Maurício Arruda, do programa ‘Decora’, dá dicas para transformar seus ambientes

De acordo com ele, é chegada a hora de nos reapaixonarmos por nossas casas

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Por Marcelo Lima
Atualização:
O arquiteto e apresentador Maurício Arruda, na sala de sua casa em Cerqueira Cesar, a poucos passos da avenida Paulista Foto: Lufe Gomes

Há cinco anos à frente do Decora, programa semanal do canal GNT, o arquiteto Maurício Arruda foi surpreendido com o anúncio da quarentena em meio à gravação da nona temporada da atração. “Já que ia ter mesmo de ficar em casa, imediatamente, decidi que deveria me dedicar a um projeto especial. Decidi, então, ler o meu livro, Decora lançado no ano passado e já em sua quarta edição, é um dos mais vendidos do segmento, franqueando o conteúdo, via internet, a todos os interessados.” 

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Com uma audiência fiel, e no ar desde 2011 – antes dele, os também arquitetos Bel Lobo e Marcelo Rosenbaum atuaram como âncoras –, o programa parte de uma fórmula simples: redecorar totalmente um ambiente, a pedido de um telespectador. “Existe todo um lado prático, mas também um componente emocional muito forte, que o programa capta muito bem”, afirma ele, que também mantém escritório próprio. 

“Qualquer obra para ser bem sucedida necessita planejamento e hoje, mais do que nunca, é chegada a hora de olhar com carinho para o espaço no qual vivemos. Observar com cuidado, tirar medidas, imaginar soluções. É chegada a hora de nos reapaixonarmos por nossas casas”, observa, em entrevista ao Estado.

Vivemos um momento em que as pessoas, em função da quarentena, estão voltando a ter um contato maior com suas casas. Como está vendo a atual fase? 

Penso que vivemos um momento especial. Apesar de tudo, estamos nos reapaixonando por nossas casas. Não me refiro nem ao home office, nem à cozinha gourmet. Mas à casa que, de uma hora para outra, tem de ser escola, academia, ateliê de pintura. Estamos frente a frente com nosso espaço doméstico e com tempo de sobra para ver o que, como e por que deve ser mudado. Ou não. É chegada a hora de decidir sobre o que fica, o que só tem de mudar de lugar, o que pode ser doado, para, só então, decidir o que precisamos comprar. O desafio é mudar de casa, dentro da nossa própria casa. Mas, de qualquer forma, é tempo de observar, de planejar, não de modificações radicais. No máximo, pequenas reformas. 

E quais seriam as mais indicadas no momento? Claro que isso depende das prioridades de cada um. Mas, de forma geral, penso que é um bom momento para mudar ou aprimorar a decoração do quarto. Observar com cuidado as cores, a luz, as condições de conforto. Trata-se de um ambiente muito importante neste momento, que exige de todos uma dose extra de equilíbrio. Além de local de repouso, é para o quarto que voltamos todos os dias para relaxar, ler, repensar valores, nos reconectar. Merece, portanto, toda a nossa atenção. 

Por que as pessoas, hoje, se interessam tanto por programas voltados à decoração de interiores, como o Decora? Por várias as razões, mas, essencialmente, porque procuram apresentar uma arquitetura mais real. Ao alcance dos olhos, do desejo, mas também do bolso e das mãos. Sim, das mãos, porque somos também reflexo do movimento “maker”, do empoderamento de um morador que, de repente, se vê em condições de executar peças de marcenaria, pintar quadros, modelar velas. A ideia é dessacralizar a decoração, mostrando que morar melhor não é algo inacessível, caro, complicado, e pode ser feito com alegria e prazer. 

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Atuar no Decora mudou a forma como encara seu trabalho? Sem dúvida. Passados uns cinco ou seis episódios, percebi que eu tinha vícios de projeto. Percebi que o que interessava, no caso, era o novo, o inédito, não exatamente a minha linguagem. Comecei a ser mais investigativo e curioso. Hoje procuro aplicar esse olhar a todos meus projetos. Aprendi que é válido trabalhar focado na história das pessoas, e menos no meu vocabulário.

Muitos sonham em viver em ambientes atraentes como os do programa. O que sugere para conseguir bons resultados?

A primeira coisa a se evitar é o medo. Este é um enorme empecilho. As pessoas, em geral, têm medo de errar e, principalmente, de gastar inutilmente. Mas é preciso experimentar. Sem isso, jamais terá uma casa que reflita quem você é. Não precisa comprar um sofá rosa, supercaro. Mas, se achar que a cor deve ser incorporada à sala, pode pintar uma parede. O gasto é muito menor e pode ser revertido facilmente, caso não fique do seu agrado. 

Por onde começar e como não errar nas escolhas? Vale a pena experimentar novas posições para os móveis, trocar quadros, rearrumar estantes, e isso não custa nada. A casa tem de acompanhar sua vida, suas viagens, seus movimentos. Tem de ser viva, não estática. Por último, um dado prático: medidas. É preciso preservar as condições de circulação, seja qual for o ambiente. Na dúvida, marque o tamanho com fita crepe no chão, avalie o resultado e, só então, parta para a compra. 

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