isso devem ser bem pensadas. 

De acordo com a fundadora da mostra, a ideia é que ela seja um processo anual, sempre mudando as parcerias entre arquitetos, os temas e as instituições beneficiadas. “Cada ano eu escolho uma ONG - que atende crianças e que de certa forma esteja relacionada ao tema - e incentivamos a doação. A mostra é gratuita, mas quem puder contribuir é muito bem vindo. Por ser uma mostra com propósito, queremos instruir, trazer conteúdo e ajudar, tanto com a informação quanto financeiramente quem precisa”, divide ela.

E como as mostras ficam eternamente online (na mesma página é possível ver a edição do ano passado e deste ano), a opção de doar para as ONGs anteriores continua ativa. Além, claro, de todo conhecimento e ideias compartilhadas nas outras edições. “A ideia é que o site se torne um canal de consulta onde a pessoa consegue encontrar explicações e exemplos visuais de como aplicar aquilo na decoração”, diz Juliana.

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Ambiente das arquitetas Carolina Vilarino e Simone Fagundes inspirada na história 'Menino Voador' Foto: Studio Adoleta

Saem os quartos temáticos, entram os atemporais 

A moda dos quartos temáticos está com os dias contados. O legal atualmente é investir em ambientes com bases atemporais e peças decorativas que se adaptam a idade das crianças, sem deixar de lado o lúdico e a setorização. Dentre os cantinhos mais comuns no quarto estão: um para estudar, um para brincar e outro para descansar. O cuidado, além de ajudar os pequenos a aprender sobre organização, faz com que ela se dedique melhor a cada uma das atividades, especialmente hoje em dia que elas são submetidas a excesso de informações por todos os lados.

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“Nichos, prateleiras e baús sempre estão na listinha. Cada centímetro do quarto é pensado, sempre tentando trabalhar a otimização do espaço e o lado lúdico”, conta a arquiteta Carolina Vilarino do Studio Adoleta que, em parceria com a arquiteta Simone Lescher Fagundes, assina o ambiente Menino Voador, da mostra Ateliê Baobá. 

Considerar atrativos como escalada, escorregadores e almofadas espalhadas, por exemplo, faz com que a criança queira passar mais tempo dentro do quarto. E para o caso de quarto de irmãos, saber demarcar esses espaços ajuda a afirmar a identidade de cada um, ao mesmo tempo que cria o ambiente neutro como espaço para brincarem juntos. Tal como foi feito no ambiente da arquiteta Nicole Moas. “É muito legal a gente ver que nos últimos tempos os pais estão com essa preocupação. Em qualquer lugar a criança vai se desenvolver e ter estímulo, claro, mas quando os elementos são bem pensados, você dá mais liberdade e autonomia, com segurança para a criança”, diz Juliana.

Como decorar um quarto infantil?

Singularidade

Lembre-se que o quarto é para o seu filho. Tenha certeza de que elementos favoritos dele sejam incluídos no local. É importante levar em conta também se a criança é alérgica ou não para usar tapetes felpudos, mas sim aqueles emborrachados, por exemplo.

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Setorização

Cada coisa em seu lugar. A brincadeira é tão importante quanto o descanso e o estudo, mas é preciso entender que existe um lugar para cada uma dessas atividades. Caso não seja possível montar um quarto da bagunça ou dos estudos na sua casa, setorize o mesmo ambiente com letreiros ou móveis autoexplicativos, como uma escrivaninha.

Enquanto nichos e estantes garantem a organização do ambiente, cordas e balanço criam atrativos paraos pequenos Foto: Studio Adoleta

Atemporalidade

O ambiente pode ser pensado com uma base mais neutra e ter alguns elementos que possam ser trocados a cada dois anos, como tapetes, enxoval, quadrinhos. Papéis de paredes também são ótimas opções para uma troca rápida e profunda no ambiente.

Autonomia

Certifique-se de que os móveis e objetos sejam adaptados à altura da criança, proporcionando mais autonomia e segurança. Além disso, essa é uma ótima forma de já ir inserindo responsabilidades e organização na rotina.

Serviço: Casa Muskinha A partir do dia 19 de agosto, às 14h Endereço: Rua Humberto I, 981 – Vila Mariana

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Mostra Ateliê Baobámostra.ateliebaoba.com.br

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