Marcelo Rosenbaum fala sobre prêmio de melhor edifício do mundo

Complexo 'Aldeia das Crianças' fica no Tocantins e abriga 540 crianças

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Por Marcelo Lima
Atualização:
A Aldeia das Crianças, no município de Formoso do Araguaia no Tocantins. Foto: Leonardo Finotti

O ano parece ter sido particularmente auspicioso para o  designer Marcelo Rosenbaum. Após receber em setembro o título de Professor Honoris Causa, concedido pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde se formou, ele fecha o último bimestre com uma das distinções mais rigorosamente julgadas do mundo: o RIBA International Prize, concedido pelo projeto de um complexo escolar, no norte do Brasil, realizado em parceria com o escritório Aleph Zero. “Me sinto muito honrado de ter sido agraciado com um RIBA. Este prêmio fortalece a compreensão da arquitetura como uma ferramenta de transformação social”, como ele afirmou, nesta entrevista exclusiva ao

Casa

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Como o processo pedagógico se relaciona com a arquitetura do prédio?

Nosso desafio foi mudar o conceito de alojamento para o de morada. São 540 crianças e adolescentes que moram em regime de internato na escola. O desenvolvimento do projeto se deu em esquema de co-criação de nossa equipe com os alunos e o corpo pedagógico e foi a partir desta associação que surgiu a solução arquitetônica: módulos habitacionais construídos sob um grande telhado, para abrigar até seis crianças e organizados em duas vilas, uma masculina, outra feminina. Assim, buscamos rediscutir as relações entre público e privado, reconectar as crianças às suas origens e ainda reforçar a ligação delas com seus ecossistema e entorno.

 

Porta dos alojamentos infantis. Foto: Leonardo Finotti

Os materiais empregados se relacionam diretamente com a arquitetura do edifício. Quais foram eles e por que foram escolhidos?

O ponto de partida foi o conceito do ‘ Design Essencial’, que entende a arquitetura como uma ferramenta capaz de conectar os jovens e as crianças com os saberes produzido por seus antepassados. Para tanto, procuramos criar uma ponte entre os conhecimentos ancestrais, atualizados pela ciência e tecnologia, propondo um espaço de aprendizado focado no futuro. Os tijolos de solo-cimento, por exemplo, foram fabricados na própria obra, com a terra da própria fazenda, e assentados gerando paredes vazadas, exatamente como nas casas da região. Já a estrutura de madeira laminada colada é uma solução industrializável, mas de baixo impacto. Em síntese, tudo é muito simples, mas produzido de uma forma muito sofisticada, dentro de um processo que combina tradição e inovação.

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O que esta premiação significa para você?

Muito me orgulhou fazer parte deste projeto, trabalhando, lado a lado, com as crianças e com uma competente equipe de arquitetos, engenheiros e designers. Ele me trouxe a confirmação do potencial da arquitetura como uma real ferramenta de transformação social. 

O designer e arquiteto Marcelo Rosenbaum, que assina o projeto. Foto: Loiro Cunha

 

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